Gilberto Kassab está fraco. Essa é a leitura imediata da pesquisa Datafolha, que aponta um índice de 24% de "ótimo e bom" nas avaliações do prefeito da maior cidade do País. É o índice mais baixo desde que ele assumiu o comando da prefeitura de São Paulo, em 2006. Mas será que esses números são mesmo tão importantes?
Foto: ANTÔNIO MILENA/Agência Estado |
Ontem mesmo, no dia em que a pesquisa foi divulgada, Kassab participou de um seminário organizado pela candidata do PT à sucessão municipal, Marta Suplicy, a convite dela. O que indica que Marta, apesar de seus 31% no Datafolha, não parte para o confronto direto com o prefeito. Sabe que o apoio dele, num eventual segundo turno, não deve ser menosprezado.
Sim, Kassab, embora tenha chegado à prefeitura pelas mãos de José Serra, hoje se aproxima cada vez mais do bloco governista. E é justamente isso que faz dele uma das peças centrais da política brasileira. Seu recém-criado PSD, que ainda depende do aval do Tribunal Superior Eleitoral, deve nascer com quase 50 deputados e a terceira maior bancada do Congresso Nacional, atrás apenas de PT e PMDB. É o "partido-ônibus", que abriga todos aqueles dispostos a aderir ao bloco governista -- que não são poucos. E, num momento em que a presidente Dilma enfrenta dificuldades com todos os partidos aliados, como PMDB, PP e PR, a força de Kassab se torna ainda maior. Não por acaso, no seu último congresso, realizado no fim de semana, em Brasília, o PT recomendou alianças regionais com o PSD.
Força regional
Kassab hoje sonha com um ministério de peso para o seu PSD, que poderia ser, por exemplo, o das Cidades, atualmente comandado pelo PP. Isso pode ser decisivo, inclusive, na construção de apoios à sucessão municipal em várias capitais. Em São Paulo, o atual prefeito torce para que José Serra, a quem seria obrigado a apoiar, não saia candidato. E conta, a seu favor, com os números decepcionantes de Serra na pesquisa Datafolha: 18% apenas e uma rejeição superior à de Marta. Com Serra fora do páreo, Kassab poderia apoiar um candidato de menor expressão, como o atual secretário Eduardo Jorge, do Meio Ambiente, e negociar melhor seu apoio no segundo turno. Regionalmente, os adversários dele são o governador tucano Geraldo Alckmin -- Kassab quer ser candidato ao Palácio dos Bandeirantes em 2014 -- e o candidato do PMDB, Gabriel Chalita.
E não se deve desprezar o fato de que a Prefeitura de São Paulo tem R$ 7 bilhões em caixa, o que pode ajudar a reverter o quadro de desaprovação num ano eleitoral.
Em outros estados, o quadro do PSD é também animador. No Rio de Janeiro, por exemplo, o partido, comandado por Índio da Costa, terá a segunda maior bancada da Assembléia Legislativa. Na Bahia, onde tem o vice-governador Otto Alencar, será a segunda força política. No Distrito Federal, conta com o ingresso da deputada distrital Eliana Pedrosa, que pode ser candidata ao Palácio do Buriti em 2014. E já administra os governos de dois estados importantes: Amazonas e Santa Catarina.
Kassab perdeu pontos no Datafolha porque, aos olhos da população, dedicou-se menos à administração de São Paulo e mais à construção de seu partido nos últimos meses. Mas o
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