Deputado Romário questiona Jérôme Valcke e Ricardo Teixeira sobre denúncias de corrupção e contesta utilização de dinheiro público na organização da Copa de 2014; irritado com a falta de respostas, Baixinho classificou a reunião como “circo”
Por Rodolfo Borges, no Sitio Brasil 247
O ex-jogador Romário (PSB-RJ) definitivamente não perdeu o tino de artilheiro depois de virar deputado federal. O Baixinho partiu para o ataque contra o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, durante a comissão convocada pela Câmara para discutir a Lei Geral da Copa. Irritado com a falta de respostas aos seus incômodos questionamentos, Romário chegou a classificar a reunião como “circo”.
Romário queria saber detalhes sobre a relação de Valcke com o presidente da Fifa, Joseph Blatter (que o teria chamado de chantagista), e sobre as acusações feitas contra a entidade pelo jornalista britânico Andrew Jennings. A Ricardo Teixeira, Romário foi ainda mais direto: "O senhor recebeu propina? Se o seu nome aparecer no processo (da Polícia Federal), o senhor renuncia à CBF e ao Comitê Organizador Local?”. Sob o pretexto de que a reunião foi convocada para tratar apenas da Lei Geral da Copa, os representantes de Fifa e CBF se esquivaram e não comentaram os assuntos com a atenção que Romário achava que elas mereciam.
Provocado também pelo deputado Anthony Garotinho (PP-RJ), Teixeira limitou-se a dizer que abriu uma ação civil contra Jennings – em clara tentativa de desqualificar o jornalista. “Não vou falar sobre o dossiê (do caso Mastercard, denunciado por Jennings), porque esse caso está encerrado”, disse Valcke. “Romário, não vou entrar na discussão do caso Jennings, porque não tem a ver com a Copa 2014. Ele fala desse assunto há 10 anos e vai continuar falando sobre o mesmo assunto nos próximos dez anos”, completou o executivo da Fifa.
“As minhas perguntas não foram respondidas”, reclamava Romário durante as intervenções de outros deputados. O Baixinho já tinha se irritado em sua primeira intervenção, quando, a exemplo dos colegas, teve apenas três minutos para se manifestar. “Tinha seis ou sete perguntas a fazer, mas vocês não querem deixar”, reclamou o artilheiro diante da marcação de impedimento. “Eles estão dizendo que a coisa da carta (dossiê de Jennigs) não é importante para a Copa, mas o brasileiro tem por direito saber com quem está lidando. É importante para a Copa do Mundo”, defendeu Romário.
Para conter os ânimos, o presidente da Comissão da Lei Geral da Copa, Renan Filho (PMDB-AL), lembrou que os parlamentares não poderiam forçar Valcke e Teixeira a responder perguntas, porque eles foram convidados, e disse que o clima da comissão, até aquele ponto, fora muito bom. “O clima está ótimo, mas ele (Valcke) não responde às minhas perguntas”, reclamou Romário. “Ele está aqui para ser perguntado e eu estou fazendo o meu trabalho”, justificou a irritação, emendando: “isto aqui é um circo”.
Afora as intervenções dos deputados e uma ou outra declaração dos executivos convidados, não houve tempo para mais nada. Valcke e Teixeira tiveram de deixar a comissão às 13h20 para atender a um almoço oferecido pelo presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). Os dois se comprometeram a responder por escrito às perguntas dos parlamentares que não foram contempladas durante a reunião.
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