Por Paulo Moreira Leite
O aspecto mais curioso na divulgação dos últimos números do Datafolha sobre a popularidade de Dilma é o mesmo desde o início do novo governo. Trata-se do esforço para esconder o lugar de Lula na aprovação de Dilma.
Diz-se que a popularidade de Dilma é “recorde” pela comparação com o tempo de casa. Só ela, após um ano e quatro meses de governo, conseguiu um índice ótimo e bom para 64% dos brasileiros. Já Lula obtinha 38% no mesmo período. Quanto a Fernando Henrique, estava em 30%.
Os números de Dilma são importantes em si. Desmentem os supostos sábios que passaram o ano de 2010 anunciando um desastre. Diziam que, sem o carisma de Lula, a presidente seria incapaz de governar e oferecer respostas de próprio punho às dificuldades que iriam surgir no caminho de seu governo. A aprovação de 64% mostra o contrário.
Mas é curioso que, ao comparar Lula e Dilma, ninguém avalie dois fatores. O básico: com um ano e 4 meses de governo Lula a economia mal havia saído de uma crise econômica que jogou o país numa letargia de crescimento zero e desemprego altíssimo. Apenas na construção civil o índice de demissões atingiu um recorde histórico de quinze anos.
Aprovar o que?
O outro fator é a popularidade que Lula exibia ao entregar ao governo. Em alguns levantamentos, passava de 70%. Foi esse índice que a sucessora, eleita com seu apoio, recebeu. Sua aprovação reflete seu trabalho e também a continuidade de um governo para o outro. Este fator permitiu que Dilma saísse de um outro patamar – até porque seu eleitor de uma desconhecida no início da campanha, foi aquele que deu um voto de confiança à candidata indicada por Lula.
Isso explica, também, por que na hora de definir seu candidato preferido para presidente, o mesmo eleitor coloque Lula na frente de Dilma.
Lula foi o sucessor de FHC, que deixou o governo com índices negativos de popularidade – os negativos eram maiores do que os positivos.
Essa é a diferenças que não se quer registrar. Por que será?
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