sábado, 3 de setembro de 2011

A reação do PT e o novo Cansei

Por Eduardo Guimarães - Blog da Cidadania



As notícias saíram melhores do que a encomenda. Os assuntos que ora serão abordados têm sido objetos de infatigáveis postagens neste blog e corroboram tudo o que vem sendo dito aqui sobre a condução política do governo Dilma Rousseff e a sua irresponsabilidade em não combater uma praga que assola este país, a corrupção midiática.

Primeiro, reproduzo, abaixo, uma das muitas notícias que saíram nesta sexta-feira (02/09) sobre o 4º Congresso do PT, a realizar-se neste fim de semana em Brasília. Nesse texto da Folha de São Paulo figuram fatos que têm sido ignorados por pessoas de boa fé que querem apoiar incondicionalmente o governo Dilma, mas que o estão prejudicando com tal apoio.

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Folha de São Paulo
2 de setembro de 2011
Cúpula do PT defende controle da mídia

O comando do PT elaborou documento em que ataca a imprensa e defende o controle da mídia no Brasil. No texto, apresentado ontem à Executiva Nacional como proposta de resolução para o 4º Congresso do partido, o PT defende o fim da propriedade cruzada em veículos de comunicação, a “democratização” da mídia e a “quebra do monopólio”. Apesar disso, o partido sustenta que é contra qualquer tipo de censura.
A Folha apurou que o governo tende a encampar o veto à propriedade cruzada de meios de comunicação. A ideia seria acionar o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para obrigar grupos que têm várias plataformas a se desfazer de parte das concessões. A resolução preliminar diz que a falta de um marco regulatório e a concentração do domínio midiático “tolhem a democracia”, “silenciam” e “marginalizam”, “criando um clima de imposição de uma versão única no país”.
Em tom bem mais agressivo do que o do 3º Congresso, de 2007, o texto condena “certos veículos que flertam com mecanismos ilegais”. O partido afirma que, após participar de “conspiração que tentou derrubar, sem êxito, o PT e Lula”, setores da mídia lideram agora “campanha pela faxina” no governo.
Falcão
Falcão, que está condensando o texto, lembrou em entrevista que o ex-ministro Franklin Martins (Comunicação Social) já apresentou proposta semelhante no governo Lula.
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT-PR), que participará do encontro, disse à Folha que essa não é a pauta do governo: “É insensato. Lutamos para escrever na Constituição que não pode haver controle prévio e censura”.
Segundo Bernardo, a Lei Geral de Telecomunicações, em discussão no ministério, regula a concessão de emissoras de rádio e TV, mas não de jornais, revistas e internet. O secretário de Comunicação do PT, André Vargas (PR), porém, diz que o partido não vai se curvar ao governo. Para ele, “a sociedade pode resolver constituir um conselho” para controlar a mídia impressa e a internet.
Com 109 pontos, o documento busca proteger a imagem do ex-presidente Lula e minimiza a ideia de que Dilma é mais rigorosa no combate à corrupção. “Nunca antes na história deste país a corrupção foi combatida com tanta profundidade, sem protecionismos partidários, como nos governos Lula e Dilma”, afirma o documento.
O texto aponta a luta contra a corrupção como “compromisso inarredável do PT e do governo” e diz que a oposição não tem credibilidade para pregar uma “faxina”.

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Tudo isso não é novo. É antiga a preocupação do PT com a posição política do governo Dilma ao tentar se compor com a imprensa golpista agradando-a com a desistência do controle social da mídia e achando que seria bom para a imagem da presidente que ela se apresentasse como um Jânio Quadros de saias, de vassoura em punho contra “corrupção” em um governo que ela mesma acabara de montar enquanto os tucanos e a mídia ignoram, escandalosamente, a corrupção nos Estados e municípios governados pela oposição.
Mas, como se disse neste blog na última segunda-feira (29/08), A melhor coisa que poderia ter acontecido ao Brasil foi a Veja ousar tanto quanto ousou em seus delírios de poder.
O prodígio de sem-vergonhice daquela revista, derramado sobre o país na manhã do sábado passado (27/08), espera-se que faça o partido finalmente renunciar à adesão parcial que vinha dando à “estratégia” furada do governo Dilma que levou a sua titular a prestigiar a festa de aniversário da criminosa Folha de São Paulo, que tantos ataques à democracia tem em seu currículo, e que faça o governo propor ao Congresso uma lei que acabe com a absurda concentração de propriedade de meios de comunicação que há no Brasil, sem prejuízo da responsabilização criminal desses meios ao cometerem abusos como o da Veja.
O PT até parece ter ouvido os alertas que foram feitos neste blog sobre o novo Cansei que se desenha e germina como efeito do alarde midiático sobre corrupção exclusivamente no governo do PT e que esse governo, da forma como vem agindo, admite que existe. Vejam, abaixo, a outra notícia a que se refere o título desta postagem.

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O Globo
2 de setembro de 2011
Movimentos na internet contra a corrupção ganham força
RIO – A indignação da sociedade após a deputada Jaqueline Roriz se livrar do processo de cassação do mandato na Câmara dos Deputados aumentou a adesão dos internautas a protestos contra a corrupção divulgados pela internet. No Facebook, a “Marcha Contra a Corrupção em Brasília” conseguiu metade das 11 mil adesões, somente nos dois dias seguintes à absolvição de Jaqueline. Já na página do movimento “Reação contra a Corrupção – O Brasil de Luto” , cerca de duas mil pessoas confirmaram presença logo após a decisão da Câmara.
VOTE: Você vai participar de algum protesto contra a corrupção?
NO LIMITE DA ÉTICA: Conheça algumas das brechas de corrupção no governo
INFOGRÁFICO: Relembre os escândalos no governo Dilma
- A manutenção do mandato da deputada fez o nosso movimento explodir. Sabemos que nem todos que confirmaram presença vão poder ir, mas esperamos reunir pelo menos dez mil pessoas no protesto – conta o empresário Walter Magalhães, de 28 anos, que com mais duas amigas organiza a marcha em Brasília.
O movimento Brasil de Luto conta nesta quinta-feira com 21 mil adesões de vários estados do país. A ideia é fazer a população se vestir de preto no feriado do dia 7 de setembro para mostrar a sua indignação contra os corruptos e a impunidade no país.
- Todo escândalo mexe com a nossa vontade de reagir. Nosso movimento cresce no boca a boca. Mas ainda pode ser maior. Mais de 80 mil pessoas receberam convites do protesto pelo Facebook – conta a empresária Ilze Papazian, de 44 anos, organizadora do protesto.
A marcha em Brasília está marcada para as 9h no Museu Nacional. A ideia, segundo os organizadores, é seguir em passeata até o mais próximo possível do palanque onde ficarão os políticos que vão assistir à Parada Militar de 7 de setembro.
- É um movimento pacífico. Só queremos mostrar a nossa indignação. E conscientizar que também somos responsáveis pelo alto índice de corrupção no país – ressalta Walter, que também pede que os manifestantes vistam preto ou nariz de palhaço.
Os dois movimentos fazem questão de se apresentar apartidários. Nos manifestos, ainda ressaltam a importância de não levar bandeiras ou símbolos de qualquer partido.
- É a primeira vez que me envolvo em um manifesto. Fui empurrada pela minha indignação e pela impaciência de ver tudo muito quieto por parte dos principais interessados e acabar com essa situação: nós, o povo – desabafa Ilze.
Outro movimento pelo Facebook, o Todos Juntos contra a Corrupção já conseguiu mais de 20 mil confirmações de presença para o ato de protesto no dia 20, na Cinelândia, no Rio de Janeiro. O protesto chegou a ser tema de reportagem do jornal espanhol El País .
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Isso vem sendo armado há muito tempo. A célebre matéria do correspondente do periódico espanhol El País Juan Arias foi combatida duramente neste blog há meses, pois então já se percebia, aqui, o que estava sendo tramado, sobretudo com a ampla repercussão que aquele discurso hipócrita ganhou da imprensa golpista local.
Para concluir, resta dizer que esses movimentos podem até sair à rua, mas seus mentores intelectuais enfrentarão oposição de pessoas como as que acompanham a luta deste blog e do Movimento dos Sem Mídia, que, certamente, darão uma resposta, pois os que hoje relutam em reagir, vendo o que a direita está armando, entenderão que a luta, agora, será na rua e que isso poderia ter sido evitado se Dilma não tivesse sonhado com uma Paz dos cemitérios.
Aos novos cansados, pois, quero dizer que podem vir quente que nós estamos quase fervendo. Só precisamos de vossas manifestações teatrais para atingirmos o ponto de ebulição. Vocês não perdem por esperar, sobretudo agora que o PT começa a acordar.

