segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A fala de Amaury, o livro e a CPI


por Rodrigo Vianna, no O Escrevinhador

Ilustração do Blog
Participei da tuitcam com Amaury Ribeiro Jr, na última sexta-feira.* O autor (que é também jornalista) estava  um pouco exaltado no início do bate-bapo. Cheguei a pensar: a editora deveria ter preparado melhor isso, com um formato mais organizado, combinado com o Amaury como se portar. Depois, percebi que isso era fruto de minha cabeça “viciada” de TV.

Aquilo não era um programa de TV. Era um papo na internet. Amaury se mostrou como é: ele fala meio enrolado (como sabem todos os que convivem com ele), exalta-se facilmente, parece perder-se na miudeza dos fatos, mas de repente engata um raciocnio complicado sobre o sistema de lavagem de dinheiro – que conhece profundamente. E revela a grandiosidade da investigação que conduziu.  O Amaury é assim! A tuitcam serviu para mostrá-lo como é, sem retoques.

E é preciso entender o que o Amaury passou ano passado. A imprensa tentou trucidá-lo, transformá-lo num bandido. Ele, que tinha trabalhado nas principais redações do país, foi transformado no pivô de um história que o serrismo e seus parceiros da mídia usaram pra tentar virar a eleição.

Por isso, quando abri a conversa perguntando pro Amaury “quem é mais importante nessa história, Ricardo Sergio ou Serra?”, ele respondeu: “a imprensa, a mídia”.

O resultado das mais de duas horas de convesa com o Amaury foi um volume brutal de informações – que deve ter deixado ainda mais gente com vontade de ler o  já famoso “A Privataria Tucana”.
Ainda durante a tuitcam, soubemos da capa da “Veja” – com a denúncia contra petistas de Minas (oh, santa coincidência) que teriam encomendado arapongagens contra tucanos (pobrezinhos). Essa é a “Veja”. A capa foi o primeiro tiro de Serra no contra-ataque ao livro do Amaury.

O curioso é que, no bate-papo com os blogueiros Amaury tinha avisado que essa é uma prática do serrismo: quando se sente acuado, cria uma situação para desviar o foco das atenções; costuma acusar os adversarios daquilo que faz. Por isso, Serra (que segundo Amaury usa e abusa dos dossiês) passou várias semanas na campanha de 2010 acusando os adversários de prepararem dossiê contra ele. O contra-ataque na “Veja” parece seguir essa linha.

Nas próximas semanas, podemos esperar: campanhas de desqualificaçãos (mini dossiês contra Amaury e outros que tiveram a coragem de ajudar a preparar esse livro histórico), ataques contra setores do PT e contra o aecismo (que Serra acredita estar por trás de Amaury), mas também muitas novidades a partir do que o livro mostrou.

O “Tijolaço”, do Brizola, descobriu uma ponte entre a CITCO (paraíso das offshores de Ricardo Sérgio e de outros personagens citados no livro) e o filho de FHC.

Outro desdobramento: as reações no Congresso. O PT reagiu de forma um pouco discreta. Mas há vozes dissonantes (também em outros partidos) clamando por uma “CPI da Privataria”. Essa seria uma grande bandeira: CPI da Privataria!

Importante também seria algum parlamentar chamar Amaury e Ricardo Sérgio (além de Verônica Serra e Verônica Dantas) para depois no Congresso.

*Participaram da tuitcam, além desse escrevinhador: Azenha e Conceição (“VioMundo”), Emediato (dono da Geração, editora que lançou o livro), Fernando Brito (“Tijolaço”), Luiz (“Minas sem Censura”), Maringoni (“CartaMaior”), Miro (“Blog do Miro”), Luiz (“Minas Sem Censura”) Nassif (Blog do Nassif), Rovai (“Blog do Rovai” e revista “Forum”).

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