sábado, 28 de janeiro de 2012

Pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, secretário Andrea Matarazzo, bate boca na rua

Pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, secretário Andrea Matarazzo quase saiu no tapa com manifestantes que criticavam a desocupação do bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos; tema entra de vez na sucessão

Agência Estado

Foto: ALEX FALCãO/AGÊNCIA ESTADO

O secretário da Cultura do Estado de São Paulo, Andrea Matarazzo, discutiu com manifestantes do 'Ato pró-Pinheirinho' em frente ao Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP), cuja nova sede foi inaugurada neste sábado, 28. Houve confusão entre pessoas que defendiam o secretário e participantes do ato.

Os manifestantes protestavam contra a violência empregada durante a ação de reintegração de posse do terreno do Bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos, no interior de São Paulo, que era ocupado por cerca de 2 mil pessoas.

O tema, cada vez mais, começa a ditar o rumo da sucessão municipal em São Paulo. Leia reportagem recente do 247 sobre as reações dos candidatos ao tema:

Diego Iraheta _247 - A violenta ação da Polícia Militar em Pinheirinho incendeia este início de disputa eleitoral pela Prefeitura de São Paulo. O confronto entre PM e moradores do acampamento, que incomodou até o Palácio do Planalto, foi alvo de críticas de todas as partes dos tuiteiros. Quem acabou virando alvo de diversos ataques foi o secretário de Cultura de São Paulo, Andrea Matarazzo. Por ser o único pré-candidato tucano a defender abertamente a ação policial, ele comprou briga com militantes de PT, PSol e PSTU.

Apesar de ficar na mira dos partidos da oposição de São Paulo, Matarazzo viu a sua candidatura tomar corpo neste fim de semana. Enquanto os outros pré-candidatos tucanos Bruno Covas e Ricardo Tripoli manifestavam apoio à “Crueldade Nunca Mais”, protesto contra os maus-tratos a animais, o secretário de Cultura respondia uma a uma as queixas de internautas sobre a posição do governador Geraldo Alckmin, ao permitir que a Polícia Militar cumprisse decisão judicial. “Como o @geraldoalckmin_ eu cumpriria sempre as determinações da Justiça. É uma obrigação de qualquer governante”, tuitou.

Matarazzo rebateu até as agressões contra ele. “Bem civilizado! RT @rizzo_marcos: @AndreaMatarazzo safado, sem vergonha, assassino, covardão, bunda mole...”, ironizou. Houve até ameaças de violência física: “Reajam paulistanos. Na mesma moeda. Porrada no focinho sujo do verme abjeto do @AndreaMatarazzo. Apedrejam sua casa, seus carros!”, apelou @edugoldenberg. “Caramba, apologia ao crime só na época do ‘vamos bater nos tucanos nas urnas e nas ruas’”, retuitou o pré-candidato.

Essa postura mais incisiva – sem temer as cutucadas dos adversários políticos – alinha Matarazzo a Alckmin e o deixa benquisto perante o tucanato paulistano. É a senha para ser carimbado como candidato oficial ao Palácio dos Bandeirantes. O porta-voz da esquerda na tuitosfera, José de Abreu, já sacou o favoritismo do secretário: “Adoraria ter o Sec @AndreaMatarazzo disputando a prefeitura com o Min Haddad. E com apoio amplo e irrestrito do José Privataria Serra”.

A resposta veio à altura: “e vai ter, @Jose_de_Abreu. E será mais uma derrota do PT aqui na nossa cidade!”. O ministro da Educação, Fernando Haddad, que sai hoje do MEC para se dedicar à campanha pela Prefeitura, ainda não se manifestou publicamente sobre #Pinheirinho.

Chalita Chocado

Além de Matarazzo, Gabriel Chalita tuitou sua opinião sobre o confronto em São José dos Campos. O candidato do PMDB preferiu, contudo, manter o uniforme de bom moço – papel que vem assumindo ao longo de sua trajetória política e que, seguramente, lhe arrebanha fãs e eleitores. “O Pinheirinho mostra mais uma vez as injustiças sociais. A tristeza das famílias sem ter para onde ir”, descreveu.
Para os seguidores que não entendiam o que estava acontecendo, Chalito buscou ser didático: “Durante 8 anos, a área se transformou em um bairro. E a desocupação acabou com o sonho de muita gente. Ações como essas poderiam ser precedidas de um plano de habitação que contemplasse as famílias”, sugeriu.

