sábado, 1 de outubro de 2011

O imã de Kassab

Com o PSD, Kassab reforça um espaço legítimo na política nacional, que é o centro

Por Leonardo Attuch no Brasil 247

Nada é tão vilipendiado na política quanto o centro. Os centristas, embora representem a maioria, são atacados tanto à esquerda como à direita pela suposta falta de consistência ideológica, pelo adesismo e pela postura fisiológica. Mas o que combina mais com uma sociedade plural e conservadoramente progressista como a brasileira? Os radicais de direita? Os radicais à esquerda? Ou será o centro?

A resposta é óbvia e, por isso mesmo, o PSD, criado pelo prefeito Gilberto Kassab, de São Paulo, vem tendo tanto sucesso. O partido contribui para desanuviar o clima político e oferece, sim, uma possibilidade de arejamento, um ano depois de uma campanha presidencial marcada pelo radicalismo. Kassab hoje tem um ímã poderoso nas mãos. E seu magnetismo atrai tanto os descontentes da oposição como aqueles que, embora na base governista, enxergam no PSD um espaço mais fértil para seus projetos de poder.

A primeira vítima do PSD é o DEM, ex-PFL, que começou a morrer no dia em que o senador Agripino Maia acusou a presidente Dilma de mentir durante a ditadura – detalhe: ela estava em poder de torturadores. Depois daquele dia, políticos como Paulo Bornhausen, de Santa Catarina, passaram a incentivar Kassab a criar um partido menos radical e, ao mesmo tempo, independente. Ou seja: com o direito de aderir ao que considerar correto e discordar do que julgar inconveniente.

A segunda vítima pode ser o próprio PSDB, se não tiver a capacidade de reconhecer que o Brasil vive um bom momento – e que esse sucesso não foi fruto apenas do Plano Real, que logo atingirá a maioridade com seus 18 anos. No Brasil de hoje, que cresce e tem um governo aprovado pela ampla maioria da população, a oposição pela oposição é um erro de cálculo e um erro político. Apesar disso, engana-se quem acredita que Kassab fará de tudo para embarcar na base do governo Dilma, valendo-se dos escândalos que atingem praticamente todos os partidos da base aliada para ocupar um ou mais ministérios. O que torna o PSD valioso é justamente a sua independência.


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