Por Franco Ahmad
Reportagem patética dá a Fabio Barbosa a oportunidade de ouro para que tome sua primeira decisão importante no comando da Abril: iniciar a faxina interna
Foto reprodução |
247 – Talvez tenha sido um haraquiri. Com o chefe Eurípedes Alcântara em férias, o número dois de Veja, Mario Sabino, conhecido pela mão pesada e pela habitual postura malvadinha, toma uma decisão. Pauta uma reportagem para que se descubra o que faz José Dirceu em Brasília. Veja então hospeda um repórter num quarto do hotel Naoum, em Brasília, que, aparentemente, instala uma câmera no mesmo andar onde se hospeda José Dirceu. E descobre que, pelo corredor, passam figuras da República, como os senadores Lindbergh Farias, Eduardo Braga, Delcídio Amaral, e presidentes de estatais, como José Sergio Gabrielli, além de ministros, como Fernando Pimentel. Portanto, a revelação é mesmo bombástica: José Dirceu, fundador do PT e uma das lideranças relevantes do partido... (tchan, tchan, tchan, tchan)... faz política. E, por isso, ele desponta na capa da revista como o Poderoso Chefão – o Don Corleone de Francis Ford Coppola.
Para descobrir que José Dirceu faz política, não seria preciso instalar câmeras secretas nem tentar invadir um quarto de hotel. É algo, como diria Nelson Rodrigues, óbvio e ululante. Figura pública no Brasil desde a década de 60, ele respira e transpira política. E divide seu tempo entre a defesa no processo do Mensalão, no qual é réu, e as articulações para as eleições de 2012 e 2014. Gabrielli esteve com Dirceu? Sim, e daí? Gabrielli é pré-candidato do PT ao governo da Bahia e a costura política passa por José Dirceu. Lindbergh falou com Zé Dirceu? O senador também pretende se candidatar ao governo do Rio de Janeiro em 2014 e, portanto, conversa com lideranças do partido ao qual pertence. Pimentel passou por ali. So what?
A reportagem deste fim de semana é um exemplo típico de exacerbação do efeito – muita espuma, para pouco chope. Uma capa com ar bombástico, o recurso a hipérboles e, no fim, tentativas de vitimização. Sobre a invasão de um quarto de hotel, que gerou um boletim de ocorrência (leia mais), Veja conclui sua reportagem dizendo que “a máfia não perdoa”. Dá até pena do repórter.
Mas, que máfia, Roberto Civita?
Com a Abril em boa situação financeira, Civita nomeou seu primeiro CEO que terá poderes também editoriais. No passado, a Abril teve outros presidentes, como Maurizio Mauro, que se ocupavam da área financeira, mas sem nenhuma interferência sobre o conteúdo das publicações.
Fabio Barbosa, ao contrário, chega para emprestar credibilidade à Abril.
E ganhou um presente antes mesmo da sua chegada.
Uma capa que lhe dá totais condições de iniciar sua faxina interna
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