Minas 247 - A candidatura do ex-ministro Patrus Ananias à
Prefeitura de Belo Horizonte, decida na última hora pelo PT, contará com o
apoio em peso da militância petista, esquecida nos últimos anos. No lançamento
da campanha, um grupo de filiados espremia-se na sede do PT municipal, no
bairro de Lourdes. Eles assistiram aos discursos do próprio Patrus, do
presidente nacional do PT, de apoiadores em outros partidos. Também não
tentaram esconder o que pensavam, manifestando-se através de gritos de guerra,
aplausos efusivos e vaias.
“O Patrus voltou” era o grito mais
comum dos militantes que compareceram ao evento. Além do candidato registrado
na própria quinta no TRE mineiro, o mais festejado era o vice-prefeito Roberto
Carvalho. Sempre que seu nome era citado em algum discurso, os aplausos eram
fortes. A militância petista credita a Carvalho a responsabilidade pelo
lançamento da candidatura própria do partido, contra a ideia inicial de apoio à
reeleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB). O vice-prefeito, brigado com
Lacerda desde o ano passado, é presidente do PT de BH, que reuniu-se no sábado
passado e optou pelo rompimento com o PSB e o lançamento da candidatura de
Carvalho - que, depois, abriu mão para apoiar Patrus.
O candidato do PT estava
visivelmente emocionado. Em seu discurso, lembrou a união das correntes do
partido - algo raro na história recente do PT da capital mineira - e não poupou
de críticas o senador tucano Aécio Neves, principal apoiador do seu adversário.
“O avô é maior do que o neto”, disse Patrus, fazendo referência ao
ex-governador mineiro Tancredo Neves e a Aécio Neves. “E Tancredo é PMDB, é MDB
histórico, que está conosco, e não com a candidatura do neto.”
Já é possível perceber que o PT e
a frente que apoia Patrus tentará levar a campanha para tons mais políticos,
tentando passar a imagem de uma disputa entre esquerda e direita - o adversário
Lacerda, logicamente, faria parte da “direita”, sob a ótica do PT.
É o que mostrou também o discurso
do presidente nacional do PT, Rui Falcão, presente ao ato em BH. “No dia do
rompimento (sábado), recebi no celular um torpedo do Lacerda justificando que o
acordo não seria possível porque o PSDB não aceitava as condições do PT”, disse
Falcão. “Mas nós não tínhamos trato com os tucanos, tínhamos um acordo com o
PSB, que nos traiu. E em política a gente não esquece uma traição.”
Roberto Carvalho, confirmado como
coordenador geral da campanha, foi obrigado em certo momento a intervir,
pedindo aos manifestantes que não vaiassem ninguém. Elas foram direcionadas ao
presidente estadual do PT, deputado federal Reginaldo Lopes, e ao ministro do
Desenvolvimento, Fernando Pimentel - ambos eram os maiores defensores da
aliança com Lacerda e, no sábado, chegaram a comparecer à convenção do PSB. “O
momento agora não é para vaias. Agora, é união”, disse Carvalho.
O próprio Patrus tentou desfazer
qualquer atrito com o grupo ligado a Pimentel. “Todos sabem das divergências
que tive com o Pimentel”, disse o candidato petista. “Mas agora isso acabou, o
Pimentel teve um papel importantíssimo para trazer o PMDB e outros aliados para
nossa frente.”
Veio do PMDB a maior supresa do
ato petista. O deputado federal Leonardo Quintão, ligado ao governador Aécio
Neves, fez um discurso inflamado. “Hoje é dia de descanso”, disse Quintão, que
retirou sua candidatura, lançada pelos peemedebistas também no sábado, para
apoiar o PT. “As a partir de amanhã (sexta-feira) é trabalhar 24 horas por dia
pela vitória.”
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