sábado, 24 de setembro de 2011

protesto contra a intolerância religiosa da grande mídia, em especial da revista Veja.


A nova classe média, tão louvada por Marx, não perdoa a velha mídia

por Claudio Julio Tognolli no Brasil 247

Imortalizado pela Operação Satiagraha, o delegado Protógenes Queiróz passou a convidar, por e-mail, incautos a que participem de uma vigília. A partir da 0h, entre os dias 26 e 27 de setembro, na praça João Mendes, no centro de São Paulo, Protógenes tocará uma vigília “seguida de protesto contra a intolerância religiosa da grande mídia, em especial da revista Veja”. A reação não tardou. A capa da revista Veja dessa semana traz uma reportagem intitulada “Festa dos bodes”. Enfoca-se o velho tema: a impunidade. A revista Veja, entre outros casos, sustenta que o banqueiro Daniel Dantas teve o processo que corria contra ele anulado pelo STJ devido a “irregularidades flagrantes praticadas pelo delegado que cuidou do caso”. A revista Veja elenca outros atores, como Fernando Collor de Melo, José Sarney, Paulo Maluf, Jader Barbalho e Romero Jucá postos a salvo também, segundo a revista, pela impunidade que grassa no país. A revista, como você verá, deixou de abordar casos cuja impunidade cinge anunciantes da mesma.
Voltando ao Protógenes que detonará a Veja em passeata: a meia-confecção que foi a Operação Satiagraha está para ser julgada por ministros do STF. O caso merece atenção. Afinal, a Procuradoria de Milão já mandou ao Brasil papelada subscrevendo juridicamente, com provas um dissuasivo nuclear: a denúncia de que a Telecom Italia distribuiu 120 milhões de euros, na América Latina em geral, e no Brasil em particular, para fulminar seus concorrentes no mercado da telefonia. Jornalistas que telefonaram centenas de vezes a Protógenes Queiróz, durante a Satiagraha, são ora investigados pelo STF por fazerem parte do “budget” milionário de verbas despejadas pelos espiões da Telecom Italia no Brasil – um grupo de elite conhecido como “Tiger Team”.
Essa contaminação da Satiagraha ainda é superficial se comparada com o Santo Graal que a operação tocada por Protógenes escondeu, e que atende pelo nome de “agenda de Guth”. Para você entender o caso: Alberto Guth era um dos dirigentes da Angra Partners. Trata-se da empresa de gestão de recursos que assumiu o papel, outrora cabido ao Opportunity de Daniel Dantas, quando os fundos de pensão (envenenados por alas radicais do PT como Berzoini e Gushiken) mais o Citibank, fulminaram Daniel Dantas do comando da Brasil Telecom. A sede da Angra Partners foi vasculhada pela Polícia Federal no dia 8 de julho de 2008. Nesta apreensão consta a chamada “agenda de Guth”. Da “agenda de Guth” constam anotações escalafobeticamente armagedônicas como “reforçar acesso aos ministros...”, “custo R$ 10 m”. Num outro trecho, Guth escreveu: “FIA comprou juiz via advogados”. Para você entender: o FIA é o fundo formado pelos fundos de pensão das estatais.
A pergunta: o que Guth quis dizer na sua agenda? Que o FIA, na sua gula de fulminar Daniel Dantas, comprou juízes pelas mãos de advogados? A agenda ainda traz trechos didáticos, como o seguinte: “no dia 27 de junho de 2005, ou seja, pouco depois de ter dado a sentença contra o Opportunity,o ministro Vidigal, aborrecido e preocupado com as atividades da PF, que estaria prendendo gente, como fizera com a direção da cervejaria Schincariol, sem o devido processo legal, e por achar que seu telefone estaria sendo grampeado, tinha lhe dito que o estavam procurando para escrachá-lo na imprensa”. Esses trechos epigrafam boas páginas da famosa agenda de Guth. Lembremos: no dia 18 de maio de 2005, o então presidente do STJ, Edson Vidigal, cassou uma liminar que restaurava ao Opportunity o comando do FIA e assim inviabilizava o controle da Brasil Telecom pelo bloco do Citibank mais os fundos de pensão capitaneados a ferro a fogo pelo liberticismo messiânico-gongórico de Berzoini e Gushiken. Saiba você que a decisão de Vidigal ocorreu um dia depois da anotação, na agenda de Guth, referindo que advogados teriam dado “R$ 10 m” a juízes. O que isso quer dizer? Se levarmos a sério, literalmente, as anotações de Guth, somos abraçados pela petição de princípios segundo a qual alguém pagou muito dinheiro, mais uma vez, para fulminar o banqueiro Daniel Dantas.
O mais interessante é que a agenda de Guth terá a sua destruição, ou a sua liberação à total consulta, decididas, tudo leva a crer ainda este ano, pela ministra Carmen Lúcia do STF. Como Carmen Lúcia foi indicada ao cargo pelo ex-presidente Lula, é bem provável que decida pela destruição do maior Graal da história da corrupção no Brasil. Trata-se, afinal, das provas que destroem uma das tantas operações “da Polícia Federal republicana” inventada por Marcio Thomaz Bastos. Afinal delegados da Polícia Federal batizaram a “Polícia Federal republicana” de “a mãe da operação Mala Branca”. O que quer dizer isso? Quer dizer ganhar dinheiro de corrupção cumprindo a lei. Veja o tamanho da batata quente que caiu no colo da ministra Carmen Lúcia. Que Deus a ilumine.
Agora voltemos à revista Veja. Por que a revista Veja não citou em sua capa contra a impunidade a operação Castelo de Areia? Simples: porque o Banco Bradesco, de resto um dos maiores anunciantes da editora Abril, teve um de seus caciques, Lázaro de Melo Brandão, grampeado pela PF na Castelo de Areia conversando com um doleiro.O editor da primeira página do Estadão que resolveu manchetar isso acabou sendo demitido, obviamente pela intervenção do maior banco do Brasil na linha editorial do mais respeitado e tradicional jornal brasileiro.
Para você lembrar: Operação Castelo de Areia foi deflagrada em março de 2009, com base em grampos telefônicos a partir de uma denúncia anônima. Seu objetivo era investigar crimes financeiros, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e desvio de verbas públicas. Os alvos eram executivos da Construtora Camargo Correa e partidos políticos. Em dezembro do mesmo ano, o então juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo — hoje desembargador —, acolheu parte da denúncia do Ministério Público Federal contra três executivos da Camargo Corrêa, mas manteve o tal depoimento em sigilo, sem conhecimento das partes. Depois, quando percebeu que as provas colhidas na investigação poderiam ser rejeitadas divulgou o depoimento feito mediante delação premiada.
O relato secreto do doleiro foi tomado em dois depoimentos na 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo na época em que o juiz Fausto de Sanctis era o titular. O MPF também teve acesso ao depoimento.
As revelações do doleiro haviam dado origem a outras três operações da Polícia Federal – Suíça, Kaspar I e Kaspar II – que investigavam crimes tributários. Mas também foi usado para a operação Castelo de Areia.
Em abril, três dos quatro ministros da 6ª Turma do STJ consideraram ilegais as provas colhidas na investigação. Segundo eles, as interceptações telefônicas foram autorizadas pela primeira instância com base em denúncia anônima, o que é ilegal. O juiz inviabilizou tecnicamente a Castelo de Areia, já na protogênese do colhimento de depoimentos. Agora sabes porque Veja nada escreveu sobre a Castelo
Fim da era
Agora você entende porque a grande mídia está perdendo o seu espaço para blogueiros, twitteiros e para o povão em geral: a classe média recém-chegada a essa condição costuma andar por aí com faca na boca e sangue nos olhos. Quer peitar a tudo e a todos. É aquilo que Karl Marx fala no seu 18 Brumário. “Historicamente a nova burguesia desempenhou o papel mais revolucionário da história”. Vamos ver agora como está a nova classe média no mundo: é a classe média que na metade de agosto passado tomou de assalto a praça Tianammen, na China. É a nova classe média chinesa, que em fevereiro passado derrubou o político que roubou 1 bilhão da construção de estradas de alta velocidade e que mantinha 18 amantes com dinheiro público. É a classe média que peita o governo indiano de Manmohan Singh e que apóia massivamente o grevista de fome Anna Hazare. É a classe média que bota em xeque o governo da Indonésia. Marx nunca esteve tão certo: a nova classe média não tem limites para decapitar El Rey. Os números são inequívocos: a nova classe média é responsável por mais de um terço de toda a população da África, de três quartos da população da América Latina e de quase 90% da população da China. É a classe que segundo o Banco Mundial tem faturado de 2 a 13 dólares por dia, e que subiu de 277 milhões de representantes da América Latina para 362 milhões entre 1990 e 2005.
Essa classe média que chega a sua condição atual coçando o coldre é a classe média que sempre quis reformular, quando no poder, os três tabus de que vive a humanidade: sexo, drogas e religião. É a classe média que não quer tutela sobre seu corpo, que não quer o Rock in Rio sem drogas e que quer vogar como uma nau livremente pelo oceano da cultura, e pelo domínio de suas próprias vontades, sexualidades e vícios enfim. É a classe média que lentamente ensina seus filhos que montem os seus blogs e sites ao invés de consumir pré-coerências estilizadas – como a capa da Veja sobre a impunidade, que deixou de citar a impunidade que cingiu o banco que mais patrocina suas publicações, voltadas àquela meia-confecção cultural, o ser mediano, a que Nietzsche chamava de “o homem alexandrino”.