Em Congresso, Dirceu é aclamado por militantes do PT em Brasília e Lula diz que apoiará reeleição de Dilma

Por Franco Ahmad

  • "Dirceu, guerreiro do povo brasileiro".

Durante a abertura do 4º Congresso Nacional do PT, na noite de hoje, quando o apresentador do evento chamava os ex-presidentes nacionais e os ministros do partido, o ex-ministro José Dirceu foi aclamado de pé pelos militantes. Dirceu foi recebido aos gritos de "Dirceu, guerreiro do povo brasileiro".
Reportagem da revista Veja revelou, no último final de semana, que José Dirceu - apontado pelo procurador-geral da República como "chefe da quadrilha" do mensalão - mantém uma espécie de gabinete paralelo num hotel de luxo em Brasília, em que recebe ministros, senadores, deputados e até lideranças da oposição.
Compõem a mesa ao lado de Dirceu os ex-presidentes do PT José Genoino, o deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), as ministras da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e o presidente do PT, Ruy Falcão.
  • Reeleição da presidente Dilma
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou, durante o 4º Congresso Nacional do PT, que apoiará a candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014. "Oito meses de governo é muito pouco para quem vai governar esse País por oito anos", afirmou, dizendo-se "muito orgulhoso" de sua sucessora e pedindo à população tempo para que apareçam as realizações do governo Dilma.
Sobre os confrontos com aliados - que levou à saída do PR da base de apoio do governo - Lula citou as lideranças presentes de outros partidos, como o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, e o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral. E avisou a Dilma que ela não estará sozinha, apesar dos desentendimentos com alguns aliados: "Tenha certeza de uma coisa, Dilma, aqui neste palanque não tem mar revolto, não tem vendaval, não tem vulcão que você não possa vencer, conte conosco". Não havia liderança do PMDB - partido do vice-presidente, Michel Temer - presente no encontro.
Lula se declarou favorável à realização de prévias partidárias. No entanto, destacou que defende que as prévias sejam realizadas ou não, "de acordo com a realidade política de cada região". Lula trabalha para que não haja prévias em São Paulo, onde ele deseja que o ministro da Educação, Fernando Haddad, seja o candidato à prefeitura. Por fim, Lula deu, publicamente, seu aval para que o partido aprove uma moção de desagravo ao ex-ministro José Dirceu.

 Fonte: Agência Estado

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Haddad: "Possibilidade de aliança entre PT e PMDB no 1º turno é remota"


Marina Dias
De Brasília (DF)


Bacharel em Direito, mestre em Economia e doutor em Filosofia, o ministro da Educação, Fernando Haddad, tem o desafio de se tornar o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo em 2012. Mais do que isso: aos 48 anos, com fala serena e terno sempre alinhado, precisa ganhar musculatura para fazer campanha, conquistar a militância do partido e justificar todo o apoio que o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff dão à sua candidatura.
Não é tarefa simples. Entretanto, na entrevista exclusiva que concedeu a Terra Magazine, em seu gabinete em Brasília, o ministro mostrou que já se articula com os dirigentes do PT em São Paulo e que tem consciência de que uma aliança com o PMDB no primeiro turno é uma "possibilidade remota".
Sobre ministério, Haddad fala com tranquilidade, valida-se de muitos dados e termos técnicos, ao estilo Dilma Rousseff, e mostra-se bem mais confortável do que quando o assunto em pauta é eleição.
Mesmo assim, o ministro diz que "já tem alguns anos" que conversa com o ex-presidente sobre uma possível candidatura em São Paulo, e que o partido está aberto a ajudá-lo no que for preciso.

Ministro Fernando Haddad já conversa com lideranças
e se articula como candidato do PT em São Paulo
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil


Confira a seguir as principais partes da entrevista

Terra Magazine - O senhor é ministro da Educação desde 2005. Acredita que o ProUni (Programa Universidade para Todos) foi a grande conquista de sua gestão?

Fernando Haddad - O ProUni é um programa de muita visibilidade e que vai atingir, até o final desse ano, a marca de um milhão de bolsas concedidas. Então, não há como negar a sua importância, sobretudo para aqueles que não tinham a possibilidade de acesso ao ensino superior. Agora, do ponto de vista estrutural, eu penso que a marca que nós vamos deixar é o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), que promoveu a maior reforma educacional que o Brasil viveu e que atingiu desde a educação infantil à pós-graduação, passando pelo ensino fundamental, médio, expansão das universidades, fixação das metas de qualidade, criação de indicadores que são monitorados pela sociedade, enfim, um conjunto de ações aderido por 5.563 prefeitos e 27 governadores. O PDE, do qual o ProUni faz parte, é uma visão de conjunto e é o que, na minha opinião, vai ficar para a história da educação do país.

E o que ainda falta fazer?
Nós temos três projetos importantes no Congresso Nacional: o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), que foi aprovado na Câmara na quarta-feira (31) com mínimas alterações; a empresa pública de gestão dos hospitais, que vai garantir que 100% dos leitos dos hospitais sejam vinculados ao SUS (Sistema Único de Saúde); e o Plano Nacional de Educação (PNE), que institucionaliza a cultura do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) lançado em 2007, e projeta a educação brasileira para 2020. Se nós aprovarmos mais essas três iniciativas, eu diria que a reforma educacional que pretendíamos fazer prepara o país para os próximos dez anos.

Os problemas com o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) - prova roubada em 20
09 e os erros de impressão no gabarito em 2010 -, foram alvos de duras críticas para o MEC. Quem errou?
Quem errou já foi punido. O criminoso que furtou a prova do Enem em 2009 foi condenado a mais de cinco anos de prisão. E eu penso que se fez justiça num prazo relativamente curto. Pouco mais de um ano depois do crime, veio uma punição em primeira instância e o Ministério Público (MP) pediu pena mais severa, com a qual eu concordo, porque foi um crime contra o Estado e a juventude. E o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), que sofreu um abalo muito grande em função dessa agressão, vem se restabilizando e, a meu ver, reencontrando seu caminho como um dos melhores institutos de pesquisa educacionais do mundo.

E os erros de impressão em 2010?
A gráfica assumiu. Ao contrário de 2009, a gráfica assumiu 100% dos prejuízos e reaplicou-se a prova para 0,1% dos candidatos que não tiveram a oportunidade de substituir seus cadernos de prova. Não houve necessidade de ação judicial.

O senhor sabe quem, se for candidato à Prefeitura de São Paulo em 2012, isso poderá ser usado contra o senhor na campanha.
Eu espero discutir o Enem com muita tranquilidade. Espero que seja um tema de campanha, porque nós colocamos três milhões de pessoas a mais para estudar nas universidades graças ao Enem. Primeiro, como porta de entrada do ProUni e, depois, como porta de entrada da expansão das universidades federais. Será excelente se esse assunto entrar em pauta.

Na última semana de agosto, a prova ABC (feita com seis mil alunos do 3º ano do ensino fundamental em todas as capitais do país) trouxe resultados negativos para a educação no Brasil. Somente 32% dos alunos tiveram o desempenho esperado. Como o senhor encara essa estatística e o que é preciso fazer para melhorá-la?
A qualidade da educação no Brasil vem melhorando segundo todos os indicadores. Acho incrível que ainda haja especialistas que neguem as evidências empíricas e recusem os números que não são do Ministério da Educação, mas de organismos internacionais, dando conta de que nós promovemos uma inflexão positiva da curva de qualidade da educação no país. Hoje, o que se discute é o ritmo da melhora e não a melhora propriamente dita.
A importância dessa prova ABC é a seguinte: ela revela que as desigualdades educacionais começam muito cedo, o que estimula os investimentos que o MEC decidiu fazer ainda em 2007 na educação infantil. Incluímos a educação infantil no Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) e criamos o inédito programa de expansão da rede física de creches e pré-escolas, o Pró-Infância, que a presidenta Dilma incluiu no PAC 2, ou seja, transformou num programa estratégico do seu governo, com o compromisso de convênio para a construção de mais 6 mil novas unidades até 2014. Não é a escola em si, é todo um preparo que tem que ser feito junto às famílias e junto aos estabelecimentos de educação infantil para que essas desigualdades não se reproduzam ao longo do ciclo educacional.

