sábado, 24 de dezembro de 2011

Prefeito do PSDB da Serra do Mel (RN) é preso acusado de mandar matar presidente do PT


O prefeito Josivan Bibiano de Azevedo, do PSDB da Serra do Mel, teve a prisão preventiva decretada pelo desembargador Dilermano Mota, do Tribunal de Justiça do Estado.

Bibiano está sendo acusado de mandar matar o jornalista Ednaldo Filgueira, presidente local do PT, na noite do dia 15 de junho de 2011, na Vila Brasília da Serra do Mel.

O cumprimento da determinação do desembargador aconteceu na manhã de sábado, às 8h, na residência do prefeito, em Mossoró, por policiais federais e Civis.

Além do prefeito, existem outras oito pessoas presas, entre articuladores, executores e apoio. O prefeito foi indiciado pelo delegado Odilon Teodósio como mandante.

Depois de indiciado, no mês de outubro passado, Josivan Bibiano foi denunciado pelo procurador Geral de Justiça do Ministério Público, Manoel Onofre.

A denúncia foi protocolada na tarde de sexta-feira e no mesmo dia o desembargador Dilermano Mota assinou a ordem de prisão preventiva. Neste mesmo dia, Dilermano mandou soltar o prefeito Grinaldo Sousa, de Vila Flor, acusado de corrupção.

Sobre Serra do Mel, Dilermano considerou que existem indícios suficientes que comprovam a culpa de Bibiano, que nega qualquer participação no crime.

O advogado José Wellington viajou na manhã deste sábado a Natal, onde já iria dá entrada com o pedido de habeas corpus de Bibiano. Disse que seu cliente é inocente, que não tinha motivos para matar Ednaldo. “Meu cliente está sofrendo forte perseguição política”, diz.

Bibiano vai aguardar decisão da Justiça preso no Centro de Detenção Provisória da Zona Sul, de Natal.

Fonte: nominuto.com

PSD terá limitações para alianças com dois partidos


 
O Partido Social Democrático enfrentará limitações para as alianças no pleito 2012. A direção do PMN nacional emitiu recomendação proibindo que a legenda faça aliança com o PSD. O presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia, também anunciou que a legenda seguirá uma orientação semelhante.

Na prática, o PSD chega para a sua primeira eleição, já que foi criado este ano, com restrições das cúpulas nacionais do PMN e do DEM. As duas legendas, através das direções nacionais, já afirmaram que não haverá exceção para a recomendação aos diretórios municipais no sentido de não apoiarem candidatos do PSD.

As recomendações do DEM e do PMN para os diretórios estaduais e municipais são uma resposta à própria formação do Partido Social Democrático, presidido nacionalmente por Gilberto Kassab. Na sua criação a nova legenda levou muitos líderes políticos do DEM e do PMN. Nesse último, por exemplo, a bancada na Câmara dos Deputados  perdeu três deputados federais que foram para a ala peessedista, inclusive o potiguar Fábio Faria. Para o PSD o PMN perdeu também o governador do Amazonas Omar Mariz.

O DEM também teve uma grande baixa nos seus quadros com o surgimento da nova legenda. O próprio presidente nacional do PSD, o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, é egresso dos Democratas.

No Rio Grande do Norte, o PSD se formou, principalmente, com raízes no PMN. O vice-governador Robinson Faria e a deputada estadual Gesane Marinho foram eleitos pelo PMN. Já o deputado estadual José Dias, que também migrou para a nova legenda, veio do PMDB.

No Estado potiguar, os líderes políticos reagem as limitações impostas ao PSD pelos diretórios nacionais do PMN e DEM. "Discordo completamente. A questão local é diferente. Há uma situação em cada município diferente do que se vê no plano nacional e estadual. Se isso prevalecer (essa limitação) prejudicará muitos grupos políticos que deixarão de se fortalecerem por uma decisão nacional e estadual", reagiu a deputada estadual Gesane Marinho.