Se eleição fosse hoje, Dilma venceria no 1º turno


Dados de pesquisa encomendada pelo PSDB mostram que, se disputasse de novo com José Serra e Marina Silva, a presidente ampliaria a vantagem obtida no primeiro turno de 2010
 Desde que foi eleita, a presidente Dilma Rousseff teve de demitir cinco ministros por motivos diversos, a maioria deles ligada a suspeitas e denúncias de corrupção. Muito se especulou sobre os possíveis impactos da “faxina” sobre a presidente da República e apesar de as pesquisas de opinião mostrarem algum efeito negativo sobre sua popularidade, parece que seus principais adversários na última eleição presidencial perderam mais em prestígio do que ela. É o que mostram os dados de pesquisa encomendada pelo PSDB, publicados hoje na coluna do jornalista Ilimar Franco, em O Globo.
Segundo a pesquisa, se a eleição do ano passado fosse realizada hoje, mantidos os mesmos candidatos, a presidente, que precisou de um desempate com Serra, seria eleita no primeiro turno. Em 2010, Dilma obteve 46,9% dos votos válidos no primeiro turno. Se o pleito fosse realizado agora, ela teria 59% dos votos. A votação do tucano José Serra, que desde as eleições tem se movimentado politicamente mais nos bastidores do que às claras e abriu um blog para manter suas opiniões circulando, cairia de 32,6% para 25%.
A exemplo de Serra, Marina também perderia densidade eleitoral se as eleições de 2010 fossem realizadas hoje. Desde o final das eleições do ano passado, Marina deixou o Partido Verde (PV), legenda por que concorreu, e ainda define seus rumos políticos – na semana passada, a ex-ministra disse que não pretende forçar a barra para 2012. Talvez por ter deixado os holofotes, como Serra, Marina receberia votação de 19,3% para 15%.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Maria Inês: Cerra, um tucano sem poleiro

 

do Conversa Afiada

A neblina é densa no horizonte de Serra

Desgastado internamente por decisões de campanha e pela segunda derrota para o PT na disputa presidencial, José Serra fracassou ao tentar retomar áreas de influência no PSDB nacional. O ex-governador não tem mais espaço nacional no PSDB. E o seu “Plano B”, o PSD do prefeito Gilberto Kassab, alçou voos próprios que não credenciam seu criador a ir além da capital paulista no apoio a Serra. O artigo é de Maria Inês Nassif.

