Por Franco Ahmad - São Paulo - Contato: feversoes@gmail.com -
"...há coisas que não querem que você saiba e outras que querem que você pense. Mesmo não sendo verdade." Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania.
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Deputados tucanos se irritam com cartaz de ‘A privataria tucana’
O que antes era
só uma acusação, agora está documentalmente provado: no dia 7 de fevereiro
passado, os deputados tucanos Rogério Marinho (RN) e Sérgio Guerra (PE),
acompanhados de um assessor ainda não identificado, participaram de um ato de
vandalismo no sétimo andar do anexo IV da Câmara dos Deputados, em Brasília.
Estimulado por Guerra, que é presidente nacional do PSDB, Marinho simplesmente
arrancou um cartaz de propaganda do livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury
Ribeiro Jr., então afixado na porta do gabinete do deputado Protógenes Queiroz
(PCdoB-SP). CartaCapital teve acesso às imagens captadas pelas câmeras de
segurança pelas quais se constata, quadro a quadro, como dois parlamentares do
maior partido de oposição do País se comportam como delinquentes juvenis nas
dependências do Congresso Nacional.
Os dois
primeiros quadros das imagens captadas pelas câmeras de segurança mostram a
dupla de deputados deixando o gabinete de Sérgio Guerra, localizado a 50 metros
do gabinete de Protógenes Queiroz. Depois, no terceiro quadro, Marinho é
flagrado à distância por uma das câmeras no momento em que arranca o cartaz,
com Guerra bem às suas costas, enquanto o assessor observa a cena, um pouco
mais atrás. O último quadro mostra o trio se afastando, Marinho com o cartaz na
mão, ao mesmo tempo em que fala ao celular. O cartaz de “A Privataria Tucana”,
livro que conta as peripécias de parentes, sócios e amigos do tucano José Serra
em movimentações bilionárias por contas secretas no Caribe, acabou numa lata de
lixo, ao lado de um elevador.
A molecagem dos
deputados tucanos poderá acabar mal. Isso porque o deputado Rogério Marinho
confessou o crime. Segundo ele, arrancar o cartaz da porta de um outro
parlamentar foi “um ato político”. O Código de Ética da Câmara dos Deputados
enquadra a ação de Marinho, contudo, como infração “às regras de boa conduta
nas dependências da Casa”, passível de ação de quebra de decoro parlamentar. O
deputado Queiroz prestou queixa do ocorrido no Departamento de Polícia
Legislativa da Câmara e, na quarta-feira 26, requereu ao presidente da Casa,
deputado Marco Maia (PT-RS), abertura de procedimento disciplinar contra
Marinho e Guerra.
Caso o assunto
chegue a ser julgado pela Comissão de Ética, os parlamentares do PSDB poderão
sofrer censura verbal em sessão do plenário da Câmara e uma suspensão de seis
meses do mandato parlamentar. É uma briga que vai se estender à CPI do
Cachoeira, onde Queiroz e Marinho são membros titulares. Guerra, ao saber da queixa
do colega do PCdoB à polícia legislativa, apressou-se em também acusar Queiroz,
delegado licenciado da Polícia Federal, de quebra de decoro por ter sido citado
em gravações da Operação Monte Carlo, nas quais conversa com o araponga
Idalberto Araújo, o Dadá, com quem trabalhou na Operação Satiagraha, em 2008.