Até o fim da manhã desta segunda-feira, 23, os pré-candidatos Netinho de Paula, do PCdoB, e Paulinho da Força, do PDT, não tuitaram nada sobre #Pinheirinho.

Fonte: Brasil 247

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Val Marchiori, do "Mulheres Ricas", processa pai de seus filhos por entrevista à Veja

por Flávia Mello
Equipe

A socialite Val Marchiori (Mário Rodrigues)
A socialite Val Marchiori, que participa do reality show da Band "Mulheres Ricas", processará o pai de seus filhos, o empresário Evaldo Ulinski, por entrevista à revista Veja em que ele a chama de "prostituta de luxo" e de "mãe negligente". "Nunca imaginei que o homem com quem eu vivi durante tanto tempo pudesse ser tão baixo", disse ela, em entrevista à mesma publicação.

Já com outra ação na Justiça, em que ela procura provar que vivia com Ulinski, fato que o profissional nega, e que seus dois filhos deveriam ficar sob sua guarda, Val afirma que o empresário está se aproveitando da situação.

"Sei que ele está me denegrindo só com intuito financeiro, por isso quer me prejudicar. É um golpe muito baixo, ele não está pensando nas crianças. Eu não fui apenas um caso dele", disse, ainda, ela.
Em processo já iniciado, que corre em segredo na Justiça, ela procura provar que teve uma relação estável durante sete anos com Ulinski (ele nega) e que deve permanecer com os filhos gêmeos nascidos do relacionamento (o milionário quer a guarda das crianças).

É sobre os dois processos e o relacionamento com o empresário, dono do frigorífico Big Frango, que a socialite fala em entrevista à Veja.


Como você se sentiu ao ler as declarações de Evaldo Ulinski?

Fiquei perplexa. Nunca imaginei que o homem com quem eu vivi durante tanto tempo pudesse ser tão baixo. Mas não vou ficar rebatendo o que ele disse, vou poupar meus filhos. Deixa essa baixaria por conta dele. Há um processo em curso, e tudo agora está nas mãos do Poder Judiciário. A Justiça vai provar que tudo o que ele está falando é mentira. Poderia dizer tanta coisa, tanta verdade sobre ele, mas meus gêmeos não merecem isso.
O que está no centro do processo que corre na Justiça?
Filhos, pensão, divisão de bens. Como está em segredo de Justiça, não posso dar detalhes. Sei que ele está me denegrindo só com intuito financeiro, por isso quer me prejudicar. É um golpe muito baixo, ele não está pensando nas crianças. Eu não fui apenas um caso dele.

Você irá entrar com uma nova ação na Justiça por causa da entrevista?
Com certeza. Meus advogados já estão cuidando disso. Vou entrar com ação de crime contra honra e por danos morais, vou pedir indenização, tudo o que uma mãe de família tem direito. As acusações são muito graves. Ele vai ter que provar. Falar é muito fácil. Eu sempre fui empresária, nunca dei golpe em ninguém. Eu sou uma pessoa honesta e sempre trabalhei. Eu dediquei a ele sete anos da minha vida. Tenho muito mais informações que poderia usar contra ele, mas não posso revelar agora, porque o processo está em segredo de Justiça. Eu tenho provas que o incriminam, e ele sabe disso. Esses ataques contra mim são desespero por parte dele.

Por que acha que ele está tão desesperado? Por dinheiro, né?
Dinheiro, partilha, a separação, coisas que ele não queria. Ele tentou de muitas maneiras reatar comigo e eu não quis. Ele fez isso motivado por questões financeiras. Ele quer negar a verdade e denegrir a minha pessoa para não arcar com as obrigações dele.

Por que você quis a separação? 

A relação estava desgastada. Ele passou a ser muito agressivo quando eu comecei a trabalhar na TV (no programa Amaury Jr., da Rede TV!). Não aceitava o fato de eu estar na televisão e de fazer sucesso. Em novembro, anunciei a separação. Só depois disso ele começou a se pronunciar na imprensa.

Como ele é com seus filhos?
Ele só pode ver as crianças por duas horas a cada 15 dias.

Por que ele a acusou de ser uma péssima mãe?

É desespero. Ele não quer arcar com suas obrigações e também não aceita a separação.

Quando a decisão judicial sair, você irá falar sobre o assunto?
Sim, com certeza. Vou ser a primeira a falar. Já temos audiência marcada e ela será em breve. Por isso, ele teve essa atitude lamentável.

Serra reprova Haddad. Decidiu ser candidato?