Maria Inês Nassif

Candidato derrotado do PSDB à Presidência da República no ano passado, José Serra hoje é um tucano sem poleiro. Desgastado internamente por decisões de campanha e pela segunda derrota para o PT na disputa presidencial, fracassou ao tentar retomar áreas de influência no PSDB nacional. Os cardeais do partido – Serra excluído do concílio – preferiram manter no comando nacional o inexpressivo Sérgio Guerra a arriscar abrir espaço de poder para o ex-governador, um político que levou ao limite, nas eleições passadas, sua vocação desagregadora.

O ex-governador não tem mais espaço nacional no PSDB. E o seu “Plano B”, o PSD do prefeito Gilberto Kassab, alçou voos próprios que não credenciam seu criador a ir além da capital paulista no apoio a Serra. Integrantes do novo partido consideram que o prefeito pode cumprir seus compromissos passados com o ex-governador se ele decidir disputar as eleições para prefeito. Para aí. A vocação governista com que nasce o PSD não aconselhariam a apoiar Serra contra o governador Geraldo Alckmin, numa disputa pelo governo do Estado, ou ir na direção contrária a da presidenta Dilma Rousseff, na disputa pela reeleição.

No PSDB paulista, Serra perdeu terreno na capital, onde tinha mais influência que Alckmin, e não expandiu seus domínios para o interior, reduto alckmista. A avaliação no núcleo tucano paulistano é que o PSDB não pode recusar a Serra a legenda para a prefeitura, se ele quiser, mas nem o partido gostaria que isso acontecesse, dado o alto grau de rejeição ao seu nome acusado por pesquisa do instituto DataFolha há duas semanas, nem o próprio ex-governador parece disposto a correr o risco de uma derrota municipal num momento em que está particularmente fraco. Isso inviabilizaria por completo qualquer tentativa futura de retomar uma carreira política nacional.

A estratégia de fazer o PSDB paulistano engolir um dos poucos serristas que restaram, o senador Aloysio Nunes, como candidato à prefeitura, caiu pela total falta de interesse do próprio senador. O espaço está aberto para a disputa entre dois nomes da órbita de influência de Alckmin, seus secretários José Anibal e Bruno Covas, na disputa pela legenda do partido à prefeitura.

Os destinos de Serra e do PSD dificilmente se encontrarão no âmbito nacional porque, afirma um dos seus articuladores, “o partido nasce com uma grande vocação governista”. Em São Paulo, para cumprir a sua vocação, tem que ser Dilma Rousseff – não existe possibilidade de acordo com o governador tucano, com quem Kassab disputou a prefeitura, com o apoio de Serra, em 2008. O único caminho para acordo seriam ambos se unirem em torno de uma candidatura Serra, o que é altamente improvável. Sem essa alternativa, o PSD deve caminhar em faixa própria lançando um candidato.

No resto do país, o partido já exerce sua vocação governista de maneira plena. Nos redutos dos governadores de partidos da base de apoio de Dilma, o PSD, na grande maioria, conseguiu unir, de forma conveniente, dois governismos, o estadual e o federal. O governador Jaques Wagner (PT) ajudou a formação do partido na Bahia; Marcelo Déda (PT), em Sergipe; Eduardo Campos (PSB), em Pernambuco e Cid Gomes (PSB) no Ceará. No Rio, o partido foi montado com a ajuda de um governador e um prefeito governistas no plano federal, Sérgio Cabral (PMDB) e Eduardo Paes (PMDB). No Maranhão, foi constituído na órbita de influência da governadora Roseana Sarney (PMDB). No Piauí, está ligado ao governador Wilson Martins (PSB); na Paraíba, ao governador Ricardo Coutinho (PSB).

No Rio Grande do Norte, que tem a única governadora do DEM, Rosalba Ciarlini, e no Pará, com o tucano Simão Jatene, ambos de oposição ao governo federal, o PSD nasce apoiando o governo do Estado e o governo federal, ao mesmo tempo. Em Santa Catarina, o próprio governador, Raimundo Colombo, aderiu ao novo partido. Segundo um dos organizadores da nova legenda, o PSD apenas sera oposição estadual, de fato, no Acre e no Amapá.

Os interesses nacionais do PSD, portanto, não credenciam Kassab a se comprometer com Serra além das fronteiras da capital paulista. Os interesses nacionais do PSDB não convergem para Serra. Este é o horizonte do adversário de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais do ano passado.


E agora, José?


Supremo adia julgamento de Maluf. De novo


por Brasil 247
O Supremo Tribunal Federal (STF) retirou mais uma vez de pauta o processo que poderia transformar Paulo Maluf em réu pelos crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Não é a primeira vez e, pelo jeito, não será a última, em que o processo sai da pauta. A expectativa se mantém para a próxima semana, quando o caso pode (ou não) ser analisado. Leia matéria publicada no início desta quinta-feira:
Fernando Porfírio_247 - Está prevista para esta quinta-feira (22) a decisão que pode transformar Paulo Maluf em réu pelos crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O inquérito 2471, que corre em segredo de justiça, entrou na pauta do STF. O relator é o ministro Ricardo Lewandowski.
O caso envolve investigação para apurar irregularidade na última gestão de Maluf como prefeito (1993-1996). O deputado e mais oito pessoas são acusadas de desviar dinheiro das obras da Avenida Águas Espraiadas para contas no paraíso fiscal de Jersey, no Reino Unido. Maluf sustenta que nunca teve conta no exterior.