Ela é cautelosa e afirma que sobre as determinações nacionais "é preciso esperar para saber se realmente irá vingar". "DEM e PSD fazem parte de oposição a diversos prefeitos. Ou eles se unem para ganhar ou vão sair derrotados mais uma vez. Se essa imposição prevalecer vai terminar prejudicando muitos grupos do interior. Não se pode decidir (sobre aliança) esquecendo o principal ,que é a base do interior", completou Gesane Marinho.

Fonte: Tribuna do Norte

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

José Serra, um tucano na encruzilhada

Serra nunca esteve tão emparedado na política. Se não for candidato a prefeito, será acusado de ter dado as costas ao PSDB. Se concorrer _ e vencer __ estará “preso” em 2014. Se perder, permanece no fim da fila presidencial 

Do Blog da Denise

Ilustração do Observatório
    Nos bastidores da política, nunca se falou tanto do ex-governador de São Paulo, José Serra. Uns dizem que ele precisava fazer uma terapia para parar de reclamar de tudo e de todos. Outros consideram um absurdo a forma como o PSDB o trata. Para completar, apareceu o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr jogando mais lenha na fogueira com denúncias do tempo da privatização.

    Ora, livros reportagens sempre foram publicados sobre um ou outro assunto. Só na época em que Fernando Collor sofreu um processo de impeachment foram pelo menos três com as peripécias de seu governo. José Sarney, Antonio Carlos Magalhães, Lula, todos já foram personagens de livros que não eram necessariamente uma biografia. 

    O que está em jogo dentro do PSDB não é um livro, é o futuro, independentemente de livros de quem quer que seja. Afinal, fala sério: a maioria do eleitorado vive no Brasil real e não nas redes sociais. Embora sejam uma ferramenta importante, ainda não são o fator preponderante nas eleições. E, para este futuro, o caminho na maioria das conversas partidárias é buscar o novo. E, no caso dos tucanos, o novo, dizem eles, é o senador Aécio Neves (MG). Muitos se arrependeram de não ter dado a Aécio a candidatura à Presidência da República em 2010, deixando a Serra o papel de representar o partido no governo de São Paulo, como candidato à reeleição.

    Serra, entretanto, não pensa assim. Tem dito a amigos que parte de suas agruras se devem ao seu partido que não o apoiou como deveria em 2010. Agora, quer um espaço para percorrer o Brasil e voltar a ser candidato a presidente em 2014. Sua aposta tem sido a de que a economia dará sinais de fadiga, assim como o governo do PT, apesar da alta popularidade da presidente Dilma Rousseff. Aécio, na visão de Serra, não conseguirá se tornar um nome nacional. Aí, a candidatura cairá no colo dele como um presente de papai Noel.

     Ocorre que, para convencer o comando tucano dessa perspectiva, Serra teria que jogar para o time. Ser humilde como foi o jovem Neymar ontem ao final do jogo contra o Barcelona. Serra cresceu na derrota de 2002, quando ninguém esperava que ele chegasse ao segundo turno e chegou. Cresceu na prefeitura de São Paulo, no governo estadual. Mas, saiu menor da última campanha presidencial, onde, na reta final, deixou de discutir o Brasil. 

     Hoje, Serra tem alta rejeição entre os paulistanos e, dentro do PSDB, é visto como alguém que, em campanha, não ouve os aliados. Dia desses, em Brasília, o primeiro-secretário da Câmara, deputado Eduardo Gomes, brincou que o slogan está pronto: “vote no Serra, só ele vai reclamar”.

