segunda-feira, 23 de abril de 2012

O povo e as "Marchas contra a Corrupção"



Existe uma lógica sobre a corrupção, que pouca gente gosta de reconhecer. É aquela que identifica inconscientemente os limites do individual e do coletivo e em razão disso, se posiciona no local onde parece mais adequado.

Assim, por causa disso, por mais que a mídia esbraveje contra a corrupção, o povo parece já ter percebido que o negócio é um pouco mais embaixo.

Estão notando aos poucos, que a própria mídia é extremamente corrupta e parcial. Então fica o roto falando do rasgado. E com o povo no meio.

E desse povo você também tira aquela quota que se horroriza com a corrupção, mas quando pode, se aproveita dela, e você tem como resultado, uma manifestação contra a "corrupção" de 500 pessoas numa capital de Estado. 500 pessoas é o que comparado a uma "Diretas Já", a um "Fora Collor"?

Não é nada. Não enche uma rua, quem dirá uma praça.

Na data de hoje, passando por Cuiabá/MT pergunto ao taxista o que ele está achando sobre esse negócio do Carlinhos Cachoeira. Desolado, disse que é o maior poder paralelo do país. E com uma inesperada (por mim) lucidez, delineou exatamente o que está acontecendo. De onde vem a corrupção (neste caso) e de onde a mídia está tentando fazer parecer que vem. Desceu o pau na Veja e se entristeceu por ter acreditado durante tanto tempo numa publicação que se fazia de honesta, elegia os honestos do Congresso, e por trás dos panos, deitava e rolava de tanto roubar, desviar, subornar e influenciar.

Antes era mais fácil saber quem eram os corruptos, disse o taxista neste caso, ingenuamente. Ele "sabia" porque o poder dizia para ele no que acreditar e quem odiar. Hoje, num momento em que ninguém parece santo, as pessoas estão cansadas e resolveram cuidar da própria vida. Claro que isso não é uma boa coisa, mas retira ao menos, aquela capa de estupidez com a qual o povo era tratado pelos governos e pela imprensa. É um desânimo mas pelo menos, não é uma manipulação completa. 

Três vivas (ou não) para o povo brasileiro. O Brasil continua progredindo apesar de haver uma corja de bandidos que insiste em vê-lo patinar e se ajoelhar perante a comunidade internacional. Deixando estes de lado, curiosamente, quem o faz progredir, além do esforço popular, é uma outra classe de políticos que mediante um bom suborno, financeiro ou não, concorda em votar medidas importantes para o país. Os fins justificando os meios e nós todos nos apercebendo que o sonho acabou. Restam coxinhas e risolis.

E é disto que teremos de fazer nossa festinha.

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