Foto: EDUARDO ENOMOTO/AGÊNCIA ESTADO

Maluf foi denunciado pelo Ministério Público Federal pela montagem de um complexo esquema de formação de quadrilha com o objetivo de lavar dinheiro oriundo de corrupção. A denúncia foi apresentada a 3ª Vara Federal Criminal de São Paulo, especializada em crimes financeiros, mas, com a eleição de Maluf para a Câmara dos Deputados, a competência passou para o STF.
Segundo a denúncia, parte do dinheiro proveniente das obras da Avenida Águas Espraiadas, na zona sul de São Paulo, foi para a conta Chanani, em Nova Iorque, e de lá para quatro contas no paraíso fiscal de Jersey, no Reino Unido, de onde migraram para sete fundos de investimento na mesma ilha. O dinheiro depois foi investido na Eucatex, empresa da família do ex-prefeito.
Além de Maluf, o MPF denúncia a mulher do ex-prefeito, Sylvia Lutfalla Maluf; os quatro filhos do casal, Flávio, Ligia, Lina e Otávio; a mulher de Flávio, Jacqueline Coutinho Maluf; e o marido de Ligia, Maurílio Miguel Maurílio Curi.




Inquérito que corre em segredo de justiça sai mais uma vez da pauta do STF; deputado e mais oito são acusados de desviar dinheiro das obras da av. Águas Espraiadas, em SP; caso pode ser analisado na próxima semana

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Marchas contra a corrupção, um convite à reflexão

por Marco Lucena no Brasil 247
Nunca simpatizei com o clima de oba-oba que toma conta das passeatas. Lembro-me da época de escola, quando muitos foram para as passeatas do “fora - Collor” ou contra privatizações da Vale e da CSN, para “zoar” ou pra ver as meninas das outras escolas. Na fase estudantil é tudo relevado. O pior é ver “burro-velhos” fazendo o mesmo papel depois de crescidinhos. Outro dia esbarrei com um movimento da FUP (Federação Única dos Petroleiros) em uma rua do Rio de Janeiro. Ao indagar uma participante sobre qual Sindicato ela fazia parte, ela me disse: “olha aqui na minha camisa, é esse que está escrito”. Ou seja, ela não sabia nem do que se tratava o movimento, muito menos sobre Sindicato. Depois outras pessoas me disseram que é comum eles lotarem ônibus com “sem-terra” ou outras pessoas que estão sem ocupação, para fazer número e bater palmas nesse tipo de movimento, em troca de lanches ou almoço. Sem comentários, talvez a tal participante nem soubesse ler.
É verdade que as passeatas nos enchem de motivação e dão a ideia de que estamos contribuindo ativamente para melhorar algo. Elas têm o papel de chamar a atenção para determinado fato, isso é inegável. Porém, acredito serem necessários dois requisitos básicos para a efetividade de qualquer movimento. O primeiro, identificação com o objeto da passeata. Não posso participar de uma passeata contra a pena de morte se considero que a pena de morte é o melhor caminho, e vice-versa. O segundo, devo ter comportamento compatível com o que estou defendendo na passeata. O primeiro filme Tropa de Elite ilustrou bem essa situação, onde as próprias pessoas que compravam drogas, financiando o poderio dos traficantes, ao perder um dos colegas por assassinato, vestiram camisas brancas e fizeram passeatas pela paz. Não adianta eu me identificar com a paz e contribuir para o poderio de traficantes de drogas e de armas. 
O percentual de respondentes no estudo abaixo, realizado pelo IBOPE (O Estudo – Cidadania Sustentável: um chamado para a ação), mostra claramente que ainda estamos longe de ter comportamento compatível com o que defendemos.
Intenção: Separar lixo para reciclagem é uma obrigação da sociedade. (92%)
Hábito: Na minha casa separo lixo para a reciclagem. (61%)
Intenção: Pilhas e baterias são extremamente prejudiciais ao meio ambiente. (85%)
Hábito: Jogo baterias usadas em lixo comum. (32%)
Intenção: Pirataria é um crime contra a indústria e contra a sociedade. (68%)
Hábito: Nunca comprei um produto pirata. (30%)
Intenção: Os fabricantes devem prevenir possíveis problemas ao meio ambiente. (89%)
Intenção: Vale a pena pagar mais caro por um produto que não agrida o meio ambiente. (85%)
Hábito: Só compro produto de fabricantes que não agridem o meio-ambiente, ainda que mais caro. (52%)
Da mesma forma, se perguntarmos quem está indignado com a corrupção no Brasil, teremos muito próximo de 100% de respostas. Mas como seria se perguntássemos quem age com lisura em todas as suas ações do dia a dia? Desastre total.... afinal, jogamos lixo no chão, compramos produtos piratas, cortamos pelo acostamento, estacionamos em fila dupla, furamos fila no trânsito etc. Qual a diferença entre a pessoa que imprime uma apostila do filho na impressora da empresa e um deputado que pega uma passagem de avião pro filho na conta da câmara? Só uma: OPORTUNIDADE.
"Enfim, faz parte da hipocrisia humana olhar os defeitos dos outros e não enxergar os seus próprios. Os nossos representantes são o espelho dos eleitores e não gostamos da imagem refletida no espelho. Só há corrupção na vida pública, porque nós somos corruptos e ensinamos os nossos filhos a serem assim. Para completar, muitos afirmam que os corruptos só estão no PT e usam as tais passeatas como trampolim político. Certamente são pessoas que se estivessem no poder, fariam igual ou mesmo pior do que os atuais políticos fazem." Janv - retirado da Internet
Não chegaria ao exagero de dizer que a corrupção está no DNA do brasileiro, como alguns afirmam. Temos é que nos livrar da cultura de levar vantagem, começando pelas ações cotidianas. Portanto é necessário um grande exercício de reflexão e conscientização antes de se pensar em passeatas!

Nassif: Sobre jovens jornalistas

Jovens jornalistas: criados com os lobos

por Luís Nassif, em seu blog, no 22.09.2011, sugerido pelo José Rezende Jr.

