sexta-feira, 4 de maio de 2012

Merval reitera defesa da revista Veja


Brasil 247 Pela segunda vez, em uma semana, o jornalista Merval Pereira, da Globo, saiu em defesa da revista Veja e de sua relação com o bicheiro Carlos Cachoeira. No artigo “Pela liberdade de expressão”, Merval reiterou a lisura profissional, na sua visão do comportamento da revista. Eis um trecho:

“Mas, mesmo assim, ainda enfrentamentos ameaça à liberdade de expressão, que se configura de diversas maneiras. No momento, ela se revela na tentativa, frustrada de início, de levar a grande imprensa, representada pela revista Veja à investigação na CPI do Cachoeira. Os documentos surgidos até o momento, no entanto, nada revelam de transgressor no comportamento de seus profissionais, e todas as pseudoacusações se baseiam mais em ilações tiradas de versões do bicheiro e de seus asseclas do que em fatos comprovados.”

Os documentos foram reunidos pelo blogueiro Fernando Marés, responsável pelo site Roteiro de Cinema (leia mais aqui). Na blogosfera, no entanto, Merval vem sendo criticado. Leia, abaixo, artigo de Altamiro Borges sobre o tema:

Altamiro Borges: Merval Pereira teme Ley de Medios

Em artigo nesta semana no jornal O Globo, Merval Pereira, o “imortal” da Academia Brasileira de Letras, voltou a demonstrar que não é tão imortal assim. Ele tem medo – lembra até a Regina Duarte. O seu maior temor na atualidade parece ser com o avanço do debate sobre a regulação da mídia na América Latina. Para ele, tudo não passa de um atentado à liberdade de imprensa.

Por Altamiro Borges, em seu blog

No panfleto, ele critica os governos democraticamente eleitos na região. Ou seja: ele também tem medo da democracia, do voto popular. Hugo Chávez (Venezuela), Rafael Correa (Equador) e Cristina Kirchner (Argentina) expressariam a “tentativa de governos autoritários ou ditaduras de conter a liberdade de expressão”. Eleito no chá das cinco da ABL, o “imortal” dá lições de democracia!

Sobrou até para o cordato governo Dilma.

De quebra, ele também ataca o cordato governo brasileiro. “No Brasil – uma democracia que se distancia das práticas de outros países como a Argentina, mas que está próxima politicamente de todos esses governos autoritários da região –, há tentativas de controle da liberdade de imprensa por ações propostas por setores petistas, até o momento rejeitadas por Dilma Rousseff”.

O novo “pânico” do imortal decorre de dois fatos recentes: o sigilo sobre a doença de Hugo Chávez e o “perdão” de Rafael Correa aos serviçais do jornal golpista “El Universo”, condenados por calúnia. Para o colunista da famiglia Marinho, estes fatos revelam a carência de democracia. Ele até ligou para “amigos” em Miami para obter informações sobre a saúde do presidente venezuelano.

O “imortal” esqueceu a Colômbia.

O interessante é que o artigo, tão preocupado com a liberdade de expressão, não fala nada sobre a Colômbia, país recordista em assassinatos de jornalistas na América Latina. Também não cita o México, onde virou moda o sumiço de blogueiros. Isto confirma que o “imortal” Merval Pereira tem medo apenas dos governos mais à esquerda. Ele adora os governos de direita!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O segredo de Demóstenes Torres


Por Paulo Moreira Leite
 
Confesso que não dá para ficar espantado com as delinqüências do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Sem ser preconceituoso, pergunto: o que se poderia esperar de um contraventor a não ser que se dedicasse à contravenção?

Que fosse rezar ave-maria depois de pagar aposta no jacaré e no leão?

Mas há motivo para se espantar com o sucesso de Demóstenes Torres. Como ele conseguiu enganar tantos por tanto tempo?

A resposta não se encontra no próprio Demóstenes, mas em quem se deixou ser enganado.

O senador é um produto típico do radicalismo anti-Lula que marcou a política brasileira a partir de 2002. A polarização política criada em certa medida de modo artificial foi um campo fértil para políticos sem programa e aproveitadores teatrais.

Demóstenes contribuiu com sua veemência e sua falta de freios para criar um ambiente de intolerância política no Congresso, reeditando o velho anti-comunismo da direita brasileira, da qual o DEM é um herdeiro sem muitos disfarces.

Num país onde a oposição se queixava de que não havia oposição, Demóstenes apresentou-se. Contribuía para estimular o ódio e o veneno, com a certeza de que nunca seria investigado. Aliás, não foi.

