Agência O Globo
BRASÍLIA - Desnorteada com os índices de popularidade da presidente Dilma Rousseff, que chegou a superar seu padrinho político Luiz Inácio Lula da Silva depois de seu primeiro ano de governo, a oposição não consegue se entender. O racha interno enfrentado pelo PSDB - por conta da disputa travada desde o ano passado entre o ex-governador José Serra e o senador Aécio Neves pela vaga de candidato à sucessão presidencial de 2014, alimentada esta semana pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso - começa a contaminar seus principais parceiros nas últimas duas campanhas nacionais. Diante do quadro de indefinição, DEM e PPS tentam voos próprios em 2014.
Sem uma solução à vista para a briga entre Serra e Aécio, dirigentes do DEM já defendem abertamente o lançamento de uma candidatura própria à Presidência. O nome mais cotado é o do atual líder da bancada no Senado, Demóstenes Torres (GO). Resta saber se a legenda, que sofreu um duro revés no ano passado com a criação do PSD, conseguirá sobreviver às eleições deste ano.
Se o desempenho do partido ficar abaixo do esperado, setores do DEM admitem reservadamente que poderão buscar outros caminhos. Uma hipótese seria uma possível fusão com o PMDB, por ser uma legenda que, mesmo compondo a base governista, aceitaria representantes da oposição.
- Sem um candidato que a gente confie, é provável que lancemos um candidato próprio à sucessão presidencial. O DEM tem projeto distinto do PSDB. Nossa tendência é encontrar um candidato que tenha um discurso conservador e liberal - confirmou Demóstenes Torres.
Serra honraria legenda se fosse candidato, diz Freire
O PPS também admitiu em seu último congresso nacional ter um candidato próprio à sucessão de Dilma Rousseff. O presidente nacional do partido, deputado Roberto Freire (SP), por enquanto, evita fazer um convite aberto para que o ex-governador paulista seja candidato pelo PPS em 2014, mas admite que qualquer legenda ficaria honrada em ter nos seus quadros uma personalidade com a capacidade de Serra.
Freire considera, no entanto, cedo para se discutir nomes à eleição de 2014 e alfineta a briga entre os tucanos:
- O PSDB não deveria precipitar as discussões sobre 2014. Essa é uma discussão prematura que não ajuda ninguém. Nossa prioridade neste momento deveria ser fazer oposição ao governo Dilma. Isso é muito mais urgente neste momento. Vale lembrar ainda que, antes de 2014, precisamos nos preparar para as eleições municipais deste ano.
A possibilidade de a oposição se dividir em pelo menos três candidatura diferentes, por enquanto, não parece preocupar Freire:
- Não há nenhum problema em termos várias candidaturas. O problema do PSDB está em discutir neste momento uma divisão interna, um assunto que está na ordem do dia permanente do partido. Eles não deveriam estar gastando energia neste momento - acrescentou o presidente do PPS.
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