Na política 2.0, não há espaço apenas para uma única posição. Seja a da imprensa que só condena e derruba ou a do militante que só ovaciona e defende
por Diego Iraheta no Brasil 247
Os tuítes de hoje podem ser os votos de amanhã. Seguindo essa linha de pensamento, políticos mais experientes caíram na rede já há algum tempo. O objetivo: promover-se e interagir com os eleitores-seguidores-amigos. Na campanha presidencial do ano passado, os assessores de comunicação cobraram de Dilma, Serra e Marina mais presença na web. Inspirados no emblemático case da eleição de Barack Obama, em 2008, os três candidatos foram apresentados ao poder do coletivo organizado via internet. E, por isso, tuitaram.
De olho em 2014, é claro que o mais cotado aspirante ao Palácio do Planalto também deve manter-se conectado. Melhor orador que escritor, Lula não é lá muito chegado no Twitter. Há duas contas que levam o nome dele - @presidente_lula e @LuisInacio – mas nenhuma possui o selo oficial que garante a autenticidade do perfil. Mesmo off-line, o ex-presidente não deixa passar oportunidade para “causar” nas redes. E não havia melhor data que o próprio aniversário dele para o #LulaDay.
Milhares de tuiteiros lembraram o 27 de outubro – dia também da primeira vitória dele nas urnas – e conseguiram botar a hashtag #LulaDay nos Trending Topics. Lula não foi pego de surpresa pela homenagem “virtual”. Ele já compreendeu faz horas o impacto da comunicação digital para mobilizar eleitores. Aliás, a rede organizadíssima de fãs e defensores do “cara”, como Lula foi chamado por Obama, é obra justamente do responsável pela vitoriosa campanha on-line do presidente norte-americano.
Scott Goodstein foi também o cabeça da estratégia de mídias sociais de Dilma Rousseff na corrida eleitoral. De seguidor em seguidor, garantiu à então candidata mais de 880 mil. Por meio do Twitter, esse pessoal volta e meia se une e brada contra quaisquer críticas seja a Lula, a Dilma ou a ministros alvo de denúncias da imprensa.
Lula vê no tuitaço da galera uma forma de democratizar os meios de comunicação. Em vídeo postado no YouTube nesta sexta, ele se apressa em opor redes sociais à mídia tradicional. “[Pelo Twitter] a gente vai poder ter informações… sem que as pessoas mudem aquilo que a gente quer falar. Sem que as pessoas tentem fazer a cabeça dos outros”, disse aos tuiteiros que o presentearam com popularidade. Foi uma referência aos jornais que denunciam esquemas de corrupção no governo e, claro, à revista antiPT Veja.
De fato, as mídias digitais permitem a democratização dos meios de comunicação – como Lula acredita. A informação que vai para a rede não é so made in Globo, in Veja etc e tal. É informação de todos os canais, cidadãos, partidos e ideologias. É por isso mesmo que Lula deve desbravar as redes para além de #LulaDays, dias de celebração e folia.
Na política 2.0, não há espaço apenas para uma única posição. Seja a da imprensa que só condena e derruba ou a do militante que só ovaciona e defende. Para alcançar sucesso nesse metiê, Lula deve seguir a cartilha de Scott (do Obama) e tuitar pra valer. Ouvindo não só petistas e admiradores, mas também os brasileiros descontentes – independentemente de orientação partidária. Se fizer isso, aí sim a estrela-mor do PT poderá brilhar mais on e off-line em três anos.
* Diego Iraheta é jornalista e estrategista digital. É brasileiro e não desiste nunca, mas gosta de provocar
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