Por Luiz Cezar, no Brasil que Vai
Depois de
cair Demóstenes Torres, senador do DEM, cai Agripino presidente do mesmo
partido. Os dois maiores críticos do que chegaram a chamar de crise moral no
governo Dilma viraram manchete de jornal e correm o risco de impeachment depois
de abertos processos por desvio de conduta no Supremo Tribunal pelo Ministério
Público Federal.
Com eles
sucumbe o que restava dos escombros do edifício dos Democratas, trazido ao chão
pelos filmes que mostravam o único governador eleito pela agremiação originada
do extinto PFL, recebendo numerário de agente público incumbido da arrecadação
de propinas.
Foram
escândalos diferentes, ainda que de divulgação concomitante, os que vitimaram
um e outro dos próceres oposicionistas. Mas o de maior estrago foi o de
Agripino, que ameaça arrastar consigo o candidato `a prefeitura de São Paulo
pelo PSDB, José Serra.
Serra,
que insiste em São Paulo brigar como um cão velho pelo osso que
pretende saborear daqui a 2 anos em Brasília, tem gente graúda de
sua confiança envolvida no escândalo que volta a atingir o último bastião moral
do DEM, Agripino.
O nome do homem, que até rima com
o de Maia , é João Faustino. O tucano potiguar de quem ninguém tinha
ouvido falar até que fosse preso pela polícia federal por chefiar esquema de
fraude nos serviços de inspeção veicular em seu estado, foi feito suplente de
senador de Agripino Maia por indicação do paulista José Serra, no momento em
que desfrutava de grande prestígio dentro de seu partido pelo fato de ser
candidato a presidente da república.
Estranho, não? O padrinho do
prefeito paulistano Kassab, que teve os bens bloqueados pela Justiça por
suspeita de fraude na inspeção veicular da cidade de São Paulo, patrocinou
alguém do seu círculo com domicílio a quase 4.000 km de distância, que,
por sua vez, também ele envolveu-se em fraudes bilionárias nos serviços de
inspeção veicular.
Mas não se pense que por suas
pretensões eleitorais em âmbito nacional, José Serra foi buscar amigos e apoios
lá onde as necessidades de voto o exigiriam, vindo a conhecer casualmente o
aliado Faustino. Não, José era chapa de João desde os tempos da UNE, quando o
famigerado, diria Guimarães Rosa, presidiu a seção norte-riograndense da
entidade.
Mais, quando governador Serra
abonou a ficha de filiação do amigo ao partido dos tucanos e abrigou-lhe na
antessala de Aloysio Nunes, seu Chefe da Casa Civil com o pomposo título de
Sub-Chefe da Casa Civil, cargo de que desfrutou por 2 anos e meio no Palácio
dos Bandeirantes. Até 2010 Faustino recebia estipêndio do governo de São Paulo
como conselheiro de empresas estatais.
A convivência entre Aloysio e
João tampouco foi difícil, desde que um e outro trabalharam juntos no governo
Fernando Henrique Cardoso: Faustino na condição de Secretário da Presidência
para Assuntos Federativos e Aloysio na de Secretário Particular do Presidente.
À aproximação da campanha
eleitoral, Serra incumbiu seu “protegée” de levantar dinheiro no nordeste. Com
uma boa ajuda de custo no bolso e uma idéia esplêndida na cabeça: reproduzir
entre os nordestinos a bilionária experiência da inspeção veicular da cidade de
São Paulo que ele, Serra, havia deixada prontinha para ser operada por
seu substituto e depois prefeito eleito com seu esforço pessoal, Gilberto
Kassab.
João Faustino, usando o nome do
candidato presidencial, foi direto à governadora Wilma Maia para que baixasse,
ainda antes das eleições presidenciais, lei estadual instituindo a inspeção
veicular no estado.
Os investigadores interceptaram mensagens eletrônicas entre os operadores do esquema e contatos seus dentro da Prefeitura de São Paulo que comprovam estreita colaboração de funcionários com a quadrilha na elaboração da lei que criou a inspeção veicular em Natal, no edital de concorrência publicado e até nos despachos que deveriam ser apostos em caso de recursos apresentados contra o fraudado certame.
Os investigadores interceptaram mensagens eletrônicas entre os operadores do esquema e contatos seus dentro da Prefeitura de São Paulo que comprovam estreita colaboração de funcionários com a quadrilha na elaboração da lei que criou a inspeção veicular em Natal, no edital de concorrência publicado e até nos despachos que deveriam ser apostos em caso de recursos apresentados contra o fraudado certame.
Agora Serra quer ser Prefeito e
chama de inconsequente a proposta de seu jovem oponente Fernando Haddad de
extinguir a taxa de inspeção veicular paga pelos motoristas paulistanos, mesmo
depois de haverem já pago o imposto sobre veículos automotores, o IPVA, que tem
cota-parte destinada ao município. Talvez não esteja mesmo bem avaliando o
candidato do PT a importância que tem para o caixa de Serra as contribuições
desse bilionário negócio São Paulo.
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