Em artigo publicado ontem, ex-governador de São Paulo critica pré-candidato do PT à prefeitura da capital paulista com base nos "enganos, desperdício de recursos, injustiças e, finalmente, a desmoralização" do Enem; tucano entrou no páreo?

Por 247 - O artigo está no blog do ex-governador José Serra e se chama "Reprovado no Enem". No texto, também publicado no jornal O Estado de S.Paulo, o tucano escolhe como alvo o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, que é, por acaso, pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo, posição para a qual Serra vem sendo cogitado pelo PSDB. O ex-governador nega, mas, pelo jeito, não está totalmente desligado da disputa na capital paulista. Será que, depois de negar que disputaria a eleição municipal, ele resolveu enfrentar o candidato do ex-presidente Lula?

Confira o artigo na íntegra:

Reprovado no Enem

O Enem — Exame Nacional do Ensino Médio — foi criado pelo ex-ministro da Educação Paulo Renato de Souza, em 1998, como parte de um esforço para melhorar a qualidade das escolas desse ciclo educacional. Para isso, precisava de um instrumento de avaliação do aproveitamento dos alunos ao fim do terceiro ano, com o propósito de subsidiar reformas no sistema. Iniciativas desse tipo também foram adotadas nos casos do ensino fundamental e do universitário. Nada mais adequado do que conhecer melhor o seu produto para adotar as terapias adequadas. O principal benefício para o estudante era avaliar o próprio conhecimento.
O Enem é uma prova voluntária e de caráter nacional. As questões são as mesmas em todo o Brasil. Sua expansão foi rápida: até 2002, cerca de 3,5 milhões de alunos já tinham sido avaliados. Note-se que Paulo Renato chegou a incentivar que as universidades levassem em conta o resultado do Enem em seus respectivos processos seletivos. Em 2002, 340 instituições de ensino superior faziam isso.
Ainda que o PT e seus sindicatos tivessem combatido o Enem, o governo Lula o manteve sem nenhuma modificação até 2008, quando o Ministério da Educação anunciou, pomposamente, que ele seria usado como exame de seleção para as universidades federais, o que “acabaria com a angústia” de milhões de estudantes ao por fim aos vestibulares tradicionais.
A partir dessa data, dados os erros metodológicos, a inépcia da gestão e o estilo publicitário (e só!) de governar, armou-se uma grande confusão: enganos, desperdício de recursos, injustiças e, finalmente, a desmoralização de um exame nacional.
O Enem, criado para avaliar o desempenho dos alunos e instruir a intervenção dos governos em favor da qualidade, transformou-se em porta de acesso — ou peneira — para selecionar estudantes universitários. Uma estupenda contradição! Lançaram-se numa empreitada para “extinguir os vestibulares” e acabaram criando o maior vestibular da Terra, dificílimo de administrar e evitar falhas, irregularidades e colapsos. A angústia de milhões de candidatos, ao contrário do que anunciou o então ministro, Fernando Haddad, cresceu em vez de diminuir. E por quê?
Porque a um engano grave se juntou a inépcia. Vamos ao engano. Em 2009, o Enem passou a usar a chamada “Teoria de Resposta ao Item” (TRI) para definir a pontuação dos alunos, tornados “vestibulandos”. Infelizmente, recorreu-se à boa ciência para fazer política pública ruim. A TRI mede a proficiência dos alunos e é empregada no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) desde 1995, prova que não seleciona candidatos – pretende mostrar o nível em que se encontra a educação, comparar as escolas e acompanhar sua evolução, para orientar as políticas educacionais.
Como o Enem virou prova classificatória, o uso da TRI, que não confere pontos aos alunos segundo o número de acertos (Teoria Clássica dos Testes – TCT), renovou a “angústia”. O “candidato” não tem ideia da pontuação que lhe vão atribuir porque desconhece os critérios do examinador. Uma coisa é empregar a TRI para avaliar o nível dos jovens; outra, diferente, é fazer dela um mistério que decide seu destino. Na verdade, o “novo” Enem passou a usar a TRI para, simultaneamente, selecionar alunos, avaliar o desempenho das escolas, criar rankings, certificar jovens e adultos que não completaram o ensino médio e orientar o currículum desse ciclo. Não há exame no mundo com tantas finalidades discrepantes.
A Teoria Clássica dos Testes não distingue o acerto derivado do “chute” daquele decorrente da sabedoria. A TRI pode ser mais apropriada como forma de avaliar o nível da educação, mas, como critério de seleção, vira um enigma para os candidatos. Os vestibulares “tradicionais”, como a Fuvest, costumam fazer sua seleção em duas etapas; uma primeira rodada com testes e uma segunda com respostas dissertativas — que não comportam o chute.
O Enem-vestibular do PT concentrou, ainda, na prova de Redação a demonstração da capacidade argumentativa do aluno. Além de as propostas virarem, muitas vezes, uma peneira ideológica, assistimos a um espetáculo de falta de método, incompetência e arbítrio. O país inteiro soube de um aluno da escola Lourenço Castanho, em São Paulo, que recorreu à Justiça e sua nota, de “anulada”, passou para 880 pontos — o máximo possível é mil. Outro, ao receber uma explicação sobre seus pontos, constatou um erro de soma que lhe roubava 20 pontos. Outros 127 estudantes conseguiram ter suas notas corrigidas. Atentem para a barbeiragem técnica: nos testes, recorre-se à TRI para que o “chute” não tenha o mesmo peso do acerto consciente, mas o candidato fica à mercê de uma correção marcada pelo subjetivismo e pelo arbítrio.
É conhecida também a sucessão de outros problemas e trapalhadas: quebra do sigilo em 2009, provas defeituosas em 2010 e nova quebra de sigilo em 2011. Além disso, os estudantes que, via Justiça, cobram os critérios de correção das redações, costumam receber mensagens com erros grotescos de português. Todos nós podemos escorregar aqui e ali no emprego da norma culta. Quando, porém, um candidato questiona a sua nota de redação e recebe do próprio examinador um texto cheio de erros, algo de muito errado está em curso.
Se o MEC queria acabar com os vestibulares, não poderia ter criado “o” vestibular. Se o Enem deve ser também uma prova de acesso à universidade, não pode ser realizado apenas uma vez por ano — promete-se duas jornadas só a partir de 2013. A verdade é que o governo não criou as condições técnicas necessárias para que a prova tivesse esse caráter. A quebra de sigilo em 2011 se deu porque questões usadas como pré-testes foram parar na prova oficial. O banco de questões do Enem não suporta a demanda. O PT se esqueceu de cuidar desse particular no afã de “mostrar serviço” — um péssimo serviço!
O ex-ministro Haddad, antes de deixar o cargo, fingiu confundir a crítica que fizeram a seu desempenho com críticas ao próprio Enem, o que é falso. Talvez seu papel fosse mesmo investir na confusão para tentar apagar as pegadas que deixava. O nosso papel é investir no esclarecimento.