     Atualmente, Serra tem mesmo do que reclamar. Nunca esteve tão emparedado na política. É a encruzilhada. Se deixar de ser candidato a prefeito, pode ser acusado lá na frente de ter dado as costas ao partido. Se concorrer, estará fadado a permanecer na prefeitura por  quatro anos, se vencer; e liquidado, se perder. Por isso, quer ficar fora dessa disputa e aguardar a próxima, onde as opções de cenário nacional são maiores. Faz sentido.
     Serra se mira no exemplo de Lula que ficava sem mandato entre uma eleição presidencial e outra. Mas há uma grande diferença aí: Lula era __ e ainda é __ chamado por todo o PT para as campanhas municipais, era alavancado e alavancava seu partido. No palanque, ao falar com as pessoas, conquistava corações, ia para o meio do povo. 

      O PSDB não se mostra disposto a dar a Serra tantos palanques pelo Brasil no ano da sucessão municipal. O partido prefere aproveitar essa fase para testar e tentar popularizar Aécio. E, de mais a mais, há um sentimento entre os tucanos de que, se continuarem jogando sua força na disputa interna, alguém pode ultrapassá-los. Hoje, os tucanos ocupam o segundo lugar, mas muitos deles não esquecem do desempenho de Marina Silva, do PV, na eleição passada. Se vier alguém com mais musculatura política, podem perder a posição.

     O primeiro lugar hoje é do PT, dada a popularidade da presidente Dilma Rousseff, melhor do que a de Lula e a de Fernando Henrique Cardoso ao final do primeiro ano de mandato. Se nada mudar, é bem provável que o fim da encruzilhada de Serra seja mesmo ficar em São Paulo e encerrar a sua carreira na província.

PS -  Título deste Blog

#PrivatariaTucana - PSDB é acusado de bloquear investigações.



Em 2005, o deputado José Mentor (PT-SP), era o relator da CPMI do Banestado, usina de investigação, denúncias e luta política interna tão grande que ela se encerrou sem votar seu relatório — um calhamaço de 2 000 páginas —  que continha boa parte das revelações divulgadas pelo livro Privataria Tucana, do jornalista Amaury Junior.

Vinte e quatro horas depois que 185 deputados assinaram o pedido de instalação de uma CPI sobre as denuncias do livro, Mentor deu uma entrevista ao blogue.

– O senhor já leu o livro do Amaury Ribeiro?
– Ainda não. Uma assessora comprou e está lendo. Vou fazer isso quando ela terminar. Nós paramos de investigar estes casos em 2005. O Amaury seguiu depois disso.  Com certeza avançou bastante.

– Como o senhor acompanhou a coleta das assinaturas para a CPI sobre o livro?
–  Estou de alma lavada. No dia em que fiz 60 anos anunciei que iria escrever um livro sobre aquela CPMI e continuo com meu projeto. Fico feliz em ver que parte de nosso trabalho está sendo reconhecido. Conheço boa parte dos documentos e acompanhei a denúncia. Sempre soube que deveria ser apurada.

– Se for mesmo instalada, a  nova CPI irá repetir a investigação da CPI do Banestado?
– Não. São objetos diferentes. A CPI do Banestado estava muito dividida. Não havia uma maioria. Ela nasceu da fusão de uma proposta do PT e outra do PSDB,  O senador tucano Antero Paes de Barros era o presidente. Eu era o relator. Nós discutíamos o tempo inteiro. O plenário também. Havia muita divergencia.

– Por que?
– No início, que coincidiu com aquele começo difícil do governo Lula, com investimentos contingenciados, sem crescimento, o PSDB achava que iria encontrar fatos para atacar o governo. Havia o interesse político de quebrar a confiança no Lula. Este era o foco real.  Quando se viu que essa alternativa não iria levar a muita coisa, pois não aparecia  nada, os trabalhos se dispersaram. Aos poucos, se viu que, ao contrário do que se pensava no início, as investigações começavam a mostrar irregularidades que comprometiam o PSDB. Foi ai que o Antero tentou encerrar as investigações de qualquer maneira.

