domingo, 8 de janeiro de 2012

Sonegação: reflexos e consequências da #PrivatariaTucana



O livro do Amaury Ribeiro Jr. sobre a privataria tucana escancarou o que todo mundo já sabia e que claro, a mídia não divulgava porque sempre esteve na folha de pagamento dos privatas.

Curioso é ver que bandidagem e dinheiro não têm ideologia, nacionalidade ou vergonha na cara. É todo lugar igual pelo simples fato de que bandido é bandido Eventualmente em alguns lugares, uns vão para a cadeia. Mas não se iluda você de que impunidade é exclusividade do Brasil. Não caia nessa lorota. Nos EUA e na Inglaterra, onde a privataria chegou a níveis impensáveis, e muito antes de nós, ninguénzinho foi pra cadeia.

E a pilantragem do mercado financeiro de 2008 que quebrou o planeta todo? De todos os bandidos, só Madoff puxou cana. O resto está livre como sempre foi. Tudo é questão de quem você conhece, e de com quem você trama a pilantragem. Quando ela chega próxima demais ao poder, pode contar com impunidade. Foi assim com Bush, Tatcher, Reagan, FHC, e outros tantos. Quem acha que só o Brasil é muito corrupto, é porque conhece muito pouco o resto do planeta e assiste as coisas pela TV ou lê em nossos formidáveis jornais.

Dito isso, convém reparar nesta manchete do Valor (braço enconômico da tucaníssima Folha). Mostra que a Telefónica, que igual como fez no Brasil, arrematou um pedaço da telefonia do Perú, vai pagar uns 50 milhões de dólares em impostos atrasados. Só que o governo está cobrando 850 milhões.

Daí vem minha pergunta. Por que uma empresa do tamanho da Telefónica precisa dever impostos? Por que empresas do estilo da TIM, CLARO, VIVO e OI precisam não pagar encargos trabalhistas no Brasil? Precisam contratar terceiros fantasmas pra registrar os funcionários e depois lhes deixar na rua da amargura sem ter a quem recorrer?

É este o reflexo interminável da privataria que tomou de assalto o planeta todo a partir dos anos 80. Entregar o patrimônio do povo para uma dúzia de amigos dos donos do poder, em troca de propina, benefícios, e claro, muita grana depositada em paraísos fiscais para ser lavada e voltar pra comprar mansões, iates, hotéis, empresas e toda a sorte de mimos inimagináveis ao cidadão comum.

Sempre, como ninguém é de ferro, lesando o povo. Quem tem telefone no Brasil sabe como contas inexistentes são cobradas, serviços não são entregues. E a tucanada ainda usa como argumento de privatização bem sucedida.

E eu te pergunto. Onde está a mídia que se diz tão vestal e vigilante, que não fala nada disso? Ela mal e porcamente dá a notícia da dívida, mas não conta que essa grana toda provém de roubalheira e de sonegação. Nossa imprensa cachalote é ótima em falar dos políticos corruptos. Mas e dos corruptores? Não fala nada de quem pagou uma fábula de suborno pra levar pra casa uma companhia telefônica, elétrica ou uma pedageira?

Não, não fala nada. E não fala, frisamos mais uma vez, porque ela também está na folha de pagamento dos corruptos e dos corruptores. Ela só denuncia quando o bandido é da quadrilha rival. Daí, sim.

Dois livros valem a pena ser lidos sobre o tema. O do Amaury, que mostra que figuras como Daniel Dantas compraram uma companhia telefônica sem pagar um tostão, tudo financiado pelo BNDES (assim eu também posso) e outro, da jornalista canadense Naomy Klein (A Doutrina do Choque), que mostra como o câncer da privataria teve início e como se espalhou rapidamente por todo o planeta na pessoa de empresários inescrupulosos e de políticos safados.


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