Entidades criticam postura de jornalistas da Globo

Comentários sobre assassinatos de cientistas iranianos feitos por Caio Blinder e Diogo Mainardi no programa Manhattan Connection, da Globo News, geram carta de repúdio

Por Claudio Julio Tognolli _247 

Representantes de entidades sociais e professores de universidades de São Paulo publicaram, no início da semana passada, carta de repúdio contra os comentários feitos pelos jornalistas Caio Blinder e Diogo Mainardi, na edição de 15 de janiero passado, do programa Manhattan Connection, da Globo News.

De acordo com a carta, os comentaristas justificaram o assassinato de cientistas iranianos como forma de evitar mais mortes e intimidar outros cientistas que trabalhem para o governo do Irã, a quem chamou de “Estado terrorista”. Os comentaristas da Globo News se referiram ao atentado, com uma bomba, que matou o cientista Mustafa Ahmadi Roshan, de 32 anos, em Teerã, capital iraniana. Roshan é o quinto cientista nuclear iraniano morto em um atentado terrorista nos últimos dois anos. Leia a carta na íntegra:
Srs. Diretores da Rede Globo

Causa profunda surpresa, indignação e perplexidade assistir a um programa de vossa emissora em que jornalistas, comentaristas e palpiteiros assumam a defesa explícita da prática de assassinatos como meio válido de fazer política. Isso foi feito abertamente, no dia 15.01.2012, por Diogo Mainardi e Caio Blinder, ambos empregados da Rede Globo (o trecho em questão pode ser acessado pelo link:

Depois de fazer brincadeiras de gosto duvidoso sobre sua suposta condição de agente do Mossad (serviço secreto israelense), Caio Blinder alegou que os cientistas que trabalham no programa nuclear iraniano são empregados de um "estado terrorista", que "viola as resoluções da ONU" e que por isso o seu assassinato não constituiria um ato terrorista, mas sim um ato legítimo de defesa contra o terrorismo.