– Como isso aconteceu?
– Nós tinhamos um prazo para trabalhar até 22 de fevereiro de 2005. Isso está escrito num documento oficial do Congresso Nacional. Mas tres meses antes, em  dezembro, o Antero proclamou o encerramento da CPMI de forma unilateral e ilegal. Mesmo assim, nós continuamos trabalhando. Fiz viagens pelo Brasil inteiro. Também fui a Madri. A Ideli (Ideli Salvatti, hoje ministra de Relações Institucionais) ajudou muito. Por fim, entreguei meu relatório, no prazo legal. Como a CPI havia sido encerrada, ele não foi votado. Mas está lá, no arquivo do Senado.

– O senhor tomou alguns cuidados no relatório?
– Sim. Documentos que deveriam permanecer em sigilo não foram incluídos.  Numa versão inicial, falava-se do laço de parentesco de um empresário com o José Serra. Retirei essa menção do relatório. Essa pessoa não estava sendo investigada porque era parente do Serra, mas porque seu nome apareceu no esquema de lavagem de dinheiro.

– O que estava acontecendo quando a CPI foi encerrada?
– A CPI acabou no momento em que nós iríamos votar um segundo pedido para convocar o Gustavo Franco (presidente do BAnco Central no governo de FHC). O pedido já fora aprovado na única votação feita pelo plenário mas não se marcava data data para o depoimento. Naquele momento, eles quiseram barganhar conosco. Queriam que a gente desistisse de convocar o Gustavo Franco, enquanto eles desistiriam de convocar o Antonio Ciprianni (empresário, dono da Transbrasil, próximo de Roberto Teixeira, advogado e compadre de Lula). Mas nós não queríamos barganhar nada. De nossa parte, eles podiam chamar o Cipriani. Nós queriamos ouvir o Gustavo Franco. Naquele momento, a Justiça uruguaia estava disposta a fornecer dados sobre uma factoring que descontava cheques. Havia possibilidade do próprio Comendador Arcanjo colaborar. Aí eles encerraram.

– O senhor foi acusado de cometer abusos. Por exemplo: de quebrar o sigilo de pessoas sem necessidade. Diziam até que usava informações para fazer chantagem…
– Diziam isso para tentar desmoralizar a CPI e uma parte da mídia comprou essa ideia. Queriam impedir que nosso trabalho fosse levado a serio. A CPI quebrou o sigilo bancário de 2 000 pessoas. Diziam que era demais. Mas fizemos uma reunião secreta na CPI para tratar do assunto. Eu pedi: “me apontem um nome que foi investigado indevidamente.” Ninguém disse nada. Também dei uma coletiva sobre esse assunto. Fiz a mesma pergunta para os jornalistas. Ninguém me apresentou nada. Só posso concluir que quebramos o sigilo de pessoas certas.

– Dizem que houve um acordo para o encerramento da CPI…
– Não houve acordo na Câmara. Isso eu posso garantir.

–Mas houve acordo entre o governo e a oposição?
–Só posso dizer que não houve nada na Câmara. Falo do que sei.

–Uma explicação para o encerramento da CPI é que ela ajudou a esconder descobertas que poderiam comprometer o PT e o governo…
– Pelo amor de Deus! Nem o Antero Paes e Barros afirma isso. Ele chegou a fazer um voto em separado, para substituir meu relatório. Não fala sobre isso.

Luiz Fernando Emediato: 'O Serra, para desgraça dele, tem muitos inimigos dentro do próprio PSDB'


Editor da Geração Editorial fala ao InvestNordeste sobre as repercussões do livro A Privataria Tucana

Ilustação do Blog
Ao conceder entrevista exclusiva ao Portal InvestNordeste, Luiz Fernando Emediato, jornalista e editor da Ge-ração Editorial, disse animado que estava tudo bem e que melhor não poderia estar com o livro A Privataria Tucana "bombando". O livro, do jornalista Amaury Ribeiro, tem batido inúmeros recordes de vendas em todo o país. Vendeu até o momento 120 mil exemplares em apenas 15 dias. E espera-se, segundo Emediato, vender mais. "Em primeiro lugar, os leitores sempre estão ávidos para ler sobre denúncias a respeito de políticos e empresários que desviaram dinheiro público ou ganharam dinheiro, de maneira ilegal ou pouco ética, em negócios obscuros", afirma o editor sobre o sucesso do livro. A editora vai faturar R$ 8 milhões em 2011 e pretende crescer 50% em 2012.