Caiu na rede de seu amigo e parceiro Cachoeira.  Se aquele celular fajuto de Miami fosse mesmo à prova de grampos, é provável que até hoje o país estivesse aí, ouvindo Demóstenes e seus discursos…

Quem sabe até virasse uma estrela da CPI…sobre Carlinhos Cachoeira.

Nunca se fez um balanço da passagem de Demóstenes pela secretaria de Segurança de Goiás, nunca se conferiu a promessa (doce ironia!) de acabar com o jogo do bicho no Estado nem as razões de seu afastamento do PSDB de Marconi Perillo.

Demóstenes dava até entrevistas contra as cotas e escrevia textos citando Gilberto Freyre. Pelo andar da carruagem, em breve seria candidato a Academia Brasileira de Letras e um dia poderíamos ouvi-lo tecendo comentários sobre a obra de Levi-Strauss, sobre a escola austríaca de economia…

O senador foi promovido, tolerado e bajulado por uma única razão:  necessidade.

Nosso conservadorismo está sem quadros e sem votos. Lembra a conversa de que “faltam homens, faltam líderes”? Vem desde 64…

A dificuldade de construir um programa político autêntico e viável para enfrentar a competição pelo voto está na origem de mais um embuste.

Já tivemos Jânio Quadros, Fernando Collor… Felizmente Demóstenes não chegou tão longe.
Mas todos foram mestres na arte de esconder seu real programa político e oferecer a moralidade como salvação suprema.

O carinho, a atenção, a boa vontade com que Demóstenes foi tratado mostra que teria um longa estrada pela frente.  Não lhe faltavam sequer intelectuais disponíveis para oferecer um verniz acadêmico, não é mesmo?
Há um problema de origem, porém.

A história da democratização brasileira é, basicamente, a história da luta da população mais pobre para conseguir uma fatia melhor na distribuição de renda. Este era o processo em curso antes do golpe que derrubou Jango. A luta contra o arrocho e contra os truques para escamotear a inflação esteve no centro das principais manifestações populares contra o regime.

Desde a posse de José Sarney que o sucesso e o fracasso de cada presidente se mede pela sua competência para para responder a esse anseio.

Aquilo que os economistas chamam de plano anti-inflacionário, estabilização monetária e etc, nada mais é, para o povão, do que defesa de seu quinhão. O Cruzado e o Real garantiram a glória e também a desgraça de seus criadores apenas e enquanto foram capazes de dar uma resposta a isso.

Essa situação também explica a popularidade de Lula, ponto de partida para o Ibope-recorde de Dilma.
E aí chegamos à pior notícia. O conservadorismo brasileiro aposta em embustes porque não quer colocar a mão no bolso. Quer votos mas não quer mexer – nem um pouquinho – na estrutura de renda. Quer embustes, como Demóstenes.

Fiquem atentos. Quem sabe o próximo Demóstenes apareça na CPI do Cachoeira, do Cavendish … e do Demóstenes.

O conservadorismo preocupa-se apenas com seu próprio bolso. Para o povo, oferece moralismo.



quarta-feira, 2 de maio de 2012

Veja, Folha e Globo contra você


O provocador 
 
Ilustração deste blog
O assunto é sério. Gravíssimo. E é hora de todo cidadão honesto ficar alerta. Os barões da mídia se uniram para que uma CPI não passe a limpo as relações criminosas do bicheiro Cachoeira e parte da chamada grande imprensa brasileira, principalmente a revista Veja.

O País não pode perder essa oportunidade de desmascarar aqueles que toda semana tentam mostrar nas bancas que são os reis da honestidade. Falam de ética, mas agem como traficantes da informação. 

Investigações da Polícia Federal já revelaram que a Veja, revista da família Civita, agiu como porta-voz do bicheiro, preso desde o final de fevereiro, e manteve com ele uma clara troca de favores.

A relação fere, no mínimo, qualquer princípio do bom jornalismo. Evidências mostram que a Veja se submeteu aos interesses do crime organizado, jogou a favor de um determinado grupo político por interesses desconhecidos e usou informações obtidas de forma ilegal para atacar seus inimigos.

O diretor de jornalismo da Veja em Brasília virou confidente, amigo íntimo, do bicheiro Cachoeira e de sua turma envolvidos até o pescoço com ações criminosas, como provam as centenas de ligações feitas com autorização judicial. Eles escolhiam até em qual parte da revista a informação "denunciada" seria publicada.