Trata-se, óbvio, de uma lógica primária erudimentar, com a qual Mainardi concordou integralmente. Parece não ocorrer a ambos o fato de que o Estado de Israel é liderança mundial quando se trata em violar as resoluções da ONU, e que é acusado de prática de terrorismo pela imensa maioria dos países-membros da entidade. Será que Caio Blinder defende, então, o assassinato seletivo de cientistas que trabalham no programa nuclear israelense (jamais oficializado, jamais reconhecido mas amplamente conhecido e documentado)?Ambos - o "agen te do Mossad" Caio Blinder e Diogo Mainardi – se associam ao evangelista fundamentalista estadunidense Pat Robertson, que, em abril de 2005, defendeu em rede nacional de televisão, com "argumentos" semelhantes, o assassinato do presidente venezuelano Hugo Chávez, provocando comentários constrangidos da Casa Branca.

Ao divulgar a defesa da prática do assassinato como meio de fazer política, a Rede Globo dá as mãos ao fundamentalismo - não importa se de natureza religiosa ou ideológica - e abre um precedente muito perigoso no Brasil. Isso é inaceitável. Atenção: não defendemos, aqui, qualquer tipo de censura, nem queremos restringir a liberdade de expressão. Não se trata de desqualificar ideias ou conceitos explicitados por vossos funcionários.O que está em discussão não são apenas ideias.

Não são as opiniões de quem quer que seja sobre o programa nuclear iraniano (ou israelense, ou estadunidense...), mas sim o direi to que tem uma emissora de levar ao ar a defesa da prática do assassinato, ainda mais feita por articulistas marcadamente preconceituosos e racistas. Em abril de 2011, o mesmo "agente do Mossad" Caio Blinder qualificou como "piranha" a rainha Rainha da Jordânia, estendendo por meio dela o insulto às mulheres islâmicas.

Mainardi é pródigo em insultos, não apenas contra o Islã mas também contra o povobrasileiro.Se uma emissora do porte da Globo dá abrigo a tais absurdos, mais tarde não poderá se lamentar quando outros começarem a defender, entre outras coisas, a legitimidade de se plantar bombas contra instalações de vossa emissora por quaisquer motivos, reais ou imaginários - por exemplo, como forma de represália pelas íntimas relações mantidas com a ditadura militar no passado recente, pela prática de ataques racistas contra o Islã e o mundo árabe, ou ainda pelos ataques contumazes aos movimentos sociais brasileiros e latino-americanos.

Manifestações como essas do "agente do Mossad" Caio Blinder e Diogo Mainardi ferem as normas mais elementares da convivência civilizada. Esperamos que a Rede Globo se retrate publicamente, para dizer o mínimo, tomando distância de mais essa demonstração racista de barbárie. Agradecemos a atenção.
Assinam os representantes e instituições:

- Hamilton Otavio de Souza - Editor Chefe da Revista Caros Amigos
- José Arbex Jr. - Chefe do Departamento de Jornalismo da PUC-SP
- Fabio Bosco - Central Sindical e Popular
- Francisco Miraglia Neto - Vice-Presidente Regional do ANDES-SN
- Reginaldo M. Nasser - Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da PUC-SP
- Marco Weisheimer - Editor da Carta Maior
- Socorro Gomes - Presidente do Centro Brasileiro para a Paz
- Soraya Misleh - Diretora de Imprensa do Instituto da Cultu ra Árabe
- Soraya Smaili - Vice-Presidente da Associação dos Docentes da UNIFESP
- Boris Vargaftig - Professor Titular da USP, membro da Academia Brasileira de Ciências
- Isabelle Somma - jornalista e doutoranda de Historia Social da USP.


Pinheirinho, a esquerda e a direita


 Por Mair Pena Neto


A tentativa de decretar o fim da história, com o triunfo do liberalismo e a extinção da luta de classes e do que seja esquerda e direita no campo político, vai sendo enterrada pela prática como bom e velho critério da verdade. Não é preciso se debruçar sobre conceitos e análises elaboradas. Basta olhar o que aconteceu no despejo de 1.600 famílias no Pinheirinho, em São José dos Campos, para constatar os evidentes interesses de classe e as diferentes visões políticas.

O que estava em jogo era o destino de milhares de pessoas, pobres e sem teto, que ocupavam há oito anos a área de uma fábrica falida, e os interesses do megaespeculador Naji Nahas, o dono (?) do terreno, que tem contas a prestar ao Estado e à Justiça. Uma questão social, e não de polícia, como a direita sempre a encarou. Basta ver o protagonismo da ação policial em São Paulo. Ela se dá contra estudantes, dependentes de crack, sem teto, sempre em defesa da ordem vigente, da propriedade privada e dos poderosos.