Sobre as eleições municipais em São Paulo: quando e como o ex-presidente Lula disse ao senhor que o queria como candidato do PT?
Na verdade, o presidente Lula é uma pessoa muito comprometida com a renovação do partido. Eu sempre faço menção a uma característica dele pouco notada, que é o fato de ele ter promovido muitos secretários nacionais, secretários executivos e assessores à condição de ministro, como Alexandre Padilha (Saúde), Orlando Silva (Esporte), eu mesmo, Izabela Teixeira (Meio Ambiente) e por aí vai... Para usar uma metáfora futebolística tão ao gosto dele: o presidente Lula é um olheiro, ele observa as pessoas e verifica como promover quem considera que está politicamente engajado, mas que tem a capacidade de executar com uma máquina pública tão debilitada como é a do Estado brasileiro. A partir desse momento, ele estimula para promover uma política renovada, arejada, oxigenada, com novas ideias, com novos quadros...

É isso que ele aposta no senhor.
Aí não seria adequado falar. Sobre mim, especificamente, ele é que tem que dizer. Mas o que eu noto é que ele tem uma satisfação pessoal em oferecer oportunidades para todos que considera capaz de renovar a política no Brasil.

E quando ele avisou que estava sendo "olheiro" do senhor?

Desde que ele me convidou para ministro.

Mas e para ser candidato em São Paulo?
Já tem alguns anos que a gente conversa sobre São Paulo. Mas, a partir do momento em que ele dá oportunidade para alguém que não tem a trajetória, digamos, tradicional na política, e oferece a condição de ser ministro do governo dele, o que ele está sinalizando, não é?

Assim como a presidente Dilma, o senhor teve uma carreira bastante administrativa. O que o senhor precisa ganhar ou aprender para se tornar um candidato - mais do que isso, o candidato de Lula e da presidente Dilma?
É uma trajetória completamente diferente da que eu vivi até aqui, então terei que passar por um processo de adaptação e aprendizado muito grande pela frente. Mas o que eu noto no PT é uma disposição em colaborar com isso. As pessoas com mais experiência em eleições, campanha, montagem de governo, estão se mostrando muito solícitas e disponíveis para conversar comigo. Você não procura um dirigente e ele desconversa. Ao contrário, ele diz: "independente do meu alinhamento com a sua candidatura, eu vou te ajudar". O clima é de cooperação.

Mas, pessoalmente, o que o senhor acha que precisa para ser um candidato?
Eu preciso fazer o que me dispus a fazer. Preciso participar das caravanas que estão sendo, para mim, mais que para os outros, muito importantes. Porque dos outros quatro pré-candidatos (senadores Marta e Eduardo Suplicy e os deputados federais Jilmar Tatto e Carlos Zarattini), dois já foram candidatos à prefeitura - a Marta três vezes e o Eduardo, duas. Pessoas a quem já foi oferecida uma oportunidade no passado para a estreia. E sempre tem uma estreia.

E a aproximação com a militância?
Preciso disso e acho que as caravanas e discussões vão me ajudar.

O ex-presidente chamou os quatro pré-candidatos do PT para uma conversa reservada (exceto Eduardo Suplicy). O senhor foi o primeiro a ser recebido e fez a reunião mais demorada. Lula disse que iria costurar o apoio em torno do senhor naquela tarde?
Não. Nós não tratamos das outras candidaturas, nós falamos de São Paulo. Ele queria saber como andavam as conversas com os dirigentes, quis se apropriar do que estava acontecendo para poder ajudar. Acredito que foi uma conversa parecida com todos.

O ex-presidente falou alguma coisa sobre pedir para que a senadora Marta Suplicy permanecesse no Senado, assim como já pediu a presidente Dilma Rousseff?
Não. De maneira nenhuma.

E sobre a possibilidade de desistência dos outros candidatos, evitando assim as prévias internas no PT. O senhor e Lula já falaram sobre isso?
Não, não, ele nunca tratou disso. Nem naquele dia nem em nenhum outro, até porque ele sabe que não depende de uma única pessoa a realização ou não das prévias. É um processo complexo e dinâmico.

O senhor já está costurando o apoio em torno da sua candidatura com as lideranças do PT em São Paulo? Como estão as conversas?
Uma vez que uma das minhas colocações preliminares sobre essa pré-candidatura era a de que, de segunda a sexta-feira, eu estaria 100% envolvido nas minhas atividades do MEC, nos poucos momentos que tenho fora das caravanas, eu me dedico ao diálogo interno com os vereadores, deputados estaduais e federais, com os dirigentes do diretório municipal, estadual e nacional, para ouvir as expectativas dessas pessoas e me colocar como alguém que quer que o processo de escolha de um nome para 2012 termine em unidade.

Alguns dias depois de receber os pré-candidatos petistas, o ex-presidente recebeu o deputado federal Gabriel Chalita, pré-candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo. O senhor acredita numa chapa única com Chalita, com o PT na cabeça?
Olha, nesse momento eu acredito que há uma grande possibilidade de PT e PMDB estarem juntos num segundo turno. Estarem juntos num primeiro turno é uma possibilidade remota.

Tem gente no PT que acha que é melhor ter dois candidatos, um do PT e um do PMDB, para minar o caminho do PSDB na capital; enquanto outros querem essa chapa única, como no governo federal. Com quem o senhor concorda?
São cálculos políticos que vão ser feitos no momento adequado. É importante estabelecer essas pontes desde logo para que haja unidade em torno de um mesmo plano para a cidade.

Se não foi sobre chapa única, então o que o senhor acha que Chalita foi falar com Lula?
Não participei da conversa, mas imagino que os dois falaram dessa ponte necessária, até pelo papel decente que o Chalita teve na campanha da presidente Dilma em 2010, de impedir que aquela campanha subterrânea, de difamação e calúnia, prosperasse no seio de pessoas que têm suas crenças, sua fé, que merecem todo o respeito, mas que estavam sendo influenciadas por propaganda enganosa e anônima.

Se a sua candidatura emplacar de vez no PT, quando o senhor irá deixar o Ministério da Educação para fazer campanha?
Quando falei com o presidente Lula e a presidenta Dilma sobre o assunto, eu assegurei que, enquanto tivesse condições de cumprir meu papel no ministério adequadamente, eu gostaria de permanecer no MEC, mas, evidentemente, é preciso ter muita responsabilidade e saber o momento correto de sair.

O ex-presidente Lula gostaria que o senhor saísse em campanha logo, enquanto a presidente Dilma prefere que o senhor fique um pouco mais no cargo...
Não houve esse tipo de conversa sobre datas, até porque seria prematuro. Temos ainda uns dois ou três meses de trabalho junto ao Congresso para o MEC e as caravanas, que ainda estão começando.

E quem será seu sucessor?
Isso cabe à presidenta escolher.

Acredita que o MEC ficará com um dos petistas que pleiteiam a candidatura à Prefeitura de São Paulo, como a senadora Marta Suplicy?
Realmente prefiro não comentar. Um assunto desses é uma prerrogativa quase que exclusiva do chefe do Executivo. Jamais fiz um movimento no sentido de ser convidado para ser ministro da Educação e tive a honra de ser convidado três vezes. Se eu não fiz por mim, imagina por outros. Isso seria deselegante com a presidenta. Quanto menos constrangimentos nós causarmos, melhor.

Murdoch em Oslo

Por Mauro Santayana - Rede Brasil Atual
 
O ódio ao imigrante é um dos produtos de um jornalismo sórdido que alimenta a direita, da Alemanha à Inglaterra, dos EUA ao Brasil.

Entre as explicações para a grande tragédia de Oslo –  anúncio sangrento de que o nazismo, com outros nomes, está de volta –, uma não mereceu maior atenção dos analistas: a influência dos grandes meios de comunicação, como os controlados por Rupert Murdoch, xenófobos, anti-islâmicos, defensores de uma “Europa limpa e pura”.
Não é difícil associar o processo de homogeneização dos meios de comunicação do mundo inteiro – na defesa de ideias como as de que há uma guerra de civilizações, entre o Islã e o Ocidente Cristão – e o crescimento global de organizações de extrema direita. Melanie Phillips, no Daily Mail, resumiu a situação: “Brejvik talvez seja um psicopata desequilibrado, mas o que emerge agora de seu ato atroz é o delírio de uma cultura ocidental que perdeu sua razão”.

