quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Fábio Barbosa pode aproximar Abril de Dilma. (E o "Cerra"?)

Por Rodrigo Cavalcante


Interlocutor da presidente e associado a causas politicamente corretas, novo presidente executivo da maior editora brasileira terá poderes sobre todas as suas publicações, entre elas a revista de maior circulação do mercado, Veja


Foto: DIVULGAÇÃO



Marco Damiani_247 – O anúncio da saída de Fábio Barbosa da presidência do Conselho de Administração do banco Santander, anteontem, não foi surpresa para o mercado. Pouco depois de a instituição ter anunciado resultados considerados fracos no segundo trimestre, ele foi visto num restaurante paulistano pilotando uma movimentada mesa de amigos, nas quais o bom humor que chegava ao riso alto era dominante.


Desde dezembro, quando foi apeado da presidência executiva do grupo espanhol no Brasil para abrir espaço, exatamente, para o espanhol Marcial Portela, Barbosa sabia que não tinha mais lugar no Santander. O que praticamente ninguém sabia era o seu novo destino. Contratado como presidente executivo da maior editora de revistas do País, a Abril, ele será o primeiro no cargo a ter poderes sobre a área editorial. O friso foi feito pelo presidente do Conselho de Administração, Roberto Civita. “É um enorme prazer para mim tê-lo ao meu lado na direção editorial da empresa”, cravou Civita, na frase final de sua locução a respeito.

Entre suas funções anteriores, Barbosa foi integrante do Conselho de Administração da Petrobras, que até o ano passado era presidido por Dilma Rousseff. Ali, eles sempre travaram um bom diálogo. Ainda hoje Barbosa é membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (o Conselhão), que assessora decisões macros. Além disso, com a imagem associada à causa da sustentabilidade ambiental, ele será capaz de emprestar à Abril uma face pública bastante simpática.

Há uma aposta no mercado editorial de que Barbosa terá na Abril a missão de qualificar e ampliar o diálogo da empresa com o governo. Nessas projeções, acredita-se que ele irá dedicar, com o tempo, especial atenção à revista Veja, a de maior circulação do País e com forte conteúdo político. Semanas atrás, em editorial, a publicação manifestou apoio às ações da presidente Dilma Rousseff sobre os ministros acusados de atos de corrupção, os chamados malfeitos. Trata-se de uma manifestação que parece continuar valendo, ainda mais depois da saída do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, que àquela altura fora fustigado por uma ampla reportagem da própria revista.

Não se via, em Veja, um editorial favorável a um presidente da República desde os tempos de Fernando Henrique Cardoso. O sucessor Luiz Inácio Lula da Silva pouco frequentou as páginas da revista para receber elogios. Ou nunca. Quando o ex-banqueiro verde Fabio Barbosa assumir em 26 de setembro o leme do NEA – o imponente Novo Edifício Abril -, em São Paulo, as projeções são de uma relação ainda melhor entre a editora e o governo.


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