por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho
Virou chacota. Mais grave do que a denúncia em si _ "Ministro aprovou 7 sindicatos fantasmas" _ que acabei de ler na manchete da "Folha", ao chegar a São Paulo, depois de três dias em Pernambuco, foi a forma galhofeira encontrada pelo Ministério do Trabalho para justificar mais este "malfeito" sob a responsabilidade do inacreditável Carlos Lupi.
A esta altura do campeonato, uma denúncia a mais ou a menos contra o ministro-bufão já não faz muita diferença, mas as coisas sempre podem piorar quando não se leva a sério a função pública.
"Não cabe ao ministério apurar se os integrantes da entidade possuem indústria no ramo ao qual pretendem representar", respondeu candidamente o Ministério do Trabalho, ao receber a informação da Federação das Indústrias do Estado do Amapá sobre a criação dos sindicatos patronais fantasmas, ainda em 2009, mesmo ano em que foram autorizados a funcionar pelo ministro Carlos Lupi.
Para que serve então o ministério, se não é capaz de constatar que os "industriais" do Amapá não tinham indústria nenhuma, são motoristas de uma cooperativa e fizeram a maracutaia apenas para receber cotas do imposto sindical?
A história repete o roteiro dos "malfeitos". Lupi pode alegar que apenas atendeu ao pedido de um correligionário, o deputado Bala Rocha (PDT-AP). Ninguém foi ver se realmente existiam as indústrias de construção e reparação naval, papel e celuolose e de bebidas não alcoólicas que pretendiam representar, e os funcionários do Ministério do Trabalho também não perceberam que todas informaram o mesmo endereço _ uma casa em Macapá.
Em agosto de 2011, segundo a "Folha", o deputado Vinícius Gurgel (PRTB-AP) enviou ofício ao gabinete de Lupi reitrando as suspeitas de irrugularidades já denunciadas pela Federação das Indústrias do Amapá dois anos atrás.
Alguém pode acreditar que Lupi só autorizou a criação de sindicatos-fantasmas no Amapá? Quantos outros sindicatos patronais ou de trabalhadores não foram autorizados a funcionar sem que alguém do Ministério do Trabalho procurasse saber se eles realmente tinham representatividade?
Como o ministro está submetido a controle e foi esvaziado de suas funções desde o início do governo de Dilma Rousseff, que encarregou o secretário-geral Gilberto Carvalho de cuidar das relações do governo com o movimento sindical, os "malfeitos" que agora ficamos conhecendo se referem ao conjunto da obra de má-gestão de Lupi à frente do Ministério do Trabalho.
Pegar carona no avião "providenciado" pelo presidente de uma ONG suspeita, que ele jurou não conhecer, passa a ser só um detalhe menor do currículo. O Tribunal de Contas da União já constatou irregularidades em mais de 500 contratos de convenios entre ONGs e o Ministério do Trsbalho.
Mesmo que Lupi pessoalmente não tenha levado vantagem financeira nos "malfeitos", a nova expressão oficial para designar desvios de dinheiro público, a verdade é que ele já demonstrou à exaustão que não tem as mínimas condições políticas e técnicas para continuar à frente da pasta do Trabalho. Deveria ser demitido e processado por má-gestão, no mínimo.
Lupi entrou na segunda semana de agonia respirando por aparelhos, à espera da reforma ministerial prevista para o início do próximo ano, simplesmente porque o governo decidiu dar um tempo nas demissões que se sucederam neste primeiro ano de mandato, sempre após denúncias publicadas pela imprensa.
Já que quer ficar com o ministério, será que o PDT, que já foi de Leonel Brizola, ex-partido de Dilma, não teria nenhum outro nome probo e capaz para oferecer à presidente e ajudá-la a sair logo desta crise desgastante?
Repito: não seria melhor antecipar de uma vez esta reforma ministerial e trocar quem tem que ser trocado para que possamos entrar em 2012 já com uma nova equipe de governo à imagem e semelhança da presidente Dilma?
Ninguém aguenta mais esta história de "malfeitos", com os malfeitores agonizando no cargo, morrendo de medo de aparecer o tal do "fato novo".
Que "fato novo" ainda estão esperando para tirar de uma vez este ministro, que já prometeu só sair abatido a bala e, no dia seguinte, pediu desculpas e fez uma declaração de amor à presidente?
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