Por mais voltas que dermos à inteligência, na busca de profundas e complexas interpretações para essa tendência ao suicídio da civilização contemporânea, sempre chegaremos à ideia mais simples: o capitalismo apodreceu o que restava de solidariedade no processo de civilização ocidental ao universalizar o american dream, fundado na competição e no êxito individual, de qualquer forma. Quando um líder chinês, Deng Xiaoping, proclama que é bom enriquecer, o calvinismo se une ao taoísmo para sepultar Mao Tsé-tung e execrar Marx.
O grande perigo da infecção que, sob a Alemanha de Hitler, se identificou no nazismo é a combinação do instinto das feras – que lutam pela supremacia em seu espaço de caça – com a aparente lógica científica. O racismo é o mais perfeito “apodrecimento da razão”, conforme a definição de Lukács. Investigações recentes sobre a inteligência revelam que não há a menor diferença da capacidade mental entre todas as etnias do mundo: um negro africano tem, em média, o mesmo QI de qualquer nórdico. O que pode diferenciá-los, como indivíduos, e não como grupos étnicos, é a educação, isto é, o treinamento intelectual.

Desde que as sociedades políticas se organizaram, a linguagem passou a servir como instrumento de convencimento a favor do poder e como arma na resistência contra os opressores. A retórica está a serviço do poder, legítimo ou não; a crítica serve à resistência libertária. Como em tudo o mais, o melhor exemplo é grego: os oradores se dividiam, na praça pública, em defesa dos governantes ou contra eles. E os outros meios de comunicação – textos literários, ensaios filosóficos e, sobretudo, o teatro – iam mais além, na crítica ou no elogio ao sistema político de então.
As coisas não mudaram muito em sua essência, mas a tecnologia ampliou a força da palavra – e da imagem. A maioria dos mais poderosos veículos é controlada pelo poder financeiro, e tem servido para submeter governantes aos seus interesses. A técnica é impor o pensamento único e exacerbar a violência, a fim de manter os povos submissos, reduzir os homens à condição de trabalhadores dóceis e consumidores vorazes.

Murdoch é hoje o símbolo da manipulação da verdade e das ideias, a serviço do fundamentalismo mercantil. A crise política de 1929 fez com que o capitalismo alemão financiasse Hitler e seus criminosos. E mediante o controle dos meios de comunicação o nazismo envenenou parte do povo alemão com o mito da superioridade racial. A crise atual do capitalismo neoliberal financiou Murdoch e seus 200 jornais no mundo – mas ele não está só.
O ódio ao imigrante, um dos produtos desse jornalismo sórdido, deu origem a Brejvik, e alimenta a direita, da Alemanha à Inglaterra, dos Estados Unidos a São Paulo e ao Rio Grande do Sul. Os muçulmanos são os novos judeus da Europa, enquanto, para a extrema direita nacional, os negros, nordestinos e mestiços são os odiados “muçulmanos” do Brasil

Petrobras ataca método "asqueroso" de Veja

Petrobras ataca método Foto: Divulgação

José Sergio Gabrielli, que já foi editor de jornal, diz que encontros com Zé Dirceu são normais; além de presidente da estatal, ele é pré-candidato ao governo da Bahia; Fabio Barbosa, novo chefe da Abril já foi do conselho da Petrobras

02 de Setembro de 2011 às 05:42
247 – Citado na polêmica reportagem de Veja do último fim de semana, que retratou encontros de José Dirceu com autoridades do governo e com parlamentares no Hotel Naoum, em Brasília, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, decidiu reagir. Em entrevista ao blog Viomundo, ele classificou o jornalismo de Veja como “asqueroso”.
Gabrielli é pré-candidato do PT ao governo da Bahia em 2014 e as articulações passam por várias lideranças do partido – José Dirceu é apenas uma delas. O presidente da estatal também tem uma relação próxima com o executivo Fabio Barbosa, que será o próximo CEO do grupo Abril. Barbosa, ex-presidente do Santander, foi do conselho de administração da Petrobras e chega à Abril com poderes sobre a área editorial e a missão de buscar mais equilíbrio e isenção nas publicações do grupo – leia reportagem sobre as peças da sucessão na Veja.
Abaixo, a entrevista de Gabrielli ao Viomundo:
Viomundo – Há quanto tempo o senhor é filiado ao PT?
Sergio Gabrielli – Desde a sua fundação.
Viomundo – E amigo de José Dirceu?
Sergio Gabrielli -- Há cerca de 30 anos, tempo que regula com a idade do Partido dos Trabalhadores.
Viomundo – Na “matéria” é dito que o senhor teria ido ao Hotel Naoum se encontrar com José Dirceu para tentar se fortalecer para continuar à frente da Petrobras, já que que Palocci queria tirá-lo do comando. Ao mesmo tempo, diz que José Dirceu é consultor de empresas no setor de petróleo e gás e que ele precisaria estar informado para fazer mais dinheiro. O que o senhor teria a dizer sobre isso?
Sergio Gabrielli – A matéria da Veja chega a ser asquerosa, fruto de péssimo jornalismo. O texto é mentiroso e cheio de ilações sem base em fatos. A partir de fotos de pessoas entrando e saindo de um hotel, a revista faz ilações absurdas sobre o que teria sido discutido e conversado nesses encontros. Trata-se, como disse, de péssimo jornalismo.
Viomundo — O que o levou a se encontrar com José Dirceu no Naoum?
Sergio Gabrielli — Como disse, somos amigos há 30 anos e não comentarei o que converso com meus amigos.
Já há, em Brasília, um inquérito aberto para apurar o crime de tentativa de invasão de domicílio por parte de Veja. A polícia tem, inclusive, um vídeo com imagens do repórter Gustavo Ribeiro (leia mais). Reinaldo Azevedo, blogueiro da Abril, passou a defender a demissão imedidata de Gabrielli da Petrobras, em função de seus encontros com Dirceu.

do 247

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Com Lula, estádio e dinheiro, Corinthians é 101

Postado por Everton Aráujo
Extraido do 247



Foto: Divulgação

O centenário do Corinthians chegou ao fim nesta quinta-feira. O clube da segunda maior torcida do país completa hoje 101 anos com homenagem da torcida, que logo cedo colocou dois termos relacionados ao aniversário (#parabenscorinthians e #101anos) entre os temas mais comentados no Twitter. O Corinthians também passará o dia do aniversário mais aliviado. A vitória por 3 a 2 sobre o Grêmio, no Pacaembu, na noite de ontem, acabou com a sequência de duas derrotas consecutivas e amenizou o clima tenso com a torcida. “A pressão é grande no centenário, no aniversário de 99 anos, no de 101. Clube grande tem de fazer boa campanha e bater título porque o bicho pega. Clube grande vive de títulos. Técnico faz carreira com grandes trabalhos. Bater campeão é necessidade”, afirmou Tite.
Ao contrário do que imaginou o presidente Andrés Sanches e os mais de 30 milhões que fazem parte da torcida, o Corinthians terminou suas comemorações dos 100 anos sem ter conquistado títulos. Neste ano, porém, há outros motivos para festejar. Entre eles, a construção do tão sonhado estádio, a modernização do Centro de Treinamento de Itaquera e a contratação de Adriano, que ainda não estreou. O clube também ficou mais rico. Em relatório lançado em junho, o Corinthians apresentou receitas de R$ 212,6 milhões em 2010, 17% a mais que em 2009.
Para celebrar o dia festivo, o clube quer a ajuda dos “fieis”. Em ação feita também em 2010, o departamento de marketing alvinegro vem convocando os torcedores para mostrar seu amor ao clube na data, usando a camisa do Timão no trabalho, no colégio ou pendurando faixas e bandeiras em janelas, sacadas e carros. A expectativa é por uma grande adesão ao menos na cidade de São Paulo. Para conselheiros, membros do futebol, dirigentes e convidados, o clube promoverá um jantar, no Anhembi, com show da cantora Maria Rita. No próximo sábado, os torcedores terão uma festa no Itaquerão, com a presença do ex-presidente Lula. A Odebrecht, organizadora do evento e responsável pela construção do estádio, prevê um público de 14 mil pessoas.
Um grande marco neste ano, sem dúvidas, foi o desvencilhamento do time com o clube dos 13. Após ruptura iniciada por Sanchez, o Corinthians irá negociar por conta própria os contratos de TV para transmissão dos seus jogos no Campeonato Brasileiro. Entre 2012 e 2015, o alvinegro receberá anualmente mais de R$ 100 milhões da Rede Globo. “Como todos os recursos no Corinthians, a ideia é usar esse dinheiro para fazer um time mais forte e competir com mais chances de título. O Corinthians está se estruturando e nessa administração deu um grande salto”, disse Duílio Monteiro Alves, diretor de futebol do clube.