Tinha menos de dois anos de formado o jovem repórter que tentou invadir o apartamento de José Dirceu no Hotel Nahoum. Pelo que soube em Brasília, voltou para a casa da mãe.

Não sei a idade do repórter da Folha que iludiu a confiança do tio, no caso Battisti. Mas foi exposto de forma fatal pelo próprio tio, em um artigo demolidor. E inspirou um artigo da ombudsman do jornal, no qual afirmava que era ingenuidade confiar em jornalistas.
 Tornou-se exemplo de como não se deve confiar em jornalistas. Dificilmente conseguirá fontes dispostas a lhe passar informações relevantes.

A campanha eleitoral do ano passado expôs outros jovens jornalistas, alguns com belo potencial, mas que tiveram a imagem afetada no alvorecer de suas carreiras, por conta de métodos inescrupulosos empregados em suas reportagens.
Culpa deles? Apenas em parte. Esse clima irracional foi fomentado por chefias que não se pejaram em jogar os repórteres aos lobos.

Processo semelhante ocorreu na campanha do impeachment, mas com resultados inversos. Uma enorme quantidade de mentiras divulgada, aceita pelos editores e pelos leitores sob o álibi de que valia qualquer coisa contra Collor. Foi um período vergonhoso para a mídia, no qual os escândalos reais não eram apurados, mas divulgava-se uma enxurrada de mentiras que não resistiam a um mero teste de verossimilhança.

Dizia-se que Collor injetava cocaína por supositório, que ficava em estado catatônico e precisava ser penetrado por trás por um assessor, que fazia macumba nos porões do Alvorada.
Os que mais mentiram se consagraram, ganharam posições de destaque em seus veículos. Premiou-se a mentira e a falta de jornalismo, porque os escândalos reais demoravam mais para serem apurados e nem de longe de aproximavam do glamour da notícia inventada.

Processo similar ocorreu durante e após a campanha do mensalão. Surgiu uma nova geração de repórteres sem limites, hoje em dia utilizados pelas chefias para atingir adversários através da escandalização de fatos normais.

Agora, em plena era da Internet, ocorre o inverso. Esses jovens ambicionam a manchete, a aprovação das chefias, o curto prazo. Mas o registro de seus malfeitos estará indelevelmente registrado na Internet. A médio prazo, será veneno na veia para suas carreiras.

Pior, está-se criando uma geração de jornalistas para quem o jornalismo virou um vale-tudo: vale mentir, inventar, enganar, espionar, supor sem comprovar.
A reação de Caco Barcelos na Globonews nada teve de política ou ideológica – no programa sobre a tal Marcha Contra a Corrupção, depois editado para tirar suas afirmações mais impactantes contra o mau jornalismo. Ao denunciar esse jornalismo declaratório, simplesmente fazia uma defesa do jornalismo que aprendeu a praticar, de respeito aos fatos, de apuração das denúncias, de cautela nas acusações.

Em muitos outros jornais há uma geração de jornalistas mais velhos formados sob esses princípios, mas que a falta de opções obriga a se calar ante tais abusos. Há igualmente uma jovem geração saindo do forno das faculdades que entendeu a diferença entre os princípios jornalísticos e esse arremedo que a era Murdoch lançou sobre a mídia mundial – especialmente sobre a brasileira.

No final dos anos 80, quando a mídia brasileira abraçou o jornalismo sensacionalista, considerava-se ter entrado em linha com os grandes veículos globais – para quem a notícia é espetáculo, não serviço público.

Nos últimos anos, Roberto Civita importou de forma chocante o padrão Murdoch para a mídia brasileira – rapidamente imitada por outros jornais carentes de personalidade jornalística própria. A cada dia que passa, esse estilo – ainda que influenciando setores mais desinformados – parece cada vez mais velho e anacrônico.

Muitos dizem que o problema da velha mídia é não saber como se colocar nas novas tecnologias. Penso que é outro: é ter desaprendido as lições do velho jornalismo legitimador.

do Viomundo

Repórter da Veja admite o crime

por José Dirceu, em seu blog:

Foi concluída a investigação policial sobre a tentativa de invasão da suíte que ocupo no Nahoum Hotel, em Brasília, ao final de agosto, pelo repórter Gustavo Ribeiro, da revista Veja. E os fatos falam por si. Na apuração realizada na 5ª Delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal, fica claro que o jornalista de fato tentou violar o meu apartamento.

O jornalista admitiu que tentou entrar em um ambiente privado. A investigação – que colheu vários depoimentos e também se apoiou em imagens do circuito interno do hotel -- será encaminhada para o Juizado Especial Criminal de Brasília.

Acessou o andar privativo por meio da escada

O depoimento do jornalista Gustavo Nogueira Ribeiro foi dado no dia 6 de setembro. Diante de fotografias suas tiradas do circuito interno do hotel, o repórter de Veja reconheceu as imagens com sendo suas. Admitiu que esteve no hotel com a finalidade de apurar informações a meu respeito. Mais ainda: confessou que acessou o andar privativo onde se situa meu quarto, via escada, pois por meio do elevador, apenas pessoas que possuem um cartão de acesso ali chegam. Por fim, confessou que pediu a uma camareira do hotel que lhe abrisse a porta do meu quarto.

Gustavo alegou que “sabia que a camareira não iria abrir a porta solicitada”. “Mas que a informação por ela prestada seria válida para seu intento de confirmação” da minha presença no hotel.

Hospedou-se num quarto em frente ao meu

O intuito de invasão da minha privacidade ficou comprovado, ainda, por outros fatos tão graves quanto os anteriores. Confrontado pelas evidências de registros do hotel, o jornalista de Veja admitiu ter, no dia 24 de agosto, se hospedado no quarto em frente ao meu – acompanhado de um fotógrafo.