O litígio no Pinheirinho vinha se acirrando com decisões judiciais controversas e passou a ter a presença direta do governo federal, através da Secretaria Geral da Presidência, interessado numa solução negociada, que preservasse as famílias, com a construção de moradias populares no local. O governo federal estava disposto a se associar ao estadual na compra do terreno, numa ação conjunta para encerrar o impasse e evitar a violência prestes a explodir.

Mas não foi esse o entendimento do dono da área - aliás já um bairro, com casas montadas e famílias instaladas -, interessado em faturar mais com a valorização do local, que contou com os préstimos da Justiça estadual e dos governos de São José dos Campos e de São Paulo para atirar dois mil policiais, blindados e helicópteros sobre a massa, numa demonstração desnecessária de selvageria e brutalidade, que macula o estado de Direito e democrático. Justiça (apressada) e polícia (violenta), mais uma vez, se tornaram instrumento dos poderosos contra os desvalidos. E o poder público paulista amparando toda a ação é célere ao enviar os tratores logo após o despejo, demolindo os imóveis sem sequer dar tempo para que muitos retirassem os seus pertences.

A ação policial atropelou as tentativas de solução negociada em curso, que incluíam a presença no local, no momento do despejo, de um representante da Secretaria Geral da Presidência, atingido por balas de borracha. O ministro-chefe da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, tratou de sublinhar as diferenças entre governo federal e estadual: "Esse não é um método nosso, do governo federal. Nós achamos que tinha alguma coisa que poderia ser esgotada ainda no diálogo e, sobretudo, uma saída negociada e humana para as famílias, sem a necessidade daquela praça de guerra que foi armada."

O governo de São Paulo e o PSDB também deixaram clara a sua visão. Decisão judicial não se discute, por mais que não seja a de última instância, envolva vidas humanas e que ainda existam canais abertos para uma solução menos traumática. "O governo de São Paulo agiu em cumprimento de determinação do Judiciário, e a operação foi comandada diretamente pela presidência do Tribunal de Justiça paulista. Enquanto o governo federal só agride, o governo paulista e a prefeitura do município providenciam a ajuda necessária para minorar o sofrimento das famílias desalojadas", disse o PSDB em nota.

Essa distinção na maneira de lidar com conflitos sociais é fundamental para desmascarar os que tentam pregar a não existência entre esquerda e direita, como se tanto fizesse escolher entre uma e outra nos processos eleitorais. Esse é um discurso dissimulado do qual a direita se vale para tentar atrair os mal informados e a pouco politizada classe média ascendente. Mas, no fundo, ela continua a ser a antiga e conservadora tendência, que deseja reduzir o papel do Estado, entregando o país aos mercados, e está sempre pronta a tratar as questões sociais como caso de polícia.

KASSAB, A ESFINGE



Kassab trabalha para estar no barco vencedor, seja ele qual for.

  Vale parar e observar o jogo do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Ele é, no momento, quem reuniu mais cartas para jogar na eleição do sucessor. Ele não tem apoio popular capaz de mover montanhas —  enfrentou inclusive manifestantes ao sair da missa de ação de graças pelo aniversário da cidade. Mas tem em mãos várias opções. Como disse o vice-presidente da República, Michel Temer, só o prefeito para reunir tanta gente “diferenciada”. Na festa comandada por Kassab coube quase todo o espectro da política brasileira. Estavam ali todos os ensaios que ele faz para a prefeitura paulistana, além da Igreja e do Judiciário, braços importantes da vida pública. 

 No mundo ideal, Kassab queria reunir os “amigos” presentes àquela festa em torno da candidatura de Guilherme Afif Domingos, do PSD, dando aos tucanos o direito de indicar o candidato a vice. Em troca, Kassab adiaria o projeto de concorrer ao governo do estado em 2014 e se colocaria como candidato a vice de Geraldo Alckmin, quando o tucano for concorrer à reeleição, ficando assim “na boca” para 2018. Só nessa condição Kassab se renderia aos projetos de Alckmin, se for o atual governador o grande mentor da candidatura tucana a prefeito, o que até agora não está claro. 

