Em telefonema de Manaus ao ministro do Esporte, hoje, por volta das 17 horas, presidente se declarou satisfeita com explicações e aliviada por PM João Dias não ter apresentado provas contra ele; Orlando Silva fica no cargo
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Por volta de 17h00, na linha a partir de Manaus, a presidente Dilma Rousseff telefonou ao ministro do Esporte, Orlando Silva, para informar-lhe que, do ponto de vista dela, a crise que abalou a permanência do ministro no governo está superada. “Você fica”, cravou Dilma, para alívio e satisfação do subordinado. A presidente registrou ter sido informada da ausência da voz do ministro nas 13 mídias que Dias entregou hoje à Polícia Federal, com diálogos dele com assessores do Ministério do Esporte. Como o policial militar prometera dar um “nocaute” no ministro, mas não conseguiu apresentar sequer uma palavra dele de participação direta no suposto esquema de corrupção, a presidente concluiu que Orlando Silva é, neste momento, muito mais vítima do que suspeito de uma situação.
O telefonema da presidente foi interpretado nos meios políticos de Brasília, entre os quais a informação da ligação circulou, como um ponto final na crise. Além do alívio frente a tibieza das novas denúncias, contou também a posição do ex-presidente Luiz Inácio do Lula da Silva, contrário à demissão do ministro.
Quase ao mesmo tempo em que recebeu a garantia da presidente de que continuará no cargo, o ministro do Esporte determinou a abertura de uma sindicância interna para apurar o conteúdo das denúncias de João Dias.
Abaixo, notícia da Agência Estado sobre o depoimento de João Dias à PF:
Agência Estado - Em novo depoimento de mais de quatro horas à Polícia Federal (PF), na tarde de hoje, o policial miAglitar João Dias informou que pelo menos vinte Organizações Não Governamentais aceitaram delatar o esquema de arrecadação de propina que o PCdoB teria montado no Ministério do Esporte com entidades conveniadas ao programa Segundo Tempo e outras ações da Pasta. As entidades, segundo ele, vão depor nos próximos dias.
Dias disse que o esquema incluía o pagamento, pelas ONGs, de um "pedágio" de 10 a 20% para um escritório de consultoria e a contratação dos serviços de um cartel de seis empresas indicadas pela cúpula do Ministério do Esporte, ligadas ao PCdoB. Pelo menos 20% de todo o dinheiro dos convênios firmados com 300 ONGs conforme o policial, eram desviados e parte ia para financiar a estruturação dopartido e campanhas de candidatos. "Fui vítima de chantagem e retaliações porque não aceitei as condições absurdas que me exigiam", afirmou.
Além dessas ONGs, o policial deu à PF os nomes de outras dez entidades que, segundo garante, aceitaram condições irregulares para obter recursos do programa. Segundo ele, as ONGs, para receber os recursos do programa Segundo Tempo e não serem molestadas na prestação de contas, tinham de comprar produtos e serviços de um "pool" de seis empresas: Infinita Comércio, Linha Direta, JG, Transnutre, HS e Capte Comércio.
Para a imprensa, na saída do depoimento, ele deu os nomes de cinco ONGs de Brasília - Liga de Futebol Society; Associação Nossa Senhora Imaculada; Instituto Novo Horizonte; Fundação Toni Matos; e a Associação Gomes de Matos, além de uma do Rio, a Fundação Viva Rio, e uma de Santa Catarina, o Instituto Contato. Sua lista inclui três entidades da Bahia, mas ele não revelou os nomes.
O policial garantiu que o ministro Orlando Silva sabia de todo o esquema, que seria operado pelos seus principais auxiliares na Pasta, entre os quais o chefe de gabinete, o secretário executivo, o secretário nacional de Esportes Educacionais e os chefes de áreas técnicas e jurídica.
Ele disse ter entregue à PF documentos novos, 13 áudios e outras mídias, como CDs, que comprovariam os desvios de recursos públicos. Entre as mídias, ele disse que estão dois áudios, publicados pela revista Veja nesse fim de semana, nos quais dirigentes do Ministério instruem o policial a fraudar documentos de prestação de contas de dois convênios firmados com a Pasta por meio de duas ONGs que ele dirige.
Ele disse ainda que nenhum dos áudios e mídias contém imagem ou voz do ministro, mas observou que seria impossível que ele não soubesse do esquema. "Se ele não sabia, como alega, não devia se considerar ministro porque as exigências eram feitas por assessores diretos e em nome dele", afirmou. "O próprio secretário executivo dele me atendeu para dar instruções em nome do ministro", garantiu. A PF não divulgou o teor do depoimento e informou, pela assessoria, que ainda não fechou o calendário de intimações. O depoimento não teve a presença dos advogados do policial.
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