quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O radicalismo inconsequente de estudantes da USP

por Jotavê, Blog do Nassif
A pior conseqüência do radicalismo inconsequente dos estudantes que, contrariando a decisão de seus próprios colegas, invadiram a reitoria da USP não é a destruição do patrimônio público, nem o desrespeito à legalidade. A resistência civil é muitas vezes legítima e necessária, como estamos vendo no caso da Grécia. Os manifestantes que enfrentam a polícia nas ruas de Atenas são, hoje, a grande esperança de que a democracia e o princípio da soberania nacional triunfem naquele país sobre os interesses de banqueiros e políticos corruptos. Os enfrentamentos na Universidade de São Paulo, porém, são de um outro tipo. Um grupo reduzidíssimo de estudantes radicais vem destruindo, há anos, algo muito mais precioso do que as portas da reitoria. Com sua truculência e seu desprezo pela democracia, eles destroem a credibilidade dos estudantes junto à sociedade. A raiz de todo o mal está na utilização da assembléia como mecanismo de expressão da vontade coletiva e de decisão.
Mesmo quando há presença maciça de estudantes, assembléias prestam-se a todo tipo de manipulação. Um grupo de vinte ou trinta pessoas é capaz de fazer uma assembléia arrastar-se por quatro, cinco horas, vencendo pelo cansaço. Consultas marotamente formuladas confundem estudantes menos acostumados a esse tipo de evento. Gritos e palavras de ordem inibem a manifestação. O espaço de reflexão é mínimo, e o espaço para a manipulação é máximo.
Está mais do que na hora de os estudantes criarem mecanismos mais democráticos de decisão. A Internet está aí para isso. Não seria muito mais legítimo um debate conduzido em foruns virtuais, onde cada um pudesse expressar livremente suas idéias, sem medo de levar uma vaia, e todos pudessem ponderar as opiniões emitidas e votar de acordo com sua consciência? Uma decisão tomada com base no voto depositado em urnas virtuais por milhares de estudantes não teria muito mais força do que uma decisão tomada por uma assembléia? Por que ser contra esse avanço? Por que não usar a Internet para APROFUNDAR a participação dos estudantes no debate social?

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