Ministério do Esporte convoca cartolas e pode suspender convênio de R$ 6 mi

Por Everton Araújo

O Ministério do Esporte define hoje se romperá o contrato de R$ 6,2 milhões com o Sindicato Nacional das Associações de Futebol (Sindafebol) para realizar o cadastramento das torcidas organizadas no País. Oito meses após a assinatura do convênio milionário, e mais de quatro meses depois da liberação do dinheiro, o cadastramento ainda não saiu do papel, conforme revelou reportagem do Estado publicada ontem.Ministro Orlando Silva é criticado por oposição, que quer convocá-lo para dar explicações no Congresso sobre convênio firmado com sindicato
Em nota divulgada ontem à noite, depois das cobranças por explicações feitas pela Controladoria-Geral da União (CGU) e políticos da oposição, a assessoria do ministro Orlando Silva informou que convocara para hoje reunião com a entidade dirigida por cartolas. A reunião se destina a 'examinar com a entidade a continuidade do convênio e as condições da sua execução'.

Em entrevista ao Estado, o presidente do Sindicato, Mustafá Contursi, informou que a entidade ainda analisa a capacidade operacional do cadastramento. O próprio sindicato havia atestado sua capacidade para tocar o convênio, questão posta em dúvida por parecer jurídico do ministério, datado de 14 de dezembro, duas semanas antes do fechamento do contrato.

A capacidade técnica e operacional da entidade foi avalizada pelo então assessor especial de futebol e atual Secretário Nacional de Futebol, Alcino Reis. O sindicato seria, segundo ele, o 'parceiro ideal' para o cadastramento dos cerca de 500 mil torcedores até março de 2012.

Embora esse cadastramento não tenha saído do papel, e se limite atualmente a um 'teste' da proposta em Curitiba, por técnicos não contratados, o Ministério do Esporte nega, em nota, que o projeto seja 'fantasma'. O ministério também nega relação do projeto com a Copa do Mundo. Mas é um documento assinado por Alcino Reis que faz essa relação. 'O projeto traz em seu contexto que é preciso aproveitar a mobilização nacional para mudar o ambiente social, a cultura e o comportamento que existe em torno do futebol como uma ação de preparação do Brasil para a Copa do Mundo Fifa 2014', diz o texto.

Na nota, o ministério afirma ainda que o contrato não consta da matriz de responsabilidade, documento que reúne obras da Copa do Mundo, contrariando a versão do próprio secretário.

Suspeita. A CGU e os partidos da oposição fizeram ontem cobranças públicas ao ministro sobre o convênio. O ministro da CGU, Jorge Hage, enviou ofício a Orlando Silva solicitando esclarecimentos. Conforme revelou o Estado, as empresas citadas como responsáveis pelos serviços afirmam que nunca foram contratadas pela entidade dos cartolas (leia abaixo).

Segundo a CGU, após a análise da documentação que deve ser enviada pelo ministro do Esporte, o órgão de controle poderá pedir o bloqueio dos recursos ou a suspensão do convênio.

DEM, PPS e PSDB querem convocar o ministro para depor no Congresso. O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), vai protocolar também representação na Procuradoria-Geral da República e pedir auditoria especial do Tribunal de Contas da União. 'Há muito dinheiro envolvido e o Ministério do Esporte tem antecedentes de suspeitas de irregularidades em projetos, como o Segundo Tempo.'

'Esse ministro é assim mesmo: promete e não cumpre, e canaliza dinheiro para projetos de fachada. Tenho certeza que chegará ao Senado sem explicações', afirmou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

* Fonte: esportes.br.msn.com

Lavaram a Ficha Suja

Por Franco Ahmad

Certa vez, o Presidente da França, Charles De Gulle, depois de perambular pelos Gabinetes das Autoridades deste país e ver a bandalheira correndo frouxa, ao tomar o avião de volta para seu país, comentou com os mais próximos: “O Brasil não é um país sério”.

Este fato aconteceu há décadas e não foi profético o Presidente, ele apenas comentou o que todo mundo já sabe desta Terra de Cabral.

Os escândalos neste país germinam em terra fértil já preconizada por Pero Vaz de Caminha em sua carta ao Rei de Portugal: “Nesta terra, em se plantando tudo dá”. Principalmente escândalos seguidos, apurados e nem sempre punidos.

Poderia citar muitos e muitos, mas, de passagem pelo Nordeste quem não se lembra do Escândalo da Mandioca, não pelo tamanho dela, mas, pelo dinheiro que levaram por meio dela.

Grandes instituições criadas para o desenvolvimento nesta parte de cima do país, como a SUDENE e a SUDAM, serviram para enriquecer uns poucos e deixar rombos imensos nos cofres delas.

Não podemos falar da saúde para não relembrarmos o Escândalo das Ambulâncias. Não podemos falar dos grandes homens sem mencionar os Anões do Orçamento.

As máquinas do DNIT rasgaram estradas para a caravana da corrupção. No Ministério do Turismo a festa foi maior que a ganância do bolso de seus promotores.

Todos os dias um Governador, um Senador, um Deputado, um Prefeito, um Vereador sai na mídia mostrando seu lado podre e nem por isso as aves de rapina o extirpa da vida pública. Parece que até estes tipos de animais não se dão bem com este tipo de carniça.

A nossa Justiça, não sei se é conveniente falar, mas, tem uns Lalaus da vida que recebem punição para ficar em casa, sem devolver nada do que levou e recebendo alto salário como pena. Têm outros que fazem dos Tribunais de Justiça, mercado de sentença como se atuando em feira livre de produtos piratas. E no INSS as georginas deitam e rolam como sanguessuga dos aposentados.

Nessa terra onde são punidos apenas os caseiros e os coitados dos ladrões de galinha, os de colarinho branco esnobam o roubo e sorriem da absolvição prévia.

Quem idealizou a Ficha Limpa, fui um desses abnegados sonhador de que tudo isto acabaria. Ledo engano. Na terça, deram mais força para a Ficha Suja. Dos 513 Deputados da Câmara Federal, 415 compareceu para julgar o Caso Jaqueline Roriz. A expectativa era grande tanto dentro como fora do Congresso, afinal, o voto seria secreto.

Dos 415 Deputados presentes, 265 cordeirinhos e mansos de corações votaram pela absolvição da Deputada. 166 condenaram-na e 20 se abstiveram.

Como se vê quem tem Ficha Suja tem regalia. Quem tem Ficha Suja não se enlameia. Quem tem Ficha Suja não é punido neste país.

Quem tem Ficha Suja é lavada nas conchas curvas e convexas do Congresso Nacional. Quem mandou Oscar Niemeyer construir bacias tão grandes no Planalto Central do Brasil ao lado do Lago do Paranoá?

Ficha Suja, neste país, é para ser lavada descaradamente na cara da opinião pública dos eleitores.

Até quando?
aconteceu.com

Há ranger de dentes na República da Roda Presa

Por Fernando Brito do Tijolaço


As reações à decisão do Banco Central de baixar os juros – em 0,5% – provocou uma onda de ira na República da Roda Presa.
A colunista Miriam Leitão diz que o BC foi “atropelado pela coalisão inflacionista”, que seria formada pelos ministros da área econômica e outros que envolveram a “pobrezinha” da Presidenta e a fizeram pressionar o Banco Central.
Não é uma análise, é um chororô disparatado.
Tratemos primeiro das tais “pressões políticas”.
Toda semana, senão todo santo dia, o BC sofre pressões políticas. A cada segunda-feira ele próprio solta um boletim, o Focus, com um apanhado do que o mercado “está pedindo” em matéria de taxas de juros. Geralmente, aliás, pedindo para cima.
Não há nada de errado em fazê-lo. Como não há nada de errado em jornalistas, economistas, empresários, sindicalistas, ou qualquer cidadão fazê-lo. Muito menos os ministros ou a Presidenta, aliás quem nomeia os integrantes da direção do Banco Central.

Afinal, o Banco Central é um agente político, pois é quem faz a política monetária. Reparem, não a técnica monetária, porque é uma ação técnica que tem de ouvir, pesar e decidir levando em conta inúmeros fatores econômicos e sociais. Isso não tem nada de mais: afinal, o Ben Bernanke, chefão do Federal Reserve dos EUA não se mostra preocupado com o desemprego, com a retração da economia e diz que, em função disso, manterão os juros baixos?
Mas vamos a um detalhe muito importante: se era pressão, e o Banco Central foi constrangido a ceder, lógico que seria uma concessão mínima. A taxa teria baixado 0,25%, no mesmo ritmo que vinha subindo. O Governo ficaria feliz por sinalizar a a baixa de juros, o Banco Central, se queria manter os juros, teria sofrido uma “derrota mínima”.

Mas não: a redução foi de 0,5% e por cinco a dois, na votação entre os cinco integrantes do Conselho.
E aconteceu porque os cidadãos que ocupam lugares naquele conselho não são cegos, e por não serem estão vendo uma crise recessiva mundial batendo às portas do Brasil. Quando escrevem que “os economistas são unânimes em dizer que não era hora de baixar os juros”, reduzem a unanimidade das opiniões aos analistas de sua predileção, funcionários ou amigos da banca privada.