Quando as denúncias contra o senador Demóstenes Torres e seus negócios com o bicheiro Cachoeira ameaçavam trazer à tona toda sujeira, a revista dos Civita preferiu dedicar uma capa ao Santo Sudário. Bem diferente da cobertura dedicada ao Mensalão, que mereceu 27 capas desde maio de 2005. Repito: 27. Vinte e sete. No dia 18 de abril até ensaiaram tocar no assunto como matéria principal, mas fizeram com a palavra MENSALÃO impressa assim, em letras garrafais em meio a uma cortina de fumaça. Coisa que a Editora Abril parece conhecer bem.

Globo e Folha de S. Paulo fazem barricada para proteger Veja. É de dar calafrios quando essa turma se une. Onde estão as reportagens no Jornal Nacional citando a revista e a editora abertamente? Onde se escondeu o jornalismo "plural e independente" da Folha?

Querem proteger os que praticam um crime.

Na edição desta semana, a Veja tenta intimidar os parlamentares que podem investigar as ligações de Cachoeira com a revista. “Vou explodir”, avisa Cachoeira da prisão, de acordo com uma chamada no alto da capa. Em entrevista a revista, Andressa Mendonça, mulher do contraventor, diz que o marido pode revelar tudo o que sabe. E agora, Veja?

O mais importante agora é ver a coragem dos parlamentares para levar de fato Roberto Civita, o dono da Veja, a sentar-se em uma das cadeiras da CPI e encarar as perguntas daqueles que estão lá como representantes do povo. O mesmo povo que a Veja tenta enganar todos os fins de semana.



“Me criticam por ser um jornalista engajado", diz Gilberto Dimenstein


Gilberto Dimenstein
Gilberto Dimenstein costuma dizer que deixou de reportar para observar a notícia a partir do momento em que começou a envolver-se com jornalismo cidadão. Ainda na sucursal da Folha de S. Paulo, em Brasília, o jornalista encabeçou, em meados de1980, matérias investigativas sobre a condição de crianças pelo Brasil. Segundo ele, foi a oportunidade para que decidisse não só denunciar, mas fazer algo para mudar.

Apesar da transparência em admitir isso, Dimenstein reconhece que em uma sociedade que busca tanto a objetividade é difícil se fazer compreender. “As pessoas não aceitam que o jornalista seja engajado. Misturam envolvimento com questões políticas ou ideológicas. Mas eu sou cidadão e tenho o compromisso de me engajar. Por outro lado, tomo cuidado para fazer tudo de forma transparente”.

Formado pela Faculdade Cásper Líbero, Dimenstein foi diretor de redação da Folha de S.Paulo, em Brasília, além de correspondente do mesmo jornal em Nova Iorque. Passou pelo Jornal do Brasil, Correio Braziliense, Última Hora e Veja. Foi reconhecido com o Prêmio Nacional de Direitos Humanos e o Maria Moors Cabotdado pela Faculdade de Columbia. 

Atualmente, Dimenstein divide seu tempo entre os corredores de Harvard, em Boston, e a sede do Catraca Livre, na Vila Madalena. Além da notável trajetória no jornalismo, foi pioneiro no desenvolvimento de projetos de comunicação e educação que o levarama a ser referência internacional, tendo seus projetos exemplificados em Harvard e no MIT. 

À IMPRENSA, o jornalista fala sobre sua carreira, as novas tecnologias e o conceito de educomunicação e declara a que deve favor às pessoas que acreditaram em suas propostas. 

IMPRENSA – O que o fez sair da linha do jornalismo tradicional, onde ganhou vários prêmios, para atuar com jornalismo cidadão? 

Gilberto Dimenstein - Não houve nada que eu não obtivesse com esse tipo de jornalismo [investigativo]. Mas devo destacar que teve um marco importante na minha carreira. Foi uma investigação que começou em 1989, quando fui apurar assassinatos de crianças pelo Brasil. Viajei por várias partes do país. Havia uma violência sistemática contra crianças e adolescentes. Foi uma investigação de quase oito meses. Era um assunto totalmente fora da agenda. Não demorou um ano e fiz outra reportagem sobre exploração sexual de meninas e essa teve mais repercussão ainda. Foram nesses momentos que eu digo que deixei o poder em Brasília para cobrir o país real. 

Foi aí que surgiu a Agência Nacional dos Direitos da Infância (Andi)?

