do Embolando Palavras
A presidenta Dilma Rousseff esteve em São Paulo, ontem (18), para lançar o programa Brasil Sem Miséria. Ao seu lado estavam os governadores do Rio de Janeiro (Sérgio Cabral – PMDB), Santa Catarina (Renato Casagrande – PSB), Minas Gerais (Antonio Anastasia – PSDB) e São Paulo (Geraldo Alckmin – PSDB). Além deles, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também marcou presença no evento.
Pronto. A fotografia de Dilma ao lado dos tucanos foi suficiente para detonar uma avalanche de críticas da blogosfera progressista. Para a maioria, a petista estaria querendo se aproximar do tucanato. Essa, aliás, é a mesma teoria do PIG. A Folha afirmou que Dilma “transformou o lançamento do plano Brasil Sem Miséria para a região Sudeste (…) no gesto mais enfático de aproximação com o PSDB desde sua posse”. Não soa estranho que progressistas estejam em sintonia com o PIG?
Na minha modestíssima opinião, o que está acontecendo é precisamente o contrário: a oposição, a pretexto de declarar apoio à “faxina ética” que a presidenta deflagrou no ministério, está arrastando asas para Dilma. O objetivo — não declarado, evidentemente — é colocar a petista em rota de colisão com a base aliada, o que levaria à perda da sustentação política do governo no Congresso Nacional.
Com o esfacelamento da base aliada, Dilma não conseguiria aprovar projetos nem levar adiante os programas que planeja implantar. Estaria, assim, desenhado o caos que a oposição precisa para reconquistar a confiança do eleitor em 2014. Depois de inviabilizar o governo, os tucanos se apresentariam como os salvadores da pátria, os únicos capazes de colocar o país no rumo certo.
Alguns dos meus companheiros progressistas, como disse antes, pensam o contrário. O roteiro é o mesmo, mas o final, na visão deles, é diferente. Eles concordam que o movimento de aproximação tem origem na oposição, mas acreditam que a meta do tucanato é virar base aliada, substituindo o PMDB no papel de influenciador das decisões do governo. O objetivo oculto seria fortalecer Dilma para evitar a volta de Lula em 2014.
Não há, ainda, como saber o que é realidade e o que é fantasia nessa história. Eu continuo apostando que a oposição está tentando boicotar a relação entre a presidenta e sua base aliada. Mas em política, sabemos, tudo pode acontecer — inclusive nada.
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