Uma opinião que nem a banca privada tinha, porque já previa a redução futura dos juros, como você pode ler na matéria publicada na semana passada, por Eduardo Campos, do Valor Econômico
De quem ganha dinheiro com os juros altos e ganham menos dinheiro com juros mais baixos. Para ser preciso, este meio por cento a menos vale R$ 4,7 bilhões a menor nos ganhos, em um ano.
Ontem à tarde, escrevi no blog Projeto Nacional, um post enumerando as razões econômicas que justificavam uma reversão na política de juros. Quem puder ler, creio que encontrará argumentos para discutir e esclarecer a tempestade de mídia que virá por aí.

Escrevo perto de 1 hora da manhã, mas não é difícil adivinhar o que serão as manchetes dos jornais de hoje. A República da Roda Presa está em polvorosa.
Perdeu.

Merenda ‘alegada" agora é proibida para Professores no RN.

Por Franco Ahmad

extraido do Santana  em Foco
Jornalista  Bruno Soares - Gazeta do oeste
Foto: Célio Duarte/Gazeta do Oeste


Recomendação do MP e MPF do RN está sendo enviada aos diretores das escolas e gerando insatisfação aos educadores
Se já não bastassem as péssimas condições de trabalho, baixos salários, alunos desmotivados, falta de estrutura e recursos para serem usados em salas de aulas, agora os professores da rede estadual de ensino têm outra preocupação: a alimentação. Os educadores estão sendo orientados a não comer a merenda escolar que é destinada aos alunos.

A Recomendação Conjunta Nº 001/2011 é do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte (MP/RN), por meio da 78ª Promotoria de Justiça da Comarca de Natal, e o Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte (MPF/RN).

Os órgãos recomendam aos gestores das escolas estaduais do RN que, atendendo aos Princípios da Legalidade e da Eficiência do Serviço Público (Constituição Federal, art. 37, caput), apliquem estritamente os recursos oriundos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para a aquisição de gêneros alimentícios destinados à alimentação escolar dos alunos da educação básica pública, em atendimento aos ditames da Lei nº 11.947/2009, devendo-se tomar todas as medidas de gestão necessárias para evitar o indesejado desperdício de alimentos, proibindo-se, em qualquer caso, o uso destes em prol de terceiros não abrangidos pelo PNAE.

Quem descumprir a recomendação está sujeito a pena de responsabilização criminal e administrativa.
Segundo o MP/RN e MPF/RN, o valor per capita da alimentação escolar repassado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) é baixo e o Estado do RN não repassa às instituições escolares os recursos destinados à alimentação de servidores público e trabalhadores terceirizados.

O cumprimento da Lei 11.947/2009 foi discutido em uma reunião na segunda-feira passada, 22, em Natal em que participaram os titulares de todas as 16 Diretorias Regionais de Educação (16ª DIREDs) do Estado.

A diretora da 12ª Dired, Magali Delfino, disse que o clima foi de apreensão entre os diretores. “A reunião durou um tempo a mais que o previsto e teve momentos de discussão mais calorosos. Eu sei que não vai ser fácil os gestores das escolas chegarem para os funcionários e dizerem que eles não podem mais comer a merenda escolar dos alunos. Vamos conversar com os professores, explicar que não é nada contra eles, mas é questão de lei e tem que ser cumprida”, explica.

Aos poucos, os servidores estão sendo comunicados da proibição e a insatisfação tem tomado de conta dos ambientes de trabalho. O coordenador regional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SINTE), Rômulo Arnaud, lamentou a proibição.

Rômulo Arnaud diz que professor só come quando sobra


“Eu achei um excesso de cuidado desnecessário do Ministério Público. Na educação pública tem tantos outros problemas, várias outras questões mais importantes como falta de professores, salas de aulas precárias, para se preocupar”, relata.


O educador afirma que os professores são conscientes de que a alimentação é destinada aos estudantes. “Claro que a gente sabe que a merenda é para os alunos. Mas a quantidade as vezes é muita ou os alunos não comem e acaba sobrando. O professor não come antes do aluno. Ele come quando sobra”, argumentou. Ele lamenta a possibilidade dos alimentos irem para o lixo a partir de agora.

Rômulo Arnaud elenca outros problemas que os educadores vão enfrentar. “No intervalo não tem como o professor ir numa lanchonete ou padaria porque não dá tempo. E os professores que ficam de um turno para o outro porque não tem como ir em casa? E os que muitas vezes não têm dinheiro para comprar um lanche?”, questiona o coordenador do Sinte.



Novo à frente da Abril, Fábio Barbosa vai enfrentar Veja e Exame?

Rede Brasil Atual


Novo à frente da Abril, Fábio Barbosa vai enfrentar Veja e Exame?
Em 2009, abertura de ações do Santander aproveitou liquidez do mercado para remeter
euros para matriz espanhola (Foto: Paulo Whitaker/Reuters - arquivo)

Ainda é cedo para se discutir o leque de decisões que estarão nas mãos de Fábio Barbosa, anunciado como novo presidente executivo do Grupo Abril na semana passada. Ele assume em setembro. Uma delas poderá ser uma reestruturação financeira. Outra poderá ser a ampliação de negócios com outras empresas de telecomunicações. Na espera de novas informações, é possível confrontar alguns conflitos a trajetória de Barbosa com o ambiente da Abril.

O ex-presidente do Santander no Brasil vem de uma trajetória no mercado financeiro marcada pela tentativa de aplicar a esse segmento uma ideia de sustentabilidade socioeconômico-ambiental, algo que, para os bancos, não passa de propaganda cheia de chavões para melhor vender seus serviços. Barbosa utiliza-se do "exemplo que deve ser dado às novas gerações".
Escreveu artigos em jornais e revistas a respeito. Na absorção do Banco Real pelo Santander, a propaganda bateu na tecla do "vamos fazer juntos", intuindo uma interação com clientes e usuários, apesar do caos que foi a fusão tecnológica entre os dois bancos. Ele se orgulhava de responder a todos os e-mails e mantinha um blogue.

Muito além do sorriso de banqueiro feliz com a vida, Fábio Barbosa esforçava-se por pregar ética no meio de banqueiros. Pode até ter sido por isso que saiu do Santander, não sem antes ter traído seus próprios compromissos, ao fazer uma abertura de capital com inflados preços de ações, distantes da realidade do próprio Santander e que muito dificilmente o banco espanhol conseguirá alcançar no tempo prometido. Barbosa e os espanhóis se aproveitaram da liquidez na economia brasileira para remeter alguns bilhões de euros para a matriz.

Pela frente

No Grupo Abril, Fábio Barbosa vai encontrar a revista Exame, voltada ao empresariado brasileiro. A revista prega que o principal papel das empresas é o de dar lucro a seus acionistas, sem se importar com a responsabilidade social. Para manter a imagem que ergueu em sua própria trajetória, Fábio Barbosa precisaria mudar a linha editorial da publicação.

Mas é na Veja que o novo presidente do grupo tem seu pior desafio. A revista semanal representa um conjunto completo de falta de ética na apuração das notícias, condenação prévia e sem provas de quem elege como inimigos, baixarias verbais e preconceitos contra as classes C e D. É a número um do que a blogosfera progressista consagrou como "PIG", o "partido da imprensa golpista".
Faz a pior política para o Brasil, que é a do alinhamento sumário com articulações de oposição e com um ideário próximo ao da extrema direita norte-americana. Tudo isso pode até ter seu nicho de público, mas carrega a publicação a uma brutal rejeição. Cada vez menos se vê leitores com a revista debaixo do braço.
A capa desta semana da Veja, que envolveu tentativa de invasão de quarto de hotel e acesso a imagens do circuito interno de segurança, é apenas um episódio a mais nessa história.
Se quiser aplicar o que pregou até agora, Fábio Barbosa precisaria livrar a publicação de figuras como Reinaldo Azevedo (se não tivesse se afastado no fim de 2010, Diogo Mainardi e J. R. Guzzo poderiam constar na lista).

Pelo percurso traçado por essas duas publicações, pode parecer difícil. Mas o desafio é simples: dar às duas revistas uma linha de jornalismo republicano e respeitoso. Se conseguir, Fábio Barbosa terá mantido seu próprio ideário. Caso contrário, é possível concluir que terá sido cooptado pelo PIG.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Mínimo de Lula a Dilma sobe 60%. O PIG (*) acha um horror

Conversa Afiada

Extraído do Tijolaço




O compromisso foi honrado. Apesar de todas as pressões para que o Governo roesse a corda do acordo feito no ano passado e mudasse a regra prevista no acordo do ano passado sobre o reajuste do salário-mínimo – variação do PIB de dois anos antes mais inflação do ano anterior – a presidenta Dilma cumpriu o combinado.


