sexta-feira, 6 de julho de 2012

Patrus elogia Tancredo e critica o neto Aécio


Minas 247 - A candidatura do ex-ministro Patrus Ananias à Prefeitura de Belo Horizonte, decida na última hora pelo PT, contará com o apoio em peso da militância petista, esquecida nos últimos anos. No lançamento da campanha, um grupo de filiados espremia-se na sede do PT municipal, no bairro de Lourdes. Eles assistiram aos discursos do próprio Patrus, do presidente nacional do PT, de apoiadores em outros partidos. Também não tentaram esconder o que pensavam, manifestando-se através de gritos de guerra, aplausos efusivos e vaias.
“O Patrus voltou” era o grito mais comum dos militantes que compareceram ao evento. Além do candidato registrado na própria quinta no TRE mineiro, o mais festejado era o vice-prefeito Roberto Carvalho. Sempre que seu nome era citado em algum discurso, os aplausos eram fortes. A militância petista credita a Carvalho a responsabilidade pelo lançamento da candidatura própria do partido, contra a ideia inicial de apoio à reeleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB). O vice-prefeito, brigado com Lacerda desde o ano passado, é presidente do PT de BH, que reuniu-se no sábado passado e optou pelo rompimento com o PSB e o lançamento da candidatura de Carvalho - que, depois, abriu mão para apoiar Patrus.
O candidato do PT estava visivelmente emocionado. Em seu discurso, lembrou a união das correntes do partido - algo raro na história recente do PT da capital mineira - e não poupou de críticas o senador tucano Aécio Neves, principal apoiador do seu adversário. “O avô é maior do que o neto”, disse Patrus, fazendo referência ao ex-governador mineiro Tancredo Neves e a Aécio Neves. “E Tancredo é PMDB, é MDB histórico, que está conosco, e não com a candidatura do neto.”
Já é possível perceber que o PT e a frente que apoia Patrus tentará levar a campanha para tons mais políticos, tentando passar a imagem de uma disputa entre esquerda e direita - o adversário Lacerda, logicamente, faria parte da “direita”, sob a ótica do PT.
É o que mostrou também o discurso do presidente nacional do PT, Rui Falcão, presente ao ato em BH. “No dia do rompimento (sábado), recebi no celular um torpedo do Lacerda justificando que o acordo não seria possível porque o PSDB não aceitava as condições do PT”, disse Falcão. “Mas nós não tínhamos trato com os tucanos, tínhamos um acordo com o PSB, que nos traiu. E em política a gente não esquece uma traição.”
Roberto Carvalho, confirmado como coordenador geral da campanha, foi obrigado em certo momento a intervir, pedindo aos manifestantes que não vaiassem ninguém. Elas foram direcionadas ao presidente estadual do PT, deputado federal Reginaldo Lopes, e ao ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel - ambos eram os maiores defensores da aliança com Lacerda e, no sábado, chegaram a comparecer à convenção do PSB. “O momento agora não é para vaias. Agora, é união”, disse Carvalho.
O próprio Patrus tentou desfazer qualquer atrito com o grupo ligado a Pimentel. “Todos sabem das divergências que tive com o Pimentel”, disse o candidato petista. “Mas agora isso acabou, o Pimentel teve um papel importantíssimo para trazer o PMDB e outros aliados para nossa frente.”
Veio do PMDB a maior supresa do ato petista. O deputado federal Leonardo Quintão, ligado ao governador Aécio Neves, fez um discurso inflamado. “Hoje é dia de descanso”, disse Quintão, que retirou sua candidatura, lançada pelos peemedebistas também no sábado, para apoiar o PT. “As a partir de amanhã (sexta-feira) é trabalhar 24 horas por dia pela vitória.”


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