Na versão do repórter, o fotógrafo registrou imagens do corredor de acesso aos apartamentos na mesma tomada fotográfica captada pelo circuito interno de filmagem do hotel. Por fim, Gustavo lançou mão do seu suposto direito de preservar a fonte pela qual conseguiu as imagens usadas na reportagem de Veja da edição de 31 de agosto – as quais expõem várias pessoas que estiveram no hotel. Mas, alegou que não mandou instalar qualquer tipo de dispositivo eletrônico no corredor do Nahoum.

Outra versão, bem mais contundente

Já o depoimento da camareira do hotel revelou um pouco mais das cores do que realmente se passou nos corredores do Nahoum. Ela contou que Gustavo Ribeiro lhe pediu que abrisse os dois quartos conjugados, por mim ocupados. Segundo a funcionária, o repórter “reiterou o pedido, insistindo para que abrisse o apartamento”. A camareira ressaltou que foram necessárias sucessivas negativas para que ele desistisse de seu intento.

Mas não é só. A investigação também apurou que as imagens do circuito interno do hotel apresentam divergências com as retratadas e estampadas na matéria de Veja. Os horários supostamente apurados pela revista simplesmente não batem com os registrados pelo hotel. Elas apresentariam uma qualidade inferior tanto no que se refere à nitidez, quanto à resolução.

Segunda tentativa de invasão

O mesmo repórter tentou uma segunda vez entrar no meu quarto, passando-se por um assessor da prefeitura de Varginha (MG). A esse respeito, Gustavo também admitiu ter telefonado para o meu quarto, quando foi atendido por um assessor. Tampouco conseguiu o seu intento nesta segunda tentativa.

Com essas e com outras, algumas coisas ficaram claras diante da conclusão da investigação policial. Gustavo Nogueira Ribeiro é réu confesso da tentativa de invasão da minha privacidade. Sabedor da grave situação em que se encontra, diante do crime cometido e admitido, apresentou-se acompanhado – não de um - mas de três advogados. A atitude comprova seu temor com a gravidade da situação em que se encontra.

Grave, no entanto, é outro fato que se esclarece com a investigação policial: o velho e bom jornalismo investigativo foi afrontado. Como comprovado agora, o repórter e a revista para a qual trabalha, Veja, extrapolaram todos os limites éticos para publicar uma matéria de capa acusando-me de, junto com deputados, senadores, governadores e ministros, conspirar contra a presidenta Dilma Rousseff. Seria apenas mais uma matéria sem amparo na realidade, não fossem as práticas ilícitas utilizadas pela revista.

Espionagem violou princípio constitucional

A espionagem que Veja acobertou é flagrante violação ao princípio constitucional do direito à intimidade e à privacidade - minha, das pessoas com quem me reuni e dos demais hóspedes - e infringe o Código Penal. Não difere das práticas do finado jornal britânico News of The World.

A matéria publicada por Veja em 31 de agosto, a partir de suas “investigações”, assim como a que se seguiu logo depois - sem mencionar as inúmeras citações à minha pessoa por parte de seus colunistas - tem o intuito de pressionar a Justiça e pré-condenar-me. O que a revista conseguiu, no entanto, foi macular sua própria imagem.

Marqueteiro sugere a tucanos investir na rede


de um post da Vera Magalhães, em seu blog na Folha

O cientista político e marqueteiro Antonio Lavareda apresentou nesta terça-feira para a Executiva do PSDB a pesquisa qualitativa e quantitativa sobre a imagem do PSDB. O diagnóstico é que o partido perde a guerra de comunicação com o PT e precisa reforçar essa área para voltar a ter chance de governar o país.

[...]

Numa pergunta comparativa da percepção do público sobre corrupção nos governos FHC e Lula, 31% afirmaram que ela era maior sob o governo FHC e 21% avaliam que o governo Lula era mais corrupto. E a maioria dos entrevistados (35%) acha que não há diferença entre os dois governos nesse aspecto.

[...]

Lavareda aconselhou os tucanos a investirem pesado nas redes sociais. Para ele, a TV ainda é a principal fonte de informação das pessoas, mas as redes sociais animam a militância — terreno em que o PT teria larga vantagem.

PS do Viomundo: O problema dos tucanos não é a tradicional “falta de comunicação”; é falta de interação com o povo e com a vida real das pessoas. Não tem rede social que substitua isso. Next.

por Luiz Carlos Azenha - no viomundo

Tucanos geniais: sucesso de Lula foi obra de FHC!

por Fernando Brito no Tijolaço

Incrível, fantástico, extraordinário. Numa impressionante autocrítica sobre sua “obra”, o PSDB, segundo matéria de O Globo, acha que a principal razão de vir perdendo as eleições é ter escondido a figura de Fernando Henrique Cardoso.
Sim, porque isso permitiu que “o PT se apropriasse do que fizemos”, segundo o luminar – como foi mesmo que Lula o classificou? – Sérgio Guerra, que lamenta o fato de “durante dez anos” os tucanos não terem defendido o que fizeram.
Vejam como são bobinhos estes tucanos. Porque será que não defenderam o que fizeram, e duante dez anos?
Esqueceram-se? Não tiveram tempo? “O rapaz faltou”? O marqueteiro não se lembrou?
Sim, porque na genial avaliação feita pelo tucanato não entra o fato de que o esconderam porque ele era rejeitado pela imensa maioria da população. Ou o povo idolatra FHC, apóia o atoleiro em que ele manteve o Brasil, entusiasma-se com a privatização e a entrega do patrimônio público, etc…
O exemplo que usam é – “60% dos brasileiros atribuírem a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) aos petistas, esquecendo-se que eles votaram contra a proposta” –  é uma rematada tolice, até porque 60% dos brasileiros nem sequer ouviram falar na LRF.
Quem quiser conferir pode acessar aqui a pesquisa feita, ano passado, pela empresa Foco, por encomenda da Scola Superior de Administração Fazendária,  que mostra que só 39% das pessoas entrevistadas tinham ouvido falar na LRF em todo o Brasil. A pesquisa está aqui, e você pode conferir na página 91.
Mas tomara que os tucanos acreditem mesmo no que estão dizendo e resolvam fazer de FHC o carro chefe de suas campanhas e o símbolo do que representam. Não ganham nunca mais uma eleição.