A ministra Miriam Belchior entregou a Lei Orçamentária do próximo ano prevendo um reajuste do salário mínimo de 13,6% – que é a soma de 7,5% de crescimento do PIB em 2010 e a inflação prevista para este ano, de 6,1%. O valor vai, portanto, a R$ 619,21. Isso significa um aumento médio real, descontada a inflação pelo INPC, de 58, 6% desde o início do Governo Lula, segundo o cálculo do DIEESE. Ou de 91,7%, se usarmos o IPCA como índice deflator.


Pouco, sim, mas no limite do que as contas públicas podem suportar sem nos encalacrarmos em mais dívidas e não um ato demagógico de campanha eleitoral.


Aliás, não é á toa que a direita brasileira fala tanto em demagogia e populismo. Ela entende bem disso.


O Governo pode enfrentar de rosto erguido todos os que reclamaram do reajuste modesto deste ano, quando seguiu as mesmas regras. Mas vai enfrentar muitas pressões por que, agora, não vai haver quem ache que este reajuste é inflacionário. Embora, é claro, tenham dito que vivemos um surto de inflação mesmo sem reajustes expressivos.


Ao contrário. No seu editorial de hoje, para criticar a declaração da presidenta de que os juros devem baixar, o Estadão não teve vergonha de, outra vez, culpar os reajustes salariais pela elevação dos preços:


“O poder de compra tem sido sustentado tanto pelo crédito quanto pelos aumentos salariais. Mais de 80% dos acordos concluídos pelos sindicatos na primeira metade do ano proporcionaram ajustes acima da inflação.”


Deveriam ter sido abaixo? Andam nossos salários tão luxuosos que podem os sindicatos se dar à generosidade de se deixarem ver desvalorizar? E se foi acordo e não greve ou dissídio não estava dentro da possibilidade das empresas de darem?


Vai haver muita chiação da mídia e de partes do empresariado. Paciência. Deveriam lembrar de um antigo ditado que diz que o combinado nunca é caro.


A próxima capa da Veja

Por Eduardo Guimarães, Blog Cidadania





Está cada vez mais difícil acreditar na Veja, para quem quer. Não bastando provas materiais e testemunhais de que seu repórter tentou invadir o domicílio de José Dirceu e a ausência de mísero indício de que ele se reunia com correligionários em um hotel de Brasília para fazer negociatas e conspirações, ela se porta como culpada e ele, como inocente.

O ex-ministro supostamente é o acusado. Ao menos para o grande público, que, ainda – eu disse ainda –, não ficou sabendo do que a revista andou aprontando. Dirceu, no papel de culpado, deveria estar fugindo da repercussão e a Veja, no papel de acusador, deveria estar surfando nela.
Exposta em bancas de jornais por todo país e tendo recebido alguma cobertura da grande mídia, a revista estaria em melhores condições para continuar a vender a sua denúncia do que Dirceu a dele. O que se esperaria, portanto, é que a Veja estivesse falante.

Não é o que se vê. Ontem, assisti a uma extensa reportagem da Record News sobre o caso. Uma matéria correta que contou com entrevista de José Dirceu, que desceu a lenha na Veja. Essa emissora foi o primeiro grande meio de comunicação a se somar à extensa cobertura de pequenos veículos que vem suprindo a afasia jornalística dos grandes.
Dirceu está em uma maratona de manifestações públicas sobre o caso, iniciada quando denunciou em seu blog que a Veja mandou alguém tentar invadir seu quarto de hotel. Nos últimos dias, porém, a frase mais repetida da política tem sido a de que a revista não irá comentar o assunto com a fila de veículos que se propõem a ouvir a sua versão dos fatos.

Claro que deve estar caçando alguma coisa para tentar “matar” o assunto em sua próxima edição. Veja procura algum indício que fortaleça a sua matéria. Está engendrando mais um editorial que tentará vender como reportagem. Necessita, desesperadamente, mudar uma pauta de discussão que cada nova negativa de se manifestar, incrementa.

A próxima capa da Veja, portanto, reveste-se de expressiva importância para o jogo político. O escândalo surdo que a envolve pode ter desdobramentos na postura do governo Dilma em relação à mídia – ou não, o que não deixará de ser um desdobramento político descomunal. A grande aposta é se a revista tentará mudar de assunto ou virar o jogo.
Façam as suas apostas, pois.

Por Franco Ahmad

Abaixo o comentário brilhante do Leitor Alcides no Blog da Cidadania:

  1. alcides
caro Eduardo, acho que vc disse um monte de verdades, mas não tocou no principal. É verdade que a VEJA está isolada. Os demais veículos divulgaram mais a denúncia da revista contra Dirceu o que a denúncia de Dirceu contra ela, mas não está fazendo aquele escarcéu de costume. Isso é sinal de que a VEJA errou a mão e os veículos aliados estão quietos para não serem enredados. A mídia está torcendo para a matéria ser esquecida. Isso vc deixou claro. Eu acho que o governo não vai agir, ou reagir, com a lei de médios, como vc gostaria, por dois motivos: não tem força suficiente, e não vê urgência nisso.
Não tem força porque a mídia forma uma grande cadeia global. A mídia local vai repercutir lá fora sua versão de que está sendo censurada. Isso é ruim para o governo. Não tem força porque muitos políticos da oposição e da base aliada possuem seus veículos de comunicação e seriam prejudicados por essa lei. O governo seria derrotado no congresso. E isso seria feio. Não vê urgência porque essa mídia tem alvejado o governo desde que Lula assumiu seu primeiro mandato e tem levado sovas desde então. Aqueles que querem acreditar na mídia, e são milhões, acreditam como ato de fé, ou por ódio do PT. Porém são uma fração daqueles que não ligam para o que a mídia diz. A sustentação do governo são suas realizações. Enquanto isso continuar, a mídia será derrotada. Quando o governo fracassar, será derrotado, mas não pela mídia, e sim pelos maus resultados colhidos.
Consciente disso, o governo não vê urgência e vai comendo a mídia lentamente, pelas beiradas. O plano de banda larga e a pulverização das verbas de publicidade são tiros certeiras. O trabalho de vcs blogueiros “sujos” é precioso. Ao denunciar os exageros da mídia, vcs conscientizam milhões que antes estavam à mercê dos que a mídia falava. Isso retira credibilidade e poder de influenciar.
Travada assim, a batalha é longa. Não será nocaute, será por pontos, mas a vitória é certa.





Kassab veta Dia do Orgulho Heterossexual em SP

Por Franco Ahmad

Segundo publicação do Diário Oficial de hoje,  O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, vetou o "Dia Municipal do Orgulho Heterossexual",  O prefeito já havia declarado à imprensa que não aprovaria o projeto. Os vereadores da Câmara de São Paulo aprovaram no último dia 2, em segunda votação, o Projeto de Lei número 294/05, de autoria do vereador Carlos Apolinário (DEM). A data seria comemorada em dezembro.
Apolinário negou estar incentivando a violência contra os homossexuais e disse que "o projeto é um protesto contra os privilégios dados aos gays."

Segundo o texto, a provação do projeto iria promover o preconceito. "O texto da 'justificativa' que acompanhou o projeto de lei descreve, em vários trechos, condutas atribuídas aos homossexuais, todas impregnadas de sentimentos de intolerância com conotação homofóbica." Dessa forma, é possível entender "que apenas e tão só a heterossexualidade deve ser associada à moral e aos bons costumes, indicando, ao revés, que a homossexualidade seria avessa a essa moral e a esses bons costumes."