InvestNordeste - O que fez a Geração Editora abraçar o projeto do livro A Privataria Tucana?
Luiz Fernando Emediato
- Assim como Amaury Ribeiro, sou jornalista, trabalhei no Jornal do Brasil, no Estado de S. Paulo e no SBT, ganhei o prêmio Esso de Jornalismo, além de outros prêmios. Eu e o Amaury temos as mesmas posições no jornalismo. Eu o conhecia há muitos anos. Sabia que era não apenas um excelente jorna-lista, mas um homem íntegro, um idealista, um repórter à moda antiga (infelizmente a moda antiga é a melhor, o jornalismo investigativo sério está decadente na chamada grande imprensa de hoje). Então, quando houve toda aquela polêmica na campanha presidencial, em que ele foi acusado, injustamente, de estar fazendo um dossiê contra o Serra, a soldo do PT, eu concluí no ato que era uma calúnia, que o tal dossiê só podia ser o famoso livro dele, que já estava virando uma lenda. Ele estava trabalhando no livro desde 2002 e alguns de nós já achávamos que isso era história, que esse livro jamais sairia. Então eu telefonei para ele, perguntei se o livro existia mesmo e ele respondeu: sim, e será de sua editora, se você quiser. Eu quis, e assim foi. Bem simples.


IN - A primeira edição de A Privataria Tucana foi recorde de vendas. Vocês esperavam este sucesso todo? Quantos exemplares foram vendidos até o momento? Quantos ainda serão impressos? Vocês têm dados de vendas no Nordeste?
LFE
- Depois que li o livro do Amaury eu conclui imediatamente que era livro para mais de 100 mil exemplares, "Honoráveis Bandidos", de nossa editora, já vendeu 120 mil exemplares, só que em dois anos. Imaginei que o livro do Amaury venderia 100 mil só no primeiro ano. Mas o livro rompeu todas as previsões e vendeu 120 mil exemplares em 15 dias! Deve passar do meio milhão de exemplares. É o maior fenômeno editorial brasileiro de todos os tempos, nenhum outro livro vendeu tanto assim, de largada. Desses 120 mil exemplares, entregamos 70 mil até hoje, dia 22, os restantes 50 mil serão entregues apenas no dia 3 de janeiro, estão sendo impressos, sob encomenda de várias livrarias. Acho que em janeiro teremos de fazer nova impressão, além desses 50 mil que chegarão na primeira semana. Desses 120 mil, mais ou menos 25 mil estão abastecendo livrarias do Nordeste.



IN - A que vocês devem este sucesso?
LFE
- Em primeiro lugar, os leitores sempre estão ávidos para ler sobre denúncias a respeito de políticos e em-presários que desviaram dinheiro público ou ganharam dinheiro, de maneira ilegal ou pouco ética, em negócios obscuros. No caso presente, a isso se somou uma vontade de militantes da esquerda de lavar a alma com uma denúncia séria envolvendo o PSDB, a oposição, pois há anos que o governo Lula e o governo Dilma são denun-ciados, justa ou injustamente, pelos tais "malfeitos". O PSDB estava então blindado contra essas denúncias. Também há uma curiosidade do público em geral e dos próprios tucanos, para saber o que pessoas ligadas ao José Serra andaram fazendo na calada da noite. O Serra, para desgraça dele, tem muitos inimigos dentro do próprio PSDB, por causa de seu estilo desagregador. Ele passa como um trator sobre qualquer adversário, mesmo quando é um adversário "leal" do partido dele mesmo. Então, o Serra está pagando por seus próprios atos, e não só pelos atos de sua filha, genro, primo e amigos.