A única forma de Kassab apoiar “de graça” os tucanos, ou seja, sem exigir nada em troca em relação ao futuro, é se o candidato for José Serra. Como Serra não se move — e nem Alckmin dá sinais de que está disposto a ter Kassab na sua vice —, o prefeito joga o capital político adquirido com seu o novo partido em favor de outros atores. O mais visível é Fernando Haddad, ungido por Lula. Mas ainda assim, não é o jogo mais atrativo para o prefeito.   

A candidatura de Haddad é hoje o plano “C” de Kassab para a própria sucessão. Kassab lutou para fundar o PSD, fazer dele um partido “independente” do governo Dilma Rousseff. Portanto, sabe que não pode, no primeiro movimento eleitoral de peso do PSD — caso da prefeitura de São Paulo — correr para se aliar ao primeiro petista candidato que aparece na sua frente. Até porque Fernando Haddad ainda não disse a que veio.
 O prefeito sabe que, se indicar o vice na chapa de Haddad, estará fadado a ficar em segundo plano na política paulistana. E o prefeito planeja ser peça-chave no jogo de 2014. Ao indicar um candidato a vice-prefeito para a chapa do PT à prefeitura, reduziria o seu poder de fogo. Portanto, essa hipótese hoje é considerada remota, embora não seja totalmente descartada diante das opções em estudo pelo PSD.
 
 Por falar em peça-chave…
      O único ator que se mantinha imperceptível até ontem no jogo de Kassab era o PMDB. Ao colocar Michel Temer como responsável pela distribuição das medalhas na cerimônia de ontem, o prefeito tratou de estender a mão ao padrinho da candidatura de Gabriel Chalita (PMDB-SP). Atualmente, Kassab não descarta sequer essa possibilidade dessa aliança. Afinal, Chalita, se não estiver no segundo turno, será fundamental para quem chegar lá, por isso, o deputado peemedebista é cortejado tanto por Kassab quanto pelo PT de Haddad. E não está afastada a hipótese de, passando a um segundo turno, Chalita obter ainda um apoio dos tucanos capitaneados por Alckmin. 

     Ciente dessa possibilidade, Kassab tratou de aproximar o PMDB do seu quintal. Afinal, se tem algo crucial para o prefeito é não estar fora do segundo turno da eleição paulistana, seja como padrinho da vitória, ou como seu parceiro desde o início. Do jeito que joga no momento, ele estará nesse barco vencedor, seja qual for. E errará feio quem subestimar as qualidades políticas de Kassab. Afinal, ele comanda a terceira maior máquina arrecadadora do Brasil. Do nada, fundou um partido que tem hoje quase 50 deputados. E montou tudo isso mantendo laços com os tucanos, se aproximando do PSB, do PT e, agora, do PMDB. A esfínge da mitologia tinha cabeça humana, corpo de leão e asas de águia. Se observamos a forma política do PSD veremos que não é muito diferente, guardadas as devidas proporções. Kassab vive hoje o seu momento de “decifra-me ou devoro-te”. Resta saber por quanto tempo terá condições de surfar nessa onda. Afinal, as ondas da política não são eternas e, se Kassab optar pela canoa errada, corre o risco de perder tudo, assim como aconteceu com o DEM. Mas essa é outra história. 

           

Tucanos Curitibanos e as sandálias da humildade

A política é uma coisa muito curiosa, realmente. Pois vejam vocês com o que nos deparamos na pré-disputa para a cadeira de Prefeito da cidade de Curitiba, lugar absolutamente negligenciado pelos mandatários de uma década para cá.

Como é sabido, Curitiba sempre foi o "paraíso". Melhor lugar do Brasil pra se morar durante tanto tempo, diversos Prefeitos que por aqui passaram deitaram e rolaram. Claro, "esqueceram" o que era importante. No caso, importante era administrar a cidade. Usaram o tempo pra se promover pessoalmente. Deu certo para alguns e pelo jeito, não está dando muito certo para o atual alcaide.

Para quem não mora na Capital do Paraná, eu explico. Luciano Ducci, o Prefeito, não é um cara muito querido pelo povo. Ele não faz questão de ser simpático, aparentemente também não faz questão de fazer as obras que o povo precisa e pelo que vemos, não faz questão de ouvir a população.

Obras existem. Mas só aquelas que enriquecem as empreiteiras e transformam a vida do cidadão comum num inferno. Especialmente no trânsito. Coisas que nunca terminam e você não vê a menor lógica para isso. Mas a Prefeitura sempre têm uma boa desculpa para fazer poda de árvores na segunda-feira as 8h30 da manhã. Bem no momento que o trouxa do contribuinte vai para o trabalho. Ou arrumar calçadas fechando ruas centrais por 4 meses, especialmente por volta das 18h, quando o (de novo) trouxa tenta voltar para casa.