Dilma na ONU: sem complexo de vira-lata

por Rodrigo Vianna no Escrevinhador


Na abertura da Assembléia Geral da ONU, ao falar para o mundo, Dilma destacou a condição feminina e a especificidade do Brasil no mundo. Emocionou-me a menção que a presidenta fez à lingua portuguesa. Lembrei-me de certo presidente (brasileiro, até prova em contrário) que foi à França e preferiu falar em Francês (!) na Assembléia Nacional daquele país. Era o presidente que certa elite brasileira considerava ”cosmopolita”. Um cosmopolita que preferia falar em francês. Terminou o discurso dizendo “Vive la France!!”. Patético. 
Dilma não só falou em Português, como falou sobre as especificidades do mundo que fala Português. Usou o idioma como gancho para lembrar de palavras que são “femininas” na Língua Portuguesa: alma, esperança, vida.
Mas o discurso na Assembléia Geral da ONU não foi importante (só) por isso. Foi importante porque Dilma se diferenciou da baboseira (neo) liberal que ainda sobrevive no chamado mundo desenvolvido (e sobrevive também entre “colunistas” e “analistas” que pensam o Brasil feito girafas: têm os pés na América do Sul e a cabeça em Londres ou Washington). Dilma falou na necessida de controlar capitais. Os colunistas de economia brazucas devem ter sofrido uma síncope nervosa. Controle? Capitais devem ser livres. Controle, só para as pessoas.
Dilma foi corajosa ao falar da crise econômica, ponderada ao defender o Estado Palestino e firme ao reafirmar a necessidade de reformar a ONU e as instâncias decisórias mundiais.
Dilma foi a primeira mulher a abrir a Assembléia Geral da ONU. Mas o discurso dela foi histórico por muitos outros motivos. Lembrou-me a frase lapidar de Chico Buarque, ao dizer, na reta final da eleição de 2010, porque apoiaria Dilma: “é um governo que fala de igual para igual, não fala fino com Washington e não fala grosso com a Bolívia e o Paraguai”.
E, abaixo, uma pequena seleção dos trechos que considero mais relevantes.    
CONDIÇÃO FEMININA – IGUALDADE E ORGULHO
“Pela primeira vez, na história das Nações Unidas, uma voz feminina inaugura o Debate Geral. É a voz da democracia e da igualdade se ampliando nesta tribuna que tem o compromisso de ser a mais representativa do mundo. É com humildade pessoal, mas com justificado orgulho de mulher, que vivo este momento histórico.”
LÍNGUA PORTUGUESA – ESPERANÇA E CORAGEM
“Na língua portuguesa, palavras como vida, alma e esperança pertencem ao gênero feminino. E são também femininas duas outras palavras muito especiais para mim: coragem e sinceridade. Pois é com coragem e sinceridade que quero lhes falar no dia de hoje.”
FALANDO GROSSO – PUXÃO DE ORELHA NOS “DESENVOLVIDOS” 
“Agora, menos importante é saber quais foram os causadores da situação que enfrentamos, até porque isto já está suficientemente claro. Importa, sim, encontrarmos soluções coletivas, rápidas e verdadeiras. Essa crise é séria demais para que seja administrada apenas por uns poucos países. Seus governos e bancos centrais continuam com a responsabilidade maior na condução do processo, mas como todos os países sofrem as conseqüências da crise, todos têm o direito de participar das soluções. Não é por falta de recursos financeiros que os líderes dos países desenvolvidos ainda não encontraram uma solução para a crise. É, permitam-me dizer, por falta de recursos políticos e algumas vezes, de clareza de ideias.”
RECADO AOS NEOLIBERAIS – CONTROLAR  OS MERCADOS
“Urge aprofundar a regulamentação do sistema financeiro e controlar essa fonte inesgotável de instabilidade. É preciso impor controles à guerra cambial, com a adoção de regimes de câmbio flutuante. Trata-se, senhoras e senhores, de impedir a manipulação do câmbio tanto por políticas monetárias excessivamente expansionistas como pelo artifício do câmbio fixo. ”
A CONDIÇÃO BRASILEIRA – OTIMISMO MODERADO 
“É significativo que seja a presidenta de um país emergente, um país que vive praticamente um ambiente de pleno emprego, que venha falar, aqui, hoje, com cores tão vívidas, dessa tragédia que assola, em especial, os países desenvolvidos. Como outros países emergentes, o Brasil tem sido, até agora, menos afetado pela crise mundial. Mas sabemos que nossa capacidade de resistência não é ilimitada. Queremos – e podemos – ajudar, enquanto há tempo, os países onde a crise já é aguda.”
ENFRENTAR A RECESSÃO – AJUDA VEM DOS EMERGENTES
“Há sinais evidentes de que várias economias avançadas se encontram no limiar da recessão, o que dificultará, sobremaneira, a resolução dos problemas fiscais. Está claro que a prioridade da economia mundial, neste momento, deve ser solucionar o problema dos países em crise de dívida soberana e reverter o presente quadro recessivo. Os países mais desenvolvidos precisam praticar políticas coordenadas de estímulo às economias extremamente debilitadas pela crise. Os países emergentes podem ajudar.”
RECADO AOS EUA E OTAN - CONTRA INTERVENÇÕES MILITARES 
“É preciso que as nações aqui reunidas encontrem uma forma legítima e eficaz de ajudar as sociedades que clamam por reforma, sem retirar de seus cidadãos a condução do processo. Repudiamos com veemência as repressões brutais que vitimam populações civis. Estamos convencidos de que, para a comunidade internacional, o recurso à força deve ser sempre a última alternativa. A busca da paz e da segurança no mundo não pode limitar-se a intervenções em situações extremas (…)  O mundo sofre, hoje, as dolorosas consequências de intervenções que agravaram os conflitos, possibilitando a infiltração do terrorismo onde ele não existia, inaugurando novos ciclos de violência, multiplicando os números de vítimas civis.”
REFORMA DA ONU – BRASILNO CONSELHO DE SEGURANÇA
“O debate em torno da reforma do Conselho já entra em seu 18º ano. Não é possível, senhor Presidente, protelar mais. O mundo precisa de um Conselho de Segurança que venha a refletir a realidade contemporânea; um Conselho que incorpore novos membros permanentes e não-permanentes, em especial representantes dos países em desenvolvimento. O Brasil está pronto a assumir suas responsabilidades como membro permanente do Conselho.”
DIREITOS HUMANOS , SIM – PARA TODOS 
“Queremos para os outros países o que queremos para nós mesmos. O autoritarismo, a xenofobia, a miséria, a pena capital, a discriminação, todos são algozes dos direitos humanos. Há violações em todos os países, sem exceção. Reconheçamos esta realidade e aceitemos, todos, as críticas. Devemos nos beneficiar delas e criticar, sem meias-palavras, os casos flagrantes de violação, onde quer que ocorram.”
ESTADO PALESTINO – DEFESA FIRME, SEM MEIAS PALAVRAS 
“Lamento ainda não poder saudar, desta tribuna, o ingresso pleno da Palestina na Organização das Nações Unidas. O Brasil já reconhece o Estado palestino como tal, nas fronteiras de 1967, de forma consistente com as resoluções das Nações Unidas. Assim como a maioria dos países nesta Assembléia, acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título. O reconhecimento ao direito legítimo do povo palestino à soberania e à autodeterminação amplia as possibilidades de uma paz duradoura no Oriente Médio. Apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política em seu entorno regional.”
COMBATE À POBREZA – RECEITA BRASILEIRA
“O Brasil descobriu que a melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza. E que uma verdadeira política de direitos humanos tem por base a diminuição da desigualdade e da discriminação entre as pessoas, entre as regiões e entre os gêneros. O Brasil avançou política, econômica e socialmente sem comprometer sequer uma das liberdades democráticas. Cumprimos quase todos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, antes 2015. Saíram da pobreza e ascenderam para a classe média no meu país quase 40 milhões de brasileiras e brasileiros. Tenho plena convicção de que cumpriremos nossa meta de, até o final do meu governo, erradicar a pobreza extrema no Brasil.”