Quem é quem no jogo de sucessão de Veja

Quem é quem no jogo de sucessão de Veja Foto: DIVULGAÇÃO

Na espuma do caso do Hotel Naoum, as apostas estão abertas sobre uma mudança radical no comando da maior revista do País; André Petry é cotado para substituir Eurípedes Alcântara; Mario Sabino e Policarpo Júnior estão em baixa; Wilma Gryzinski é querida pela redação; Augusto Nunes corre por fora (fotos da esq. à dir.); “Um jogo emocionante”, dizia a propaganda


247 – Fonte muito próxima ao ex-presidente do Santander, Fabio Barbosa, que assume em setembro o comando da Editora Abril, garante: “Ele não trocou o banco pela editora para fazer cara de paisagem”. Barbosa é tido como um executivo de carreira impecável, que construiu sua imagem em torno de valores éticos. E que é também uma pessoa muito equilibrada, que foge dos extremos. “Este equilíbrio será levado para a Abril”, garante o interlocutor do executivo. Barbosa, que é amigo pessoal da presidente Dilma Rousseff e foi conselheiro da Petrobras na mesma época em que ela era ministra de Minas e Energia, será o presidente do grupo, com influência na área editorial.
O ex-presidente do Santander chegará ao comando da Abril em meio a um inquérito policial, instaurado pelo delegado Laércio Rossetto, da polícia civil do Distrito Federal. Ele investiga se o jornalista Gustavo Ribeiro, da sucursal Brasília de Veja, praticou invasão de domicílio, durante reportagem feita, até onde se entende, em junho, publicada agora. O caso desperta interesse entre os maiores jornalistas do País. Ontem, Alberto Dines e Ricardo Kotscho publicaram artigos com duras críticas à postura editorial da revista, que veiculou imagens de políticos no corredor de um andar do hotel Naoum, em Brasília, cujo método de captação está sob suspeita. “Está descartada a hipótese de terem sido feitas por nossas câmeras”, disse ao 247 o gerente-geral do hotel Naoum. Dines vê no episódio o jornalismo político de volta a “era da pedra lascada”. Kotscho, diante da possibilidade de as imagens terem resultado de grampo, compara a ação com os métodos da Gestapo hitlerista e do extinto News of the World de Rupert Murdoch.
Um episódio como esse, é claro, coloca em xeque o alto comando de qualquer redação, quanto mais de Veja - a influente revista semanal de maior circulação do País, antiga bíblia ideológica da classe média. É como se, no hoje raro tabuleiro de salão O Jogo de Veja, da Grow, lançado anos atrás e que continha seis mil perguntas sobre fatos narrados pela revista, saísse uma questão sobre como ficaria a redação em caso de mudanças em sua cúpula. Quase uma advinhação, mas sobre uma possibilidade bastante real, reforçada pela chegada de um novo presidente, com plenos poderes sobre a área editorial. “Fabio Barbosa estará ao meu lado no comando editorial do Grupo”, registrou Roberto Civita, presidente do Conselho da Abril.
Para responder a pergunta, vale dizer que, olhando de fora, e com toda a reverberação que vem de dentro, sabe-se que a situação do redator-chefe Mario Sabino é a mais frágil. Para isso, colaboram as circunstâncias em que a reportagem foi publicada, na ausência do diretor de redação Eurípedes Alcântara. Ele volta de férias na segunda-feira, e por menos apetite por assuntos políticos que tenha – uma fama real mas um tanto injusta --, terá de saber sobre o inquérito policial em curso, a partir de Brasília, e como se chegou a ele.
Este escândalo enfraquece a ambos. Sabino, a face mais radical e politicamente engajada de Veja, e Alcântara, que ou não controlou seus radicais, ou não sabe bem o que ele fazem – ou, ainda, com eles concorda. Outro em baixa é o chefe da sucursal de Brasília, Policarpo Jr., jornalista com fontes próximas à arapongagem que grassa no Distrito Federal.
Na espuma dessa crise, o nome mais comentado para assumir o comando é do jornalista André Petry, hoje correspondente da revista em Nova York. Com mais de 20 anos em Veja, ele cumpriu carreira brilhante como editor de Brasil, chefe da sucursal Brasília e agora no exterior. Tem perfil intelectual, um devorador de livros. Combativo e elegante. Foi do posto que ele ocupa agora, alías, que Alcântara saiu para comandar a publicação.
Petry chegou a ter uma coluna política muito elogiada nos primeiros anos do governo Lula, mas ela foi suprimida por influência direta de Sabino, que preferia o estilo jocoso de Diogo Mainardi.
Se a solução vier a ser encontrada em São Paulo, um nome muito querido pela redação de Veja é o da editora-executiva Wilma Gryzinski, dona de um dos melhores textos da imprensa brasileira. Em 30 anos na revista, ela já venceu vários prêmios Abril, foi editora de Internacional e conquistou uma posição de respeito na editora. Internamente, outro bom nome é o do jornalista Fabio Altman, que tem sido destacado para vários projetos especiais dentro da revista, craque de grandes coberturas em Copas do Mundo e Olimpíadas. Corre por fora, literalmente, até porque hoje é destaque na divisão online da revista, o jornalista Augusto Nunes. Em termos de experiência nos mundos corporativo e de redação, ele é imbatível. Assim como Fabio Barbosa, é ponderado sem deixar de ser ousado. E também atuou no setor financeiro – Nunes foi diretor do BankBoston. Em Veja, Nunes foi responsável pela redação final de mais de 100 capas da revista, entre os anos 70 e 80, no auge do crescimento e consolidação do prestígio da publicação. Como se vê, figurinhas carimbadas não faltam no emocionante Jogo de Veja, exatamente como prometia a propaganda do joguinho da marca

Poucos defendem publicamente Jaqueline Roriz; resultado é atribuído a voto secreto

Por Rodrigo Cavalcante



O arquivamento do processo disciplinar contra a deputada Jaqueline Roriz (PMN-RJ) ocorreu com folga: foram 265 parlamentares contra a cassação e apenas 166 a favor. Apesar do alto índice de adesão entre os deputados, poucos defenderam publicamente a parlamentar.

O deputado Vilson Covatti (PP-RS), que já tinha votado a favor de Jaqueline no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara e elaborado um parecer favorável ao recurso da parlamentar na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), foi o único a subir à tribuna para defendê-la. “Não encontrei uma palavra sequer dizendo que o Plenário desta Casa possa julgar alguém por falta de decoro parlamentar antes de ser parlamentar. Se não há uma lei para julgarmos uma colega, não seremos nós que vamos inventar essa lei no dia de hoje”, disse. O parecer de Covatti na CCJ não chegou a ser votado porque a deputada desistiu de recorrer.

Jaqueline Roriz também conseguiu apoio declarado entre colegas de partido. O deputado Dr. Carlos Alberto (PMN-RJ) afirmou que cassação da deputada poderia causar insegurança jurídica. “Recentemente, o Supremo Tribunal Federal rejeitou a anterioridade da Lei da Ficha Limpa, mas, nesse caso específico, se ela perdesse o mandato, isso valeria para agora? Precisamos ter uniformidade jurídica nesse País.”

Autopreservação
A maioria dos deputados que comentaram a votação de hoje criticou a decisão tomada pelo Plenário. Para o líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), a maioria indica o instinto de autopreservação dos parlamentares, que “têm medo do próprio passado”. “Foi uma vitória de um voto que não foi assumido. Os partidos não orientaram a votação e os deputados se protegeram com o voto secreto”, disse Alencar.

“Isso foi um escárnio, até porque o relatório do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) foi contundente e as provas, explícitas”, criticou o deputado Ivan Valente (Psol-SP). O deputado Reguffe (PDT-DF) concordou com Valente: “A decisão de hoje mostra que a Câmara virou as costas para a opinião pública. O papel do Legislativo é defender seu eleitor e não agir com espirito de corpo”.

Voto secreto
O relator do caso no Conselho de Ética, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), e outros parlamentares atribuíram o arquivamento do processo contra Jaqueline à votação secreta, que é exigida pela Constituição Federal em casos de cassação. “O voto sigiloso é a matriz de uma indústria de impunidade na Câmara”, ressaltou Reguffe.

Também representante do DF, a deputada Erika kokay (PT) considerou “um absurdo” a absolvição da deputada. “Ela fez um papel de vítima, mas as vítimas reais são as pessoas que precisam de políticas públicas e não têm porque o dinheiro foi parar na bolsa de alguém. A Câmara diz que não interessa o crime, mas quando ele se deu, e isso sim é um precedente perigoso”, afirmou Kokay.

De acordo com o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), os eleitores têm o direito de conhecer o voto dos parlamentares. “Por que o Conselho de Ética vota abertamente e nós votamos de forma secreta? Temos o manto do voto secreto para absolver um deputado depois de todos os fatos analisados pelo conselho?”, questionou.

O líder do PR, deputado Lincoln Portela (MG), disse que a imagem do Congresso fica desgastada com qualquer resultado. “Isso é muito ruim, o caso é grave e tinha materialidade. Cassando ou não cassando, a imagem da Câmara sempre será afetada”, destacou.

Antes da votação, os líderes do PPS, Rubens Bueno (PR), do DEM, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), e do PSDB, Duarte Nogueira (SP), além do líder do Psol, haviam anunciado que suas bancadas estavam orientadas a votar pela cassação.