IN - Como você avalia o papel das redes sociais e dos blogs no que diz respeito à popularização do livro e o consequente sucesso de vendas?
LFE
- É inegável que o sucesso desse livro advém da Internet, dos blogs, das redes sociais, e pela primeira vez podemos ter certeza, de maneira avassaladora, que a mídia brasileira a partir de agora tem dois períodos: o pré e o pós Privataria Tucana. Agora sim, temos certeza de que existe uma nova mídia e uma velha mídia, sendo que a velha mídia é a dos jornalões e revista semanais. Um jornalão pega no domingo, com muita boa vontade, 400 mil exemplares, com talvez 1 milhão de leitores, sendo que nem todos lerão o jornal inteiro. Os blogs e redes sociais pegam um assunto e replicam retumbantemente para milhões, milhões de internautas, gente que faz diferença. E isso só vai crescer. Isso vale para divulgar livros, ideias, críticas, convocar manifestações, tudo. É só ver o que está acontecendo nos países árabes. A imprensa em papel e até a das televisões está num beco aparentemente sem saída. Estão perdendo importância a cada dia.



IN - A CPI da Privataria foi protocolada nesta quarta-feira (21) pela Câmara dos Deputados. Você acredita que se houver uma CPI no Congresso as vendas do livro podem aumentar? Há alguma meta específica de vendas ou uma expectativa em relação a isso?
LFE
- A CPI da Privataria foi proposta pelo deputado Protógenes, com número recorde de assinaturas, inclusive de tucanos, mas precisa ser instalada. Vão fazer tudo, até gente do PT e do governo, para que ela não seja instalada, porque ela perturba o andamento do governo, pode não estar na agenda, e perturba grandes inte-resses econômicos e políticos. Haverá uma força enorme contra ela. É importante, portanto, que nos mante-nhamos mobilizados para gritar bem alto se isso começar a acontecer.



IN - Como o ano fecha para a editora em números? Quais as expectativas de vendas e lançamentos para 2012?
LFE
- A editora fecha com um crescimento incrível. Éramos uma editora pequena, agora somos de porte médio. Faturamos R$ 8 milhões em 2011 e queremos crescer mais 50% em 2012. Vem aí mais um livro-bomba, "San-guessugas do Brasil", do jornalista Lúcio Vaz. E mais um livro bomba-atômica do Amaury Ribeiro Júnior, mas desse não podemos falar nem o título nem o tema, por razões de segurança. Ele teria que andar de carro blin-dado, colete à prova de balas e guarda-costas, se divulgássemos.



IN - E você, como editor de tantos livros-bomba, não tem medo?
LFE
- Tenho, mas esta é nossa missão. Eu ando de carro blindado, até porque já fui assaltado quatro vezes e sequestrado uma. Mas veja só: eu também sou escritor e em meu livro "Trevas no Paraíso" há historias escritas nos anos 70, em plena ditadura militar, com títulos tipo "De como estrangular um general". Enquanto amigos meus eram presos, torturados e assassinados, alguns foram presos com a Dilma, então uma menina, e colegas meus, como Vladimir Herzog, eram torturados até a morte, ainda assim eu escrevia. Por sorte, fui preso, mas nunca fui torturado e sobrevivi para contar aquelas histórias, Hoje em dia escrevo menos, mas publico mais. É nosso carma, nossa missão.



Luiz Fernando Emediato é jornalista e escritor vencedor de vários prêmios literários e dos prêmios Esso de Jornalismo e Rei de Espanha de Jornalismo Internacional. Criador do Caderno 2 de O Estado de S. Paulo e responsável pela introdução do "âncora" na televisão brasileira. Autor de "Trevas no Paraíso", "Geração Aban-donada", entre outros livros. É editor da Geração Editorial.