O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, pediu à sua aliada Síria que dialogue com a oposição, num sinal da preocupação do governo iraniano com um movimento que está exigindo o fim do regime do presidente sírio, Bashar al-Assad.
Em entrevista concedida na quarta-feira à emissora portuguesa RTP, Ahmadinejad disse que a repressão militar "nunca é a solução correta", segundo relato feito pela semioficial agência de notícias iraniana Fars.
"Os governos têm de respeitar e reconhecer os direitos das suas nações à liberdade e à justiça (...). Os problemas precisam ser resolvidos por meio do diálogo", afirmou Ahmadinejad, de acordo com a Fars.
Autoridades iranianas têm repetidamente pedido à Síria que respeite as reivindicações reformistas da oposição. Mas o regime de Bashar al Assad vem reprimido com dureza os protestos dos últimos meses, e a ONU diz que mais de 2.200 civis já foram mortos desde março. O governo sírio alega que as turbulências são promovidas por "terroristas".
No mês passado, o chanceler iraniano, Ali Akbar Salehi disse que Assad precisa atender às reivindicações do seu povo, mas, ao contrário do que fizeram outros governos da região, não criticou o uso da força na repressão aos protestos.
Já Ahmadinejad disse que "os países da região podem ajudar a Síria resolver o problema".
Em 2009, o Irã reprimiu com violência manifestações decorrentes da polêmica reeleição de Ahmadinejad. Os EUA e outros países acusam o Irã de agora estar ajudando Assad a reprimir as dissidências. Teerã nega essa acusação, e acusa Washington e seus aliados de instigarem os protestos na Síria, por causa do contraponto que Damasco representa a Israel.
Autoridades iranianas, por outro lado, já chegaram a descrever as rebeliões da chamada Primavera Árabe como um "despertar islâmico" que prenunciaria o fim do domínio de elites pró-EUA na região.
Porém, analistas apontam para as preocupações do Irã com os protestos na Síria. "A Síria é uma aliada estratégia do Irã, e o colapso do regime de Assad irá enfraquecer a posição de Teerã no Oriente Médio contra rivais muçulmanos sunitas como a Arábia Saudita", disse o analista Hossein Heshmati.
Fonte: Reuters
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