Agência Brasil
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Deputados da Comissão de Direitos Humanos e da
Subcomissão da Verdade protocolaram hoje (4) na presidência da Câmara
representação contra o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) por quebra de decoro
parlamentar. Os deputados alegam que Bolsonaro tentou impediu a realização da
primeira sessão da subcomissão e ofendeu um servidor da Casa. Procurado pela Agência Brasil,
Bolsonaro, que é oficial da reserva do Exército, se defendeu dizendo que foi
ofendido pelo funcionário.
De acordo com o presidente da Comissão de
Direitos Humanos da Câmara, Domingos Dutra (PT-MA), que também é membro da
subcomissão, Bolsonaro quebrou o decoro parlamentar ao impedir a realização da
reunião. A audiência, fechada à imprensa, estava marcada para ouvir os
depoimentos de dois camponeses e dois militares que tiveram participação na
Guerrilha do Araguaia. Bolsonaro, segundo Dutra, também tirou foto dos
depoentes para tentar constrangê-los.
“O deputado Jair Bolsonaro, que está acostumado
a agredir as pessoas e tentar obstruir os trabalhos do Legislativo e, apesar de
não fazer parte da subcomissão, tentou obstruir os trabalhos. Ele agrediu um
servidor da comissão, o secretário Marcio Araujo, ameaçou os depoentes, tentou
paralisar as atividades da comissão. Como ele não conseguiu, ficou no corredor
aos berros ameaçando todo mundo”, contou Dutra.
Para Chico Alencar (PSOL-RJ), Bolsonaro atingiu
não só o trabalho da subcomissão, mas também o Código de Ética que diz ser
grave falha ao decoro interromper uma sessão “da forma como ele fez”. “Ele
também ofendeu um servidor. Isso não pode ficar apenas no folclore do Bolsonaro
para satisfazer o nicho fascista dele”, acrescentou o líder da legenda.
Por outro lado, Bolsonaro disse que a confusão
começou quando o servidor o impediu de ter acesso à lista com o nome das
pessoas que estavam depondo. Segundo ele, uma secretária iria lhe passar o
documento e o servidor Marcio Araujo “tomou o papel” da mão dela.
“Estava ouvindo o depoimento e fui pegar a
relação dos nomes dos depoentes. Mas um assessor não me deixou ter acesso ao
papel. Tomou o papel e correu para um canto. Peguei minha máquina fotográfica e
tirei uma foto dele e ele veio atrás de mim para tirar satisfação”, contou
Bolsonaro à Agência Brasil.
“Todo os deputados tomaram as dores do servidor
e houve bate-boca lá dentro. Não houve xingamento, mas uma discussão pesada.
Falei lá dentro que o depoimento teria que ser aberto [à imprensa]”,
acrescentou Bolsonaro.
Para o parlamentar que defende os temas de
interesse dos militares no Congresso, a representação é uma forma de tentar
impedi-lo de participar das reuniões da subcomissão. “Essa é uma comissão da
mentira. Eles estão revoltados porque eu falei que vou participar de toda e
qualquer sessão da comissão que for dentro da Câmara. Eles querem que eu não
adentre a subcomissão, mas se essa for a intenção deles, vão dar com os burros
n'água”, provocou Bolsonaro.
A representação foi entregue ao presidente da
Câmara, Marco Maia (PT-RS), que irá encaminhar o documento à Corregedoria da
Casa. Lá, o corregedor, deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), terá prazo de 45
dias para apresentar parecer sobre o caso. Caso considere que houve quebra de
decoro, enviará o documento à Comissão de Ética para abertura de processo, que
pode resultar na cassação de Bolsonaro.
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