Eu fiz parte do grupo que criou a Andi. Quando ela surgiu, veio um clique na minha cabeça: em vezde só fazer a denúncia, não podemos buscar a solução?  Tinha muita resistência na época. Muitas críticas, muita gente articulando ONG´s. Gente falando sobre responsabilidade social. Mas também já tinha gente com um olhar mais educativo. E nossa proposta foi educar jornalistas para ter um olhar diferente sobre questões sociais. E quando você entra nesse mundo e vai deixando de lado a denúncia e a crítica, acaba virando um educador.  

Mas você considera ruim o outro papel da imprensa, o da denúncia?

Até hoje é difícil explicar isso. É um debate profundo. Eu tenho visto que a imprensa brasileira é viciada em notícias negativas. A boa notícia é aquela que não é boa. E mesmo que a pessoa faça coisas legais, aquilo é menos notícia do que quando existem coisas negativas. No meu caso ficou ainda mais complexo porque eu passei a ser ator da notícia e no mundo em que se discute cada vez mais a objetividade, ficou complicado. O que eu venho fazendo é o que os americanos costumam chamar de jornalismo cívico.

Você sempre diz que o criticam por ser engajado?

Criticam muito, mas eu sempre digo que o importante é ser transparente. Todo mundo tem interesses, olhares. A objetividade tem que ser perseguida. Mas também é importante deixar claro seus interesses. Por exemplo, eu sou judeu e de uma geração que nasceu pós-holocausto. Eu não posso ser objetivo em relação a Israel e as pessoas que leram meu texto sobre Israel, por mais que eu tente olhar para os palestinos vão ter que saber que eu tenho um lado que vai ser difícil passar, o lado da emoção. Quando eu falo de São Paulo as pessoas sabem da minha relação com essa cidade.  

Nos Estados Unidos essa percepção muda? A divisão entre jornalismo convencional e cívico é clara?

Mesmo nos Estados Unidos isso levanta uma discussão profunda. Mas esse tipo de jornalismo não tem nada a ver com tomar partido. De alguma forma você sempre está num campo de polêmicas em que o acusam de ser partidário. Para mim é muito simples explicar quando alguém critica. É só ser transparente. E o engajamento não é por bem ou por mal. No meu caso, é por prazer. E, além disso ,esse é o campo que mais me provoca no jornalismo: a educomunicação. 

O conceito de educomunicação já é bem compreendido no Brasil?

Traduzindo, esse termo quer dizer comunicação a serviço da educação. É um olhar totalmente diferente do jornalismo tradicional. Ele nem é pior e nem é melhor. É diferente. Eu jamais pediria para que não existisse o jornalismo da denuncia e da investigação. Um não é contra o outro. São olhares que sobrevivem juntos. Claro que o olhar da educomunicação você vê com mais intensidade como que você pode ajudar a transformar a sociedade através da comunicação. Tem outro fato interessante envolvendo educomunicação que foram os livros paradidáticos que eu escrevi. Para minha surpresa os livros tiveram uma aceitação gigantesca, apesar de eu não ser pedagogo. 

Portal Imprensa


STF julga nesta quarta-feira ações contra ProUni

A pauta da sessão do STF desta quarta-feira (2) traz no primeiro lugar da fila um processo tão antigo quanto relevante. Tramita há oito anos, desde 2004. Questiona-se nos autos a legalidade do ProUni, o programa de bolsas universitárias lançado sob Lula.

Patrocina a ação principal a Confenem (Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino). A ela foram anexadas outras duas petições –uma protocolada pelo DEM e outra ajuizada pela Fenafisp (Federação Nacional dos Auditores Fiscais da Previdência Social).

Relator do processo, Carlos Ayres Britto levou-o à bancada de julgamentos em abril de 2008. Em seu voto, o ministro, agora acomodado na cadeira de presidente do Supremo, refutou as alegações em contrário e declarou que o ProUni é, sim, constitucional.

O colega Joaquim Barbosa pediu vista do processo. Só agora, decorridos quatro anos, a encrenca retorna à mesa. Chega uma semana depois de o STF ter confirmado, em votação unânime, a legalidade do sistema de cotas raciais nas universidades públicas. Algo que faz supor que também o ProUni será ratificado.
Numa das alegações, os demandantes queixam-se de que o programa criou uma “discriminação” entre os brasileiros, violando os princípios constitucionais da “isonomia” e da “igualdade”. Por quê? Para receber as verbas do ProUni, as universidades têm de instituir uma política de ação afirmativa.

Por essa política, têm acesso às bolsas de estudo alunos que cursaram o ensino médio em escolas da rede pública ou, quando beneficiados com bolsas integrais, em estabelecimentos privados. Mais: no ProUni, parte das bolsas é reservada a negros, índios e portadores de deficiência.