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Um voto de coerência

por Everton Araújo
O Dep. Brizola Neto justifica em seu Blog o motivo pelo qual  absteve-se  na votação da CSS.

“Não posso ter duas posições. Hoje, depois que o líder do Governo, Deputado Cândido Vacarezza (PT-SP) liberou a base aliada do Governo para votar pela derrubada da Contribuição Social para a Saúde, eu poderia ter feito “média” e votado na proposta do DEM, como fez a maioria dos deputados. O resultado era previsível e o “não” venceu por 355 votos a 76, com quatro abstenções. Preferi registrar minha abstenção, tal como fez Vacarezza porque achei que seria uma hipocrisia votar contra e, amanhã, praticar o dever de  consciência de votar a favor que uma pequena parcela da renda das pessoas mais bem aquinhoadas se destine ao financiamento – necessário e indispensável – do sistema público de saúde.
A proposta da CSS, vinda do Governo Lula, estabelecia uma contribuição de 0,1% para as pessoas que movimentassem mais de R$ 3.038 mensais em suas contas bancárias. Acho a  alíquota pequena e o limite de isenção baixo. Poderia perfeitamente subir alíquota e aumentar a isenção.
Acho que existe preconceito, desinformação e exploração política num assunto sério. Nos termos em que foi apresentada, mesmo sem uma elevação da taxa de isenção – que creio essencial para aumentar a justiça fiscal e a sustentação política da contribuição- para um cidadão que movimenta R$ 10 mil mensais em sua conta, a CSS seria de  R$ 7 por mês ( 1%= 10 reais, menos 3 reais da faixa isenta).  Ora, isso não dá uma moeda de 25 centavos por dia!
Precisamos discutir o financiamento da saúde sem demagogias deste tipo. Estamos vendo os planos de saúde privados pressionando os médicos, pagando-lhes muito pouco, enquanto as mensalidades se tornam proibitivas para a classe média. De outro lado, o estado brasileiro concede muito mais que isso em isenções fiscais para as despesas médicas e para estes planos, privados ou empresariais. Em 2008, a renúncia fiscal da União foi de R$ 2,6 bilhões para deduções (sem limite) de despesas médicas, se deixou de cobrar R$ 2,1 bilhões de empresas privadas que oferecem planos de saúde, R$ 1, 8 bilhão em isenções para entidades sem fins lucrativos e R$ 2,2 bi em renúncias fiscais para a indústria farmacêutica.
Com este subsídio de dinheiro público, o setor privado de saúde movimenta mais recursos do que o setor público, embora este atenda muitíssimo mais pessoas.
Não vejo ninguém gritar contra o imposto cobrado no arroz, no feijão, na carne, no leite, embora eles representem, para qualquer família, mais do que eventualmente representaria uma contribuição como a proposta por Lula.
Não poderia, portanto, votar contra isso. Mas também não podia dar um voto a favor apenas para legitimar a derrubada da emenda. Temos de ter maturidade e voltar a negociar uma fonte de financiamento justa e politicamente viável para que a saúde não seja direito de todos apenas na teoria.”
Dep. Brizola Neto em seu Blog Tijolaço