quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Roquinho pode ser o Jefferson de Alckmin?

Escândalo do mensalão, que trincou o governo Lula, começou com denúncias de um parlamentar, do PTB; agora, o deputado Roque Barbieri, do mesmo partido, diz que a base do governador Alckmin, em SP, é corrupta; como Jeff, “Roquinho” diz ter levado o assunto ao governo


Agência Estado

Foi a partir das denúncias de um deputado – Roberto Jefferson, do PTB --, em 2005, que o Brasil assistiu ao escândalo do mensalão, conjunto de acusações sobre relações promíscuas entre políticos e financiadores privados, que abalou os alicerces do governo Lula. Agora, em São Paulo, um roteiro semelhante, mas com outros personagens, pode estar apenas no início. O deputado estadual Roque Barbieri, do mesmo PTB de Jefferson, tem afirmado e reafirmado a existência de um amplo esquema de corrupção, por meio da venda de emendas no orçamento estadual, na maior parte da base do governo de Geraldo Alckmin, do PSDB. "Isso é igual camelô, cada um vende de um jeito", tem dito Barbiere nas entrevistas que vai concedendo. "Cada um tem uma maneira, cada um tem um preço".

A exemplo de Jefferson, que teria levado o assunto mensalão ao exame de autoridades do governo de Lula, Barbieri igualmente diz já ter discutido o assunto com o secretário estadual de Planejamento, Emanuel Fernandes, e a subsecretária de assuntos parlamentares da Casa Civil, Rosmary Corrêa. Se isso é verdade, será que eles, por sua vez, trataram do delicado tema com o governador Alckmin? Ao seu tempo, Lula disse que não sabia de nada. O governador tucano está indo pelo mesmo caminho.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), informou nesta quarta-feira 5, registra a Agência Estado, que a Corregedoria Geral da Administração (CGA) encaminhará ao Ministério Público as conclusões da investigação sobre suposto esquema de recebimento de propina envolvendo o ex-deputado estadual José Antonio Bruno (DEM). Uma testemunha afirmou à corregedoria que presenciou pagamento de propina em troca de emendas parlamentares no gabinete do então deputado, conhecido como Zé Bruno, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O caso teria origem no suposto esquema de venda de emendas parlamentares que foi denunciado pelo deputado Roque Barbiere (PTB).

"O caso do ex-deputado José Bruno já está sendo averiguado pela Corregedoria do Estado antes da convocação do deputado Roque Barbiere", afirmou. "O caso está sendo averiguado com rapidez e rigor e será encaminhado ao Ministério Público", disse o governador, sem dar um prazo para a conclusão das investigações.

Alckmin participou hoje da solenidade de entrega de 21 veículos à Polícia Militar Rodoviária para o patrulhamento do trecho Sul do Rodoanel Mário Covas. No evento, voltou a cobrar de Barbiere que aponte "aquilo que sabe". Ontem, o parlamentar comparou a atividade da Assembleia Legislativa à de um camelódromo e alegou que teria alertado o secretário de Planejamento, Emanuel Fernandes, e a subsecretária de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, identificada como "delegada Rose", sobre possíveis irregularidades na destinação das verbas liberadas por emendas.

"Ele não citou um caso para ninguém. Pode entrevistar a delegada Rose ou o secretário Emanuel Fernandes", disse Alckmin. "E eu entendo que ele (Barbiere) tem o dever, como homem público, de apontar o que sabe."

O governador reafirmou que as informações sobre as emendas liberadas já foram publicadas na internet. "E tudo está transparente", garantiu.

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