Aos poucos, os brasileiros descobrem uma mulher surpreendente; a fria ministra-chefe da Casa Civil do governo Lula se transformou numa presidente que reage quando vaiada e não reluta em chorar em público; a julgar pela aprovação popular, o Brasil está gostando

Nada naquela rígida ministra-chefe da Casa Civil do governo Lula levava a crer que Dilma Rousseff poderia se permitir chorar em público. Com as lágrimas contidas a custo nesta quarta-feira, já são seis as vezes em que a presidente chorou diante das câmeras desde sua posse – quando ela também se emocionou –, em janeiro de 2011. E é assim, indo de um extremo a outro e, mais do que isso, impondo agenda própria, que a presidente vai consolidando sua popularidade.
É difícil dizer exatamente o quanto do comportamento de Dilma é responsável pela aprovação de 64% de seu governo – a aprovação pessoal chega a quase 80%, ambos recordes desde a redemocratização –, mas é certo que ele não desagrada à população. Dilma instalou nesta quarta-feira, em meio a uma CPI capaz de desestabilizar qualquer governo, uma comissão para apurar os crimes da ditadura. Impôs sua agenda, assim como vem fazendo em relação às quedas sucessivas nas taxas de juros, e não demonstra dar qualquer bola para o jogo político da CPI do Cachoeira – se dá bola, é outra história.
A mulher forte, que conduz as reuniões fechadas com pulso firme e não tem paciência para a política rasa, atinge seu equilíbrio ao se permitir emoções quando os assuntos de lhe afetam pessoalmente, como no caso desta quarta-feira, quando a antiga militante se defrontou com o próprio passado. Dilma é uma presidente que se mostra autêntica. Pelo menos por enquanto o brasileiro parece satisfeito.