terça-feira, 22 de novembro de 2011

O falso moralismo da mídia


Diz a sabedoria popular que em casa de ferreiro espeto de pau. De uns tempos para cá há um discurso enviesado de forte apelo junto a opinião pública formado em cima de uma suposta indignação que afeta um segmento específico da sociedade e se espraia pelos mais diversos setores das instituições nacional gerando a percepção de que a corrupção é invenção de um só governo e nele tornou-se endêmica, metastática, insuflado pela velha mídia acumpliciada a um lado político que nunca é investigado e tem o mesmo telhado de vidro, mas como está no espectro ideológico do qual é elemento chave recebe salvo conduto para praticar a corrupção nos Estados e Municípios que administram, enquanto pousa de  guardião da moral e dos bons costumes nos ataques à corrupção existente no governo federal. 

A cobertura dos escândalos de corrupção que já derrubou quatro ministros, corre a passos largos para defenestrar o quinto, Carlos Lupi do Trabalho, e tem um sexto na alça de mira, Negromonte das Cidades, nem de longe alcança os governos de oposição. E não é por falta de atos semelhantes aos condenados no governo federal. Há aos borbotões. É má fé puramente. 

O descaramento é tão grande que na maior cara de pau, por vezes aqueles que não têm nenhuma condição moral de apontar o dedo para execrar os acusados sumariamente de práticas criminosas no trato da coisa pública, são os que têm culpa no mesmo tipo de mal feito que atribuem aos que cairam em desgraça, vítimas de uma campanha midiática insidiosa que não respeita os pressupostos básicos do Estado democrático de direito, a presunção de inocência, o direito a ampla defesa e o contraditório.

E nem adianta os acusados clamarem  inocência, quanto mais procuram defender-se mais condenados ficam no tribunal de exceção montado pela velha mídia partidarizada. Na campanha de assassinato de reputação empreendida, o ônus da prova é invertido em favor de quem acusa. O acusado que se vire para provar que não deve nada. Qualquer semelhança com a mais cruel ditadura é mera coincidência. 

Os personagens macabros desta trama rocambolesca, apenas cumprem o papel de representar uma farsa, posto que se houvesse imparcialidade no trato que a imprensa da aos desvios de conduta de certos indivíduos que estão na administração pública para ser servido, geralmente em cargos da administração direta da União, voltasse também sua atenção com o mesmo interesse para outras esferas de poder, sem a coloração partidária que caracteriza a imprensa que se faz hoje no Brasil, aí sim um grande serviço de utilidade pública estaria sendo prestado ao povo. 

Mas como é, a velha mídia que diz ter o papel de fiscalizar as instituições propositadamente faz vistas grossas para a corrupção praticada por governos apaniguados em nome da causa que abraçou e da qual não abre mão até conseguir impor uma derrota nas urnas aos governos do PT no plano federal, ao tempo que não dormita em sentinela velando a corrupção no governo federal quando deveria fazê-lo indistintamente em todos governos. Assim,o que acontece de soslaio é efeito colateral, compensado pelo objetivo de unir forças contra o inimigo comum.

Tome o presidente da OAB, senhor Ophir Cavalcante, como exemplo no triste papel de Torquemada  que ele representa diante desse falso moralismo que na verdade é um esquema de poder articulado pela velha mídia para entregar o governo federal a oposição nas próximas eleições. Suas declarações mais parecem uma sentença de morte. Ele que preside uma das mais importantes instituição da república deveria ser o primeiro a se posicionar contrariamente ao linchamento moral de pessoas que são alvo das mais torpes denúncias sem que uma prova seja apresentada. 

No entanto é o primeiro a com estridência gritar pela queda dos ministros que estão sendo acusados de corrupção ou de conivência e participação em tais esquemas, a revelia do devido processo legal. Quem o assiste pelas emissoras que ele frequenta com assiduidade como baluarte da ética republicana, dando sempre a palavra final concernente  aos desvios de conduta dos outros, nem imagina que este senhor, diferente daquilo que prega, pratica um discurso que não se iguala ao que exige para aqueles que condena.