Provavelmente os tucanos que apoiam o Prefeito (do PSB) viram a popularidade dele cair pelas tabelas. Assim, resolveram pedir para o ex-Prefeito Rafael Greca, que é pré-candidato pelo PMDB, que fosse vice de Ducci. 

Greca tirou de letra. Disse primeiro, que não se vende. Depois, que o pedido veio tarde demais. Talvez se tivesse vindo antes de o Governador (padrinho político de Ducci) destruir o que o PMDB construiu para o povo durante a administração estadual, quem sabe a resposta pudesse ate ser pensada. 

Mas não é o caso.

Greca sabe o que fala. O Governador Beto Richa tem costumado achar que pode passar por cima de tudo e de todos por causa de sua alta popularidade. Esquece por exemplo, que Lula, muito maior e mais popular que ele, não conseguiu eleger uma série de governadores Brasil afora. Beto esquece também que popularidade é uma coisa fulgaz, que some repentinamente quando o povo se toca que está sendo ludibriado.

E esse dia, pelo que vemos, está bem perto. Deviam vestir as sandálias da humildade. Já esse dia no entanto, parece estar bem longe.

Clique aqui para ir até o blog do Esmael Moraes para ver a notícia.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Com PSDB à deriva, PPS e DEM cogitam voos próprios para 2014


Agência O Globo

BRASÍLIA - Desnorteada com os índices de popularidade da presidente Dilma Rousseff, que chegou a superar seu padrinho político Luiz Inácio Lula da Silva depois de seu primeiro ano de governo, a oposição não consegue se entender. O racha interno enfrentado pelo PSDB - por conta da disputa travada desde o ano passado entre o ex-governador José Serra e o senador Aécio Neves pela vaga de candidato à sucessão presidencial de 2014, alimentada esta semana pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso - começa a contaminar seus principais parceiros nas últimas duas campanhas nacionais. Diante do quadro de indefinição, DEM e PPS tentam voos próprios em 2014.

- Quem tem quatro candidatos, não tem nenhum - comentou um observador da oposição.

Sem uma solução à vista para a briga entre Serra e Aécio, dirigentes do DEM já defendem abertamente o lançamento de uma candidatura própria à Presidência. O nome mais cotado é o do atual líder da bancada no Senado, Demóstenes Torres (GO). Resta saber se a legenda, que sofreu um duro revés no ano passado com a criação do PSD, conseguirá sobreviver às eleições deste ano.

Se o desempenho do partido ficar abaixo do esperado, setores do DEM admitem reservadamente que poderão buscar outros caminhos. Uma hipótese seria uma possível fusão com o PMDB, por ser uma legenda que, mesmo compondo a base governista, aceitaria representantes da oposição.

- Sem um candidato que a gente confie, é provável que lancemos um candidato próprio à sucessão presidencial. O DEM tem projeto distinto do PSDB. Nossa tendência é encontrar um candidato que tenha um discurso conservador e liberal - confirmou Demóstenes Torres.

Serra honraria legenda se fosse candidato, diz Freire

O PPS também admitiu em seu último congresso nacional ter um candidato próprio à sucessão de Dilma Rousseff. O presidente nacional do partido, deputado Roberto Freire (SP), por enquanto, evita fazer um convite aberto para que o ex-governador paulista seja candidato pelo PPS em 2014, mas admite que qualquer legenda ficaria honrada em ter nos seus quadros uma personalidade com a capacidade de Serra.
Freire considera, no entanto, cedo para se discutir nomes à eleição de 2014 e alfineta a briga entre os tucanos:

- O PSDB não deveria precipitar as discussões sobre 2014. Essa é uma discussão prematura que não ajuda ninguém. Nossa prioridade neste momento deveria ser fazer oposição ao governo Dilma. Isso é muito mais urgente neste momento. Vale lembrar ainda que, antes de 2014, precisamos nos preparar para as eleições municipais deste ano.

A possibilidade de a oposição se dividir em pelo menos três candidatura diferentes, por enquanto, não parece preocupar Freire:

- Não há nenhum problema em termos várias candidaturas. O problema do PSDB está em discutir neste momento uma divisão interna, um assunto que está na ordem do dia permanente do partido. Eles não deveriam estar gastando energia neste momento - acrescentou o presidente do PPS.