Mais ainda: de acordo com a medida provisória de Lula, convertida em lei pelo Congresso, só têm direito a bolsas integrais os brasileiros que comprovarem renda familiar não superior a um salário mínimo e meio por pessoa. No seu voto, Ayres Britto considerou tudo justo, muito justo, justíssimo.

O ministro serviu-se da máxima segundo a qual “a verdadeira igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais.” Utilizou argumentos análogos aos que esgrimiu em favor das cotas raciais. Realçou que o ProUni beneficia estudantes pobres, vítimas de reiterados “ciclos de desigualdades.”
Noutro questionamento, os peticionários alegam que o ProUni impôs uma taxação indireta a entidades educacionais beneficientes que desfrutam de imunidade tributária (no universo de 1.321 universidades que participam do programa, as beneficentes somam 272.).

Nessa versão, ao forçar universidades sem fins lucrativos a aderir ao programa, o governo como impôs a elas um tributo que é pago na forma da concessão de bolsas. E daí? Sustenta-se que, na prática, as instituições beneficentes foram equiparadas às universidades com fins lucrativos. Com uma diferença: quando concedem bolsas de estudo, as escolas que visam o lucro descontam o benefício do Imposto de Renda. Imunes à tributação, as beneficientes não podem fazer o mesmo.

Ayres Britto deu de ombros também para esse argumento. Para ele, o conceito de entidade beneficente de assistência social engloba a benemerência educacional. E o governo não fez senão criar um “critério objetivo de registro contábil compensatório da aplicação financeira em gratuidade por parte das instituições educacionais”. Dito de outro modo: quem usufrui da isenção tributária tem mesmo que devolver parte do privilégio na forma de bolsas de estudo a quem não pode pagar.

De resto, questiona-se no miolo do processo o fato de o governo ter supostamente sujeitado os gestores de entidades que descumprirem os compromissos assumidos no termo de adesão ao ProUni a sanções penais. “Nem de longe”, refutou, de novo, Ayres Britto.

Em seu voto, o ministro anotou que as sanções previstas na lei do ProUni limitam-se à seara administrativa. Considerou que a coisa foi concebida de forma cuidadosa. Condicionou-se a punição dos eventuais infratores à abertura de procedimento administrativo, sujeito aos sacrossantos direitos ao contraditório e à ampla defesa.

Fonte: Josias de Souza

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Serra deu R$ 34 milhões à editora que publica a revista Veja


Tucano escolheu um ex-jornalista da revista para assumir sua campanha à Prefeitura de SP
 
Um levantamento feito junto ao Diário Oficial do Estado de São Paulo mostra que o ex-governador José Serra, quando ocupava o cargo, pagou cerca de R$ 34 milhões ao longo de um ano ao Grupo Abril, responsável pela publicação da revista Veja.

A pesquisa feita pelo jornalista Altamiro Borges em 2010, do jornal Correio do Brasil, revela que o dinheiro era transferido do governo paulista para o grupo por causa da assinaturas de revistas.

Parte do dinheiro foi destinado para a compra de cerca de 25% da tiragem da Nova Escola e injetou alguns milhões nos cofres de Roberto Civita, o empresário que controla a Editora Abril.

Além disso, na época, o tucano também apresentou proposta curricular que obrigava a inclusão no ensino médio de aulas baseadas nas edições do Guia do Estudante, outra publicação do grupo.

Depois de vários contatos, o  R7 aguardava o retorno prometido pelos assessores do ex-governador.

Caso Cachoeira e a Veja 

Nesta semana, gravações feitas pela Polícia Federal, à qual o R7 teve acesso, mostraram que Cláudio Abreu , ex-diretor da Delta Construções, deu orientações a um dos redatores-chefes da revista Veja, Policarpo Júnior, para produção de uma reportagem sobre Agnelo Queiroz (PT-DF).
Dias antes, foi publicada uma denúncia sobre a atuação do governador na operação Caixa de Pandora, que derrubou o antecessor e rival José Arruda (ex-DEM).
Aparentemente, o grupo de Cachoeira tentava abastecer a revista com informações que interessavam a seus negócios.

Entre o dia 29 e 30 de janeiro, membros do grupo discutiram a repercussão da matéria e usaram a história para pressionar o governo pelo cumprimento de uma promessa não identificada pelo inquérito da PF.

Recentemente, Serra, atual pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, anunciou o jornalista Fábio Portela, ex-editor de Brasil da revista Veja, como coordenador de imprensa de sua campanha.