Uma disputa por poder na seccional do Pará motivou a OAB nacional a intervir na entidade envolta num grave escândalo de corrupção. O castigo veio a cavalo. Dois advogados insatisfeitos com a ingerência da ordem na seccional veio a público declarar que Ophir há treze anos recebe vinte mil reais mensais da viúva, pagos pelo contribuinte do Pará, sem contudo dá um prego numa barra de sabão. O mesmo Ophir que clama por ética e organiza marchas contra a corrupção ombreado com a elite cansada de São Paulo, aquela que só enxerga a corrupção mas fica calada em relação aos corruptores, ainda que tenha plena ciência de que um não existe sem o outro e é contumaz em sonegar imposto, lavar dinheiro e viver nababescamente no E.U.A e europa, não vê nada demais sorver os cofres públicos sem a contrapartida a que está obrigado a dá como procurador federal licenciado.

Não faz nem  seis meses que Palocci caiu em face de uma suspeita nada republicana de usar da influência que detinha no governo federal para enriquecer através de uma consultoria de araque. Denunciado ao procurador geral da república que estava na iminência de ser reconduzido ao cargo que ocupa, foi declarado inocente pelo procurador sob a alegação de que não havia indícios suficientes que ensejassem uma investigação mais profunda no âmbito daquela procuradoria. Registre-se que sob o procurador ficou a suspeita de que agiu para mostrar serviço ao governo e não ter sua nomeação cancelada.

Já o ministro Orlando Dias não contou com o beneplácito do procurador geral. Sem que houvesse nenhuma prova das acusações que pesavam sobre sua pessoa, teve a agilidade do procurador que muito solícito em atender ao linchamento promovido pela velha mídia, solicitou ao STF abertura de inquérito para investigar o ministro, resultando em seu opróbrio e posterior queda.

Com Aecinho o procurador usa de uma medida bem equidistante da que livrou Palocci e jogou Orlando na cova dos leões. Há seis meses que o grupo político de oposição ao governo mineiro, Minas Sem Censura representou ao procurador contra Aécio, sua irmã Andréia e uma rádio de ambos, a Arco Íris.

A denúncia pede apuração para provar que os imãos e a rádio sonegariam imposto de renda e esconderiam patrimônio. Foi apresentada em maio por deputados estaduais de Minas Gerais que faziam oposição a Aécio quando ele governou o estado (2003-2010) e que se mantêm nesta trincheira com o sucessor, o também tucano Antonio Anastasia.
Para os denunciantes, há alguma coisa errada no estilo de vida que Aécio leva – com festas, viagens e carros de luxo -, quando se observa a renda e o patrimônio que ele declara. Ou o senador tem mais e declara menos para não pagar imposto de renda. Ou arruma dinheiro de forma não republicana, e aí teria de ocultar mesmo.
A representação tem anexa cópia da declaração de renda de Aécio entregue à Justiça eleitoral em 2010 (R$ 617 mil), de certidão da Junta Comercial listando as quatro empresas de que o senador é sócio e dos gastos mineiros com publicidade entre 2003 e 2010 (cresceu sete vezes).
“Estranhamos que não haja uma decisão ainda”, disse à Carta Maior o líder do bloco de oposição ao PSDB na Assembleia Legislativa mineira e signatário da denúncia, deputado Rogério Correia (PT). “Mas ainda temos a expectativa de que não haja engavetamento, e o procurador-geral dê guarida à representação.”
A aceitação de uma denúncia, com a consequente abertura de inquérito, não significa sentença condenatória, só que a Procuradoria Geral concorda que há fatos estranhos a justificar uma apuração mais acurada. Mas serve no mínimo como arma política que pode ser usada contra o alvo da investigação.

A imprensa então no mais absoluto silêncio. E nem vou mais me alongar falando do escândalo do metrô de São Paulo que teve as obras paralisadas e seu presidente afastado por ordem judicial que identificou vicio e direcionamento na licitação da Linha-5Lilás num superfaturamento de trezentos milhões de reais que não se divulga na rede globo, não é capa de veja e nem sai com a intensidade dos escândalos do governo federal na velha mídia.

No momento que termino de digitar este texto, leio no blog Brasil 247 que o presidente do TCE de São Paulo foi afastado de suas funções acusado de desviar cinquenta milhões de reais ao longo de catorze anos. Se ele abri o bico, voará pena de tucano paulista pra tudo quanto é lado. Observe nos dias seguintes qual vai ser a repercussão. Observe se vão dá ares de escândalo a este episódio inédito na história de um tribunal no país. Agora imagine se fosse um ministro do TCU indicado por Lula ou Dilma.

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