segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Guerra do Rio: reflexões sobre a morte de um jornalista

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A morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, Gelson Domingos da Silva, no  domingo último, no exercício da função jornalística, na cobertura in loco de uma incursão policial, numa favela da Zona Oeste do Rio, uma área conflagrada pela atuação do narcotráfico, deve nos levar a reflexões sobre tais missões, de altíssimo risco para a integridade física do profissionais de mídia, face à violenta e permanente guerra que vivenciamos no Rio.

Até onde vai o limite do profissionalismo, na obtenção do furo jornalístico, na transmissão em tempo real de um violento confronto entre policiais e marginais da lei ou mesmo entre facções criminosas rivais e o resguardo da vida do profissional de imprensa? Que tipo de equipamento, de relativa segurança para proteção individual, possuem para o desempenho de tão complexa missão?. Que tipo de treinamento e adestramento possuem para a progressão segura e abrigada em morros e favelas, locais geralmente íngremes, de dificíl acesso, quanto mais quando se porta pesado fardo de coletes à prova de bala, capacetes de proteção, câmeras e equipamentos ?
 
>Há de se convir que a missão do repórter e do cinegrafista, autênticos correspondentes de uma das mais violentas e sangrentas guerras urbanas que se tem notícia na história do mundo, é das mais complexas e difíceis. Repórter policial não é profissional de polícia, muito embora acabe se tornando personagem vulnerável nos confrontos à bala, situados na linha de tiro, com pouca mobilidade de progressão, as vezes em locais de difícil abrigo, sujeito a ser vítima, como foi Gelson Domingos, da potência de uma arma de guerra, altamente letais. Um alvo vulnerável de perigosos marginais da lei, de posse de armas de destruição humana que continuam adentrando aos morros e favelas do Rio, que não se consegue explicar como chegam.. Há que se entender que são confrontos à curta e à média distâncias, o que os torna ainda mais letais.

 Doravante, após o lamentável episódio que ceifou brutalmente a vida de um dedicado e corajoso profissional do jornalismo, além de equipamentos de segurança  mais eficazes e resistentes -justa e antiga reivindicação dos sindicatos de classe- o treinamento de tais profissionais, em campos de instrução militar, que os ensine a progredir em terrenos acidentados, com menor risco, são mecanismos de defesa pessoal necessários e imprencindíveis para atuação na linha de frente. A violenta guerra do Rio, onde ninguém está a salvo, há muito tempo está a exigir. Há uma linha tênue entre o profissionalismo jornalístico, o amor à profissão e o resguardo da vida. Esta sim o maior bem tutelado.

                          Milton Corrêa da Costa é coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro

Extraído do Blog do Nassi

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