Pesquisas revelam descrédito da grande imprensa e da oposição
por Eduardo Guimarães,
no Blog da Cidadania
Na semana que termina, foram divulgadas duas
pesquisas de opinião que permitem conclusões que vão além daquilo que
pretenderam apurar. Uma delas foi feita pelo Instituto Análise, do sociólogo
Alberto Carlos Almeida, autor do livro A Cabeça de Eleitor, e a outra é de
autoria do sociólogo tucano Antonio Lavareda.
Ambas revelam um quadro desalentador para uma
oposição que, a despeito de contar com um apoio propagandístico e estratégico
da grande imprensa que dispensa maiores comentários, há quase uma década vem
fracassando em voltar a ser uma real alternativa de poder, aos olhos da
população.
O que mais chama atenção é a resiliência da
popularidade do ex-presidente Lula. Nove meses após deixar o poder, período
durante o qual tem sofrido uma campanha negativa na imprensa ainda maior do que
a que permeou seus dois mandatos, e ainda não tendo mais os meios de se
manifestar que a Presidência da República concede naturalmente aos seus
ocupantes, sua popularidade está mais forte do que nunca.
A pesquisa do instituto Análise mostra que, após
oito meses (foi fechada em agosto) de governo Dilma, a boa lembrança de Lula
continua intacta entre o eleitorado e influenciando decisivamente o jogo
político e eleitoral. Para Alberto Almeida, coordenador do instituto, um dos
dados que chamam mais atenção é a permanência da popularidade de Lula – o que o
torna um fator de extremo desequilíbrio no jogo presidencial.
Durante o seu governo, Lula alcançou 80% de
aprovação (ótimo + bom). Agora, com a artilharia da mídia contra si, as teses
sobre “herança maldita”, as “marchas contra a corrupção” convocadas pela mídia
e que visam seu período de governo, a aprovação do ex-presidente subiu e chegou
a 82%. Segundo Almeida, “Isso significa que o eleitorado está com saudades de
Lula”.
Ironicamente, a pesquisa divulgada pelo jornal
Valor Econômico revela ainda um fato que, analisado pelo prisma correto, mostra
que a grande imprensa, além de não ter credibilidade para desmoralizar Lula,
pode estar reduzindo a popularidade da presidente Dilma com sua tentativa de
forjar uma suposta ruptura política e administrativa de seu governo com o de
seu padrinho político.
A aprovação ao governo Dilma é exatamente a metade
da de seu antecessor: 41% de “ótimo” e “bom”. E enquanto 3% dos entrevistados
consideram que Lula foi ruim ou péssimo, 16% avaliam Dilma como tal. Nesse
aspecto, as tentativas da presidente de tentar manter uma relação civilizada
com a imprensa podem estar sendo vistas como “traição”.
A pesquisa também mostra que o governo Lula se
tornou medida de comparação para o povo. Os que aprovam a administração Dilma
Rousseff justificam a opinião com a percepção que têm de que a presidente está
“dando continuidade ao que o Lula fez”.
Para os que previsivelmente dirão que a pesquisa do
instituto análise é “comprada”, que o instituto é “petista” etc., vale analisar
pesquisa levada a cabo pelo cientista político tucano Antonio Lavareda,
pesquisa que, na semana que termina, pôs o PSDB em pânico.
Caciques tucanos se insurgiram contra a divulgação
da pesquisa devido ao quadro tétrico que revelou, pois confirma todos os dados
da pesquisa do instituto análise e mais alguns outros, todos altamente
negativos para a oposição. Revela que, hoje, tanto José Serra quanto Aécio
Neves não teriam a menor chance numa disputa com Dilma e muito menos com Lula.
Por fim, o PT pode dormir tranqüilo por conta da
forma como o alto escalão tucano avaliou a pesquisa de Lavareda. Ao menos na
visão do presidente do partido, Sergio Guerra, os tucanos devem insistir nas
táticas de luta pelo poder que permearam a década passada.
Em primeiro lugar, a idéia “brilhante” dos tucanos
é a de insistir ainda mais na teoria de que tudo que Lula realizou se deve ao
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Julgam que, apesar de a grande
imprensa repetir essa teoria há quase 10 anos, ela ainda não se fixou na mente
do eleitorado porque nas campanhas eleitorais o ex-presidente costuma ser
“escondido” pelo seu partido.
A avaliação tucana não debita essa ocultação de FHC
pelos seus pares à péssima lembrança que seu governo deixou nos brasileiros e
que foi a responsável pela tentativa praticamente desesperada de votarem no
enigma Lula em 2002, buscando como que uma última alternativa para um país que
parecia não ter jeito antes de o PT chegar ao poder.
Por absurdo que pareça, a interpretação da oposição
declarada e da dissimulada é a de que FHC só não desfruta de bom conceito por
conta de não ser suficientemente exaltado e, assim, imprensa e oposição
partidária podem passar a empreender uma forte campanha pela reabilitação de
seu “legado”.
E não fica só nisso, o delírio conservador. Devido
ao grande “sucesso” das campanhas moralistas que a direita empreendeu contra o
governo Lula e que continua empreendendo contra o governo Dilma, a avaliação do
presidente do PSDB e da parcela do partido que o apóia é a de que se deve
insistir ainda mais na criminalização do PT e do ex-presidente Lula.
É possível prever, assim, que, nos próximos meses,
oposição e mídia devem intensificar o denuncismo contra o legado de Lula e
contra o governo Dilma, bem como a exaltação da era FHC e a difusão da tese de
que tudo que está acontecendo de bom hoje no país se deve a um governo que
terminou, em 2002, sob forte desaprovação da sociedade.
Dilma, Lula e o PT deveriam agradecer aos
adversários. Se bobear, ainda farão com que Lula seja canonizado
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