Por Leila Cordeiro, no Direto da Redação
Carisma é a palavra de ordem hoje na TV brasileira. E isso
aconteceu a partir da nova empreitada da Globo ao trocar as apresentadoras do
Jornal Nacional, entregando à substituída a difícil missão de tentar resgatar a
audiência das manhãs globais. Não deu certo, pelo menos até agora. E Fátima
Bernardes, que trocou os altos índices de audiência do horário nobre por
minguados pontinhos matinais, vive seu inferno astral televisivo.
A questão que se coloca hoje é a
seguinte: se o programa da Fátima não consegue decolar de quem é a culpa? Da
produção ou da apresentadora? Para a mídia e o povão que comenta abaixo das
colunas especializadas, a culpa é da falta de carisma da apresentadora.
Mas, espera aí. Como é que se mede o
nível “carismático” de uma pessoa? Como é que, de repente, uma profissional,
que agradava tanto atrás da bancada do telejornal, amarga agora um alto índice
de rejeição por não ter carisma suficiente para fazer algo diferente do que fez
durante anos?
Por causa dessa polêmica do carisma é
que programas de humor tem deitado e rolado na sopa, ou seja, tem achincalhado
profissionais em suas fragilidades, como fez Rafinha Bastos em seu último
programa na Rede TV!, versão brasileira, do Saturday Night Live, apresentado na
NBC americana.
Em nome do humor e das gracinhas,
algumas bem grosseiras, Rafinha expôs a apresentadora da Globo ao ridículo,
fazendo esquetes com a pretensa falta de carisma dela, usando o deboche como
tom em cada “brincadeira” envolvendo o tendão de aquiles de Fátima, a baixa
audiência do programa que está sendo atribuída à sua falta de carisma.
E o que seria essa qualidade tão
poderosa que está mexendo com a audiência de uma TV como a Globo, que até então
não conhecia tão baixos índices em suas manhãs? Como passar a ter carisma
suficiente para levantar a audiência de um programa? O que precisa ser feito
para alguém conquistar o tão almejado e valorizado status de carismático?
É bom explicar que estou voltando a
este assunto, apenas porque todos os dias lemos nos sites e jornais do país que
a apresentadora não consegue decolar e conquistar o público que a aplaudia no
passado. E como tudo isso está mexendo com os números até então privilegiados
da maior emissora do país, não posso deixar de comentar novamente o fenômeno.
Bem, dentro desse pensamento, levando
em conta que o carisma de uma pessoa pode mover montanhas, vamos ver quem seria
o profissional mais carismático da TV brasileira.
Num primeiro momento me veio à mente o
nome de Silvio Santos que, apesar de seus palpites e comentários
inconvenientes, como o de ter revelado o baixo salário de 4 mil reais que seu
neto vai ganhar como ator da Globo, continua agradando ao seu público. Seria
isso o verdadeiro carisma? A capacidade de agradar na telinha
incondicionalmente a quem o assiste?
Começo a achar que o carisma é algo que
nasce com as pessoas. Não adianta querer colocar ouro em cima, se o brilho não
aparece. Não adianta cercar alguém de todo um aparato tecnológico, dar a ela a
oportunidade e a liberdade de criar, quando o que diz não emociona, não
convence.
Penso que o carisma de alguém está exatamente em sua
capacidade de se mostrar verdadeiramente como é, como ser humano e pessoa
comum, preocupando-se menos em representar na telinha um papel que não é seu.
Talvez esteja aí a deficiência de Fátima
Por isso, deveriam aconselhar a
apresentadora a dedicar alguns minutos de seu domingo para assistir ao SBT,
despindo-se do chique global e para aprender com a vasta experiência de Silvio
como é possível ficar tantas décadas no ar, com toda aquela mesmice e o bordão
eterno: “Silvio Santos vem aí!!!!!!”
Carisma, fazer o quê?
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