por Denise Rothenburg, no seu blog
Faltou a senhora Verdade para acompanhar o senhor
Diretas, nos anos 1980. Espera-se que agora, ela surja linda e majestosa por
essa comissão que leva seu nome. Só assim fecha-se o ciclo aberto pelo
Movimento Diretas Já
No ano que vem, o Movimento Diretas Já completa 30
anos. Ali, os personagens da nossa política lutaram pela democracia, encheram
as ruas, as praças, os palanques. Eram brasileiros dedicados de corpo e alma ao
direito de escolher seus representantes pelo voto direto e pôr um fim à farsa
promovida pelos militares que indicavam o candidato e ponto. Naqueles
palanques, estavam na linha de frente Ulysses Guimarães, conhecido como o
“senhor Diretas”, e Tancredo Neves. Ao lado deles, dois personagens que ontem
desceram a rampa interna do Palácio do Planalto, meio que escoltando a
presidente Dilma Rousseff. À direita de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, a
quem ela deu o braço. À esquerda, Fernando Henrique Cardoso.
Ok, você do PT vai dizer que os dois ex-presidentes estavam nos lugares errados em termos ideológicos, os petistas vão dizer que Lula está à esquerda e Fernando Henrique Cardoso, à direita. Isso hoje pouco importa. Os três sempre estiveram do mesmo lado da política, embora seus partidos tenham promovido um “divórcio” na luta pelo poder, que, invariavelmente, deixa em lados opostos quem deveria estar junto. Eles choraram juntos a derrota da Emenda Dante de Oliveira, no Congresso Nacional. O PT ficou tão revoltado que decidiu não votar em Tancredo no Colégio Eleitoral.
Mas voltemos ao simbolismo da solenidade de ontem no Planalto. Poucos passos atrás de Lula, Dilma e Fernando Henrique desceram José Sarney e Fernando Collor. Há 29 anos, quando começou o movimento das Diretas, não compunham aquele palanque com Ulysses e Tancredo. Sarney, entretanto, logo se juntaria ao grupo quando foi construído o Partido da Frente Liberal, o PFL. Foi o que deu a maioria que Tancredo precisava para vencer Paulo Maluf no Colégio Eleitoral. Ufa! Finalmente os militares estavam fora.
Por falar em Sarney…
Ok, você do PT vai dizer que os dois ex-presidentes estavam nos lugares errados em termos ideológicos, os petistas vão dizer que Lula está à esquerda e Fernando Henrique Cardoso, à direita. Isso hoje pouco importa. Os três sempre estiveram do mesmo lado da política, embora seus partidos tenham promovido um “divórcio” na luta pelo poder, que, invariavelmente, deixa em lados opostos quem deveria estar junto. Eles choraram juntos a derrota da Emenda Dante de Oliveira, no Congresso Nacional. O PT ficou tão revoltado que decidiu não votar em Tancredo no Colégio Eleitoral.
Mas voltemos ao simbolismo da solenidade de ontem no Planalto. Poucos passos atrás de Lula, Dilma e Fernando Henrique desceram José Sarney e Fernando Collor. Há 29 anos, quando começou o movimento das Diretas, não compunham aquele palanque com Ulysses e Tancredo. Sarney, entretanto, logo se juntaria ao grupo quando foi construído o Partido da Frente Liberal, o PFL. Foi o que deu a maioria que Tancredo precisava para vencer Paulo Maluf no Colégio Eleitoral. Ufa! Finalmente os militares estavam fora.
Por falar em Sarney…
O governo Sarney consolidou a democracia, mas não
democratizou os arquivos. Collor saiu antes de poder pensar em qualquer atitude
nesse sentido. Fernando Henrique Cardoso e Lula também não o fizeram. O máximo
que se conseguiu até agora foi que cada um conhecesse a sua ficha no Dops ou
documentos vazados aqui e ali que garantem prêmios a muitos jornalistas
estudiosos do assunto. Mas fantasma das versões — tanto do lado daqueles que
lutavam pela redemocratização, quanto daqueles escritos por quem comandava o
país — continua perambulando. O Movimeto Diretas Já derrotou a ditadura — ainda
que com a primeira eleição pós-militares tenha sido por vias indiretas —, mas
não se concluiu. Faltou a senhora Verdade para acompanhar o senhor Diretas.
Espera-se que agora, ela surja linda e majestosa por essa comissão que leva seu
nome. Não por acaso, Dilma falou em liberdade para trabalhar, um recado aos
militares dito de viva-voz pela chefe suprema das Forças Armadas, a presidente
da República.
Por falar em militares…
A presença dos quatro ex-presidentes também é
cercada de simbolismos. Eles fizeram questão de comparecer para que fique claro
aos militares, em especial, os da reserva que não querem revelar o passado, que
apoiam a Comissão da Verdade. Estavam ali como escudeiros de Dilma, um recado
claro de que a Comissão da Verdade não é obra de uma ex-guerrilheira que, vez
por outra, é irascível com alguns de seus ministros, assessores e presidentes
de estatais. Mas é algo que vem de uma geração que precisa saber da sua vida.
No Alvorada, ela aproveitou o almoço para agradecer e reforçar esse gesto.
Juntos, os ex-presidentes também fizeram uma análise da situação mundial, das
apreensões com a situação da Europa, da doença do venezuelano Hugo Chavez,
oportunidade em que Lula aproveitou para dizer que sua saúde está em dia, salvo
por uma tendinite no pé.
Por falar em irascível…
A presidente Dilma não consegue ficar seis meses
sem mexer no primeiro escalão. Numa roda de políticos no Planalto, um deles
deixou escapar que tinha ouvido de gente ali de dentro que o ministro de
Relações Exteriores, Antonio Patriota, deixou de integrar a lista de
preferidos. É fato que o PT sempre reclama que ele não é político como o era
Celso Amorim, hoje ministro da Defesa. Diz-se que a sucessora — isso mesmo,
mais uma mulher no governo! — viria de Washington. Se não for boato, em breve
saberemos. Mas essa conversa rola nas salas onde muitos se encontram ao entrar
e sair de audiências
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