Com o PSD, Kassab reforça um espaço legítimo na política nacional, que é o centro
Por
Leonardo Attuch no Brasil 247
Nada é tão vilipendiado na política
quanto o centro. Os centristas, embora representem a maioria, são atacados
tanto à esquerda como à direita pela suposta falta de consistência ideológica,
pelo adesismo e pela postura fisiológica. Mas o que combina mais com uma
sociedade plural e conservadoramente progressista como a brasileira? Os
radicais de direita? Os radicais à esquerda? Ou será o centro?
A resposta é óbvia e, por isso mesmo,
o PSD, criado pelo prefeito Gilberto Kassab, de São Paulo, vem tendo tanto sucesso.
O partido contribui para desanuviar o clima político e oferece, sim, uma
possibilidade de arejamento, um ano depois de uma campanha presidencial marcada
pelo radicalismo. Kassab hoje tem um ímã poderoso nas mãos. E seu magnetismo
atrai tanto os descontentes da oposição como aqueles que, embora na base
governista, enxergam no PSD um espaço mais fértil para seus projetos de poder.
A primeira vítima do PSD é o DEM,
ex-PFL, que começou a morrer no dia em que o senador Agripino Maia acusou a
presidente Dilma de mentir durante a ditadura – detalhe: ela estava em poder de
torturadores. Depois daquele dia, políticos como Paulo Bornhausen, de Santa
Catarina, passaram a incentivar Kassab a criar um partido menos radical e, ao
mesmo tempo, independente. Ou seja: com o direito de aderir ao que considerar
correto e discordar do que julgar inconveniente.
A segunda vítima pode ser o próprio
PSDB, se não tiver a capacidade de reconhecer que o Brasil vive um bom momento
– e que esse sucesso não foi fruto apenas do Plano Real, que logo atingirá a
maioridade com seus 18 anos. No Brasil de hoje, que cresce e tem um governo
aprovado pela ampla maioria da população, a oposição pela oposição é um erro de
cálculo e um erro político. Apesar disso, engana-se quem acredita que Kassab
fará de tudo para embarcar na base do governo Dilma, valendo-se dos escândalos
que atingem praticamente todos os partidos da base aliada para ocupar um ou
mais ministérios. O que torna o PSD valioso é justamente a sua independência.
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