Kassab trabalha para estar no barco vencedor, seja ele qual for.
Vale parar e observar o jogo do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Ele é, no momento, quem reuniu mais cartas para jogar na eleição do sucessor. Ele não tem apoio popular capaz de mover montanhas — enfrentou inclusive manifestantes ao sair da missa de ação de graças pelo aniversário da cidade. Mas tem em mãos várias opções. Como disse o vice-presidente da República, Michel Temer, só o prefeito para reunir tanta gente “diferenciada”. Na festa comandada por Kassab coube quase todo o espectro da política brasileira. Estavam ali todos os ensaios que ele faz para a prefeitura paulistana, além da Igreja e do Judiciário, braços importantes da vida pública.
Vale parar e observar o jogo do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Ele é, no momento, quem reuniu mais cartas para jogar na eleição do sucessor. Ele não tem apoio popular capaz de mover montanhas — enfrentou inclusive manifestantes ao sair da missa de ação de graças pelo aniversário da cidade. Mas tem em mãos várias opções. Como disse o vice-presidente da República, Michel Temer, só o prefeito para reunir tanta gente “diferenciada”. Na festa comandada por Kassab coube quase todo o espectro da política brasileira. Estavam ali todos os ensaios que ele faz para a prefeitura paulistana, além da Igreja e do Judiciário, braços importantes da vida pública.
No mundo ideal, Kassab queria reunir os “amigos” presentes àquela festa em torno da candidatura de Guilherme Afif Domingos, do PSD, dando aos tucanos o direito de indicar o candidato a vice. Em troca, Kassab adiaria o projeto de concorrer ao governo do estado em 2014 e se colocaria como candidato a vice de Geraldo Alckmin, quando o tucano for concorrer à reeleição, ficando assim “na boca” para 2018. Só nessa condição Kassab se renderia aos projetos de Alckmin, se for o atual governador o grande mentor da candidatura tucana a prefeito, o que até agora não está claro.
A única forma de Kassab apoiar “de graça” os tucanos, ou seja, sem exigir nada em troca em relação ao futuro, é se o candidato for José Serra. Como Serra não se move — e nem Alckmin dá sinais de que está disposto a ter Kassab na sua vice —, o prefeito joga o capital político adquirido com seu o novo partido em favor de outros atores. O mais visível é Fernando Haddad, ungido por Lula. Mas ainda assim, não é o jogo mais atrativo para o prefeito.
A candidatura de Haddad é hoje o plano “C” de Kassab para a própria sucessão. Kassab lutou para fundar o PSD, fazer dele um partido “independente” do governo Dilma Rousseff. Portanto, sabe que não pode, no primeiro movimento eleitoral de peso do PSD — caso da prefeitura de São Paulo — correr para se aliar ao primeiro petista candidato que aparece na sua frente. Até porque Fernando Haddad ainda não disse a que veio.
O prefeito sabe que, se indicar o vice na chapa de Haddad, estará fadado a ficar em segundo plano na política paulistana. E o prefeito planeja ser peça-chave no jogo de 2014. Ao indicar um candidato a vice-prefeito para a chapa do PT à prefeitura, reduziria o seu poder de fogo. Portanto, essa hipótese hoje é considerada remota, embora não seja totalmente descartada diante das opções em estudo pelo PSD.
Por falar em peça-chave…
O único ator que se mantinha imperceptível até ontem no jogo de Kassab era o PMDB. Ao colocar Michel Temer como responsável pela distribuição das medalhas na cerimônia de ontem, o prefeito tratou de estender a mão ao padrinho da candidatura de Gabriel Chalita (PMDB-SP). Atualmente, Kassab não descarta sequer essa possibilidade dessa aliança. Afinal, Chalita, se não estiver no segundo turno, será fundamental para quem chegar lá, por isso, o deputado peemedebista é cortejado tanto por Kassab quanto pelo PT de Haddad. E não está afastada a hipótese de, passando a um segundo turno, Chalita obter ainda um apoio dos tucanos capitaneados por Alckmin.
Ciente dessa possibilidade, Kassab tratou de aproximar o PMDB do seu quintal. Afinal, se tem algo crucial para o prefeito é não estar fora do segundo turno da eleição paulistana, seja como padrinho da vitória, ou como seu parceiro desde o início. Do jeito que joga no momento, ele estará nesse barco vencedor, seja qual for. E errará feio quem subestimar as qualidades políticas de Kassab. Afinal, ele comanda a terceira maior máquina arrecadadora do Brasil. Do nada, fundou um partido que tem hoje quase 50 deputados. E montou tudo isso mantendo laços com os tucanos, se aproximando do PSB, do PT e, agora, do PMDB. A esfínge da mitologia tinha cabeça humana, corpo de leão e asas de águia. Se observamos a forma política do PSD veremos que não é muito diferente, guardadas as devidas proporções. Kassab vive hoje o seu momento de “decifra-me ou devoro-te”. Resta saber por quanto tempo terá condições de surfar nessa onda. Afinal, as ondas da política não são eternas e, se Kassab optar pela canoa errada, corre o risco de perder tudo, assim como aconteceu com o DEM. Mas essa é outra história.
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