por Edinho Silva, Folha.com
Desde os primórdios do desenvolvimento do Estado, a política é
tida como o instrumento para o avanço da sociedade. Muito sangue humano foi
derramado para que a ação política substituísse a força do Estado (primitivo ou
moderno) pela formação de consensos sociais.
É
a capacidade de aglutinação da política, então, o grande instrumento para a
construção da sociedade democrática no seu sentido mais amplo, inclusive
econômico.
Outra
reflexão: todos os grandes teóricos que pensaram os partidos políticos podem
divergir nas concepções ideológicas e nas premissas teóricas, mas todos
convergem em uma concepção: o partido não é um fim em si mesmo, ele é um
instrumento de ação social.
Poderia
também, aqui, resgatar o conceito de hegemonia em Gramsci. Contudo, penso que vale
o registro e desnecessário o resgate. Em síntese: a parte não hegemoniza o
todo, mas sim a força do consenso determina a amplitude da ação.
Esse
breve resgate se torna útil para respaldar a seguinte afirmação: quanta
hipocrisia nas reflexões sobre a aliança do PT com o PP na capital paulista.
Respeito
a decisão de foro íntimo (firmada em uma leitura política, mas que expressa a
sua visão pessoal da conjuntura e da correlação de forças na construção de um
projeto de cidade, Estado e país) da deputada Luiza Erundina. Mas não posso me
calar diante das opiniões provenientes do fato.
Várias
candidaturas disputaram o apoio do PP. Nenhuma crítica histórica ou moral foi
feita. Mas, quando o PT consegue ampliar a sua aliança, aumentando a sua
capacidade de diálogo com o eleitorado, todo o rigor da coerência é tirado das
gavetas e armários.
Por
que a mesma crítica não foi feita antes? O PT não é o único partido que tem
lideranças que lutaram pela democratização do Brasil. Vale aqui relembrar que
quando houve a aproximação do PSD à pré-candidatura de Haddad presenciamos o
mesmo fenômeno. A quem interessa a limitação política do PT?
Ninguém
viu pela imprensa o Partido do Trabalhadores "abrindo mão" de suas
concepções programáticas para ampliar a política de alianças. Estamos, sim,
buscando a construção de uma coalizão partidária.
Queremos
apresentar ao complexo eleitorado paulistano propostas concretas para fazer de
São Paulo não só uma cidade rica, mas também socialmente justa e sustentável. A
mesma coalizão que sustentou o governo Lula e sustenta o governo Dilma, que
criou as condições políticas para a maior transformação econômica e social da
nossa história, tem de ser perseguida na cidade de São Paulo.
O
PT é um partido que amadureceu e sabe do seu papel histórico, sabe das suas
responsabilidades. Queremos ser o partido em São Paulo que tenha a capacidade
de ajudar a constituir coalizões, de formar consensos, de transformar
sentimentos e desejos da sociedade em ideias hegemônicas.
Sabemos
da complexidade da sociedade paulistana e paulista, mas também sabemos que é
possível oferecer, agora em 2012, à população da cidade de São Paulo o mesmo
projeto que transforma o Brasil.
Em
tempo e sem hipocrisia, vamos debater também a imoralidade das enchentes que
humilham as famílias paulistanas, o inaceitável trânsito e transporte público,
a caótica saúde, a desorganizada educação, a conservadora política de segurança
pública. Vamos debater o que move a candidatura de Haddad e a necessária
coalizão política.
Resgatando
a concepção pedagógica de Paulo Freire quando trata do dialogo e conflito, em
uma frase bastante utilizada pelo presidente Lula: "Vamos juntar os
diferentes para vencermos os antagônicos".
EDINHO SILVA, 47, sociólogo, é presidente do PT do
Estado de São Paulo e deputado estadual
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