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O senador e ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, esteve em Natal ontem para participar de um seminário promovido pelo PSDB, dentro do projeto "Pensar Natal". A visita do senador serviu como um apoio à pré-candidatura do deputado federal Rogério Marinho à Prefeitura de Natal. Além disso, Aécio Neves trabalha dentro do PSDB para ser candidato à presidência da República em 2014. Ao conversar com jornalistas, o senador criticou o Governo Federal e não comentou o livro do jornalista mineiro Amaury Ribeiro "Privataria Tucana", que fala sobre denúncias de corrupção no processo de privatização. "Não é esse o tipo de literatura que mais me agrada", disse.
Aldair DantasAécio Neves concedeu coletiva à imprensa antes de participar do seminário
O que o senhor pretende discutir hoje?
O PSDB precisa mostrar o que o diferencia do atual Governo. O PSDB, por exemplo, aposta na gestão pública de qualidade, na meritocracia, na eficiência, entre outras questões. O PT prefere o aparelhamento da máquina, o inchaço da máquina pública e o resultado é o que nós estamos vendo: ineficiência e denúncias de corrupção. O PSDB precisa apresentar uma nova agenda ao Brasil, até porque essa agenda que está aí fomos nós que colocamos há alguns anos. A estabilidade econômica, a responsabilidade fiscal, o início dos programas de transferência de renda. O PT não inovou, apenas deu continuidade a algumas ações, principalmente na área macroeconômica. Ele deu ênfase aos programas de transferência, mas não fez uma política estruturante.
E em relação a candidatura em Natal?
Nós acreditamos no potencial do partido, estou aqui a convite do deputado federal Rogério Marinho, que tem uma pré-candidatura colocada aqui em Natal. O PSDB está estimulando essas candidaturas em todas capitais onde existam candidatos competitivos, o que é o caso da capital do Rio Grande do Norte. Até pra que esses candidatos possam inserir nos debates locais questões nacionais de relevância, como a ética, a segurança pública, o melhor atendimento à saúde pública. Nós temos certeza que o PSDB, que já governa oito estados e metade da população brasileira, vai se sair muito bem nas eleições municipais do próximo ano.
Dois governos do PSDB e dois governos do PT, mas o Brasil não fez as reformas estruturantes. O que aconteceu? O senhor faria essas reformas como presidente da República?
Primeiro, eu não estou aqui como pré-candidato. Estou aqui como alguém do PSDB interessado em renovar o discurso do partido e dar clareza ao que nós pensamos. Mas é preciso esclarecer que eram dois períodos muito distintos. Quando o presidente Fernando Henrique assumiu, a maior preocupação era debelar a inflação. O maior programa de transferência de renda não foi o bolsa-família, que é muito importante e deve ser mantido e ampliado, mas o Plano Real, que permitiu que grande parte da população não fosse punida pela corrosão de seus salários. Naquele momento, era essa a prioridade. O Governo Fernando Henrique teve muitos acertos, modernizando a economia e fazendo as privatizações. O Governo do PT de Lula teve oito anos com a economia muito bem, com ampla base de apoio no Congresso e ampla aprovação popular. Então, nesse momento nós realmente perdemos uma oportunidade. As reformas necessárias hoje são as mesmas de 16 anos atrás e precisam estar na prioridade de governo. A presidente Dilma termina o seu primeiro ano e não tomou nenhuma iniciativa estruturante. É uma perda de tempo enorme para o Brasil. Não acredito que ela fará no próximo ano, que é um ano eleitoral com outro tipo de dificuldade e caberá sim ao próximo governo fazer o que esse governo não fez.
Em quase um ano, vários ministros do Governo caíram. Qual o motivo disso, na sua opinião?
O governo da presidente Dilma é vítima da armadilha que o PT montou: o inchaço da máquina pública. Temos um governo com 40 ministérios, enquanto os Estados Unidos têm 15, a França tem 18. Os ministérios são constituídos de feudos partidários, onde as pessoas estão mais interessadas nos interesses do partido do que da população. Isso não funciona. É algo que precisamos demonstrar. Nós demonstramos isso com o nosso governo em Minas Gerais como é possível administrar com um estado enxuto, criando metas e alcançando essas metas e melhorando a vida da população. Esses escândalos sucessivos são decorrentes dessa armadilha. É o governo aparelhado, aparelhado pela militância do PT e de seus aliados.
Quais são as prioridades para o Brasil hoje?
Há quatro ou cinco pontos: a gestão pública eficiente como instrumento de desenvolvimento social é uma delas. Não há nenhuma ação social mais rigorosa que conter o desperdício de dinheiro público. A questão do saneamento básico por exemplo. Na campanha, o companheiro Serra fez a proposta e a presidente Dilma encampou, de investir em saneamento. Hoje, 45% dos domicílios brasileiros não têm saneamento básico. Na questão da educação, nós universalizamos a oferta de educação básica. De lá pra cá, não houve aumento na qualidade da educação. Eu defendo, por exemplo, a flexibilização do currículo do Ensino Médio. Muitas pessoas abandonam a escola porque elas não vêem uma relação do que está sendo estudado com as suas vidas. Na segurança pública, houve um abandono por parte do Governo. O Governo Federal é omisso. Não vejo o Governo sendo pró-ativo para resolver essas e outras questões.
O jornalista Amaury Ribeiro afirma em livro lançado recentemente que houve corrupção nas privatizações conduzidas pelo PSDB...
Eu não li, acho que foi publicado ontem.
Ele também afirma que o ex-governador José Serra espionou o seu governo e o senhor.
Não acredito nisso e não é esse o tipo de literatura que mais me agrada. Depois que eu ler, posso dar uma posição a esse respeito.
Fonte: Tribuna do Norte
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