247 – O ex-governador José Roberto Arruda deixou o
Democratas em dezembro de 2009 depois de ser alvo, entre outros
políticos do Distrito Federal, da Operação Caixa de Pandora, que
investigou uma rede de pagamentos a parlamentares no DF, celebrizada
como “mensalão do DEM”. À época, o senador e então líder do DEM no
Senado Demóstenes Torres (GO) esteve entre os democratas que exigiram
publicamente a expulsão do ex-governador do partido, e prometeu inclusive processar Arruda por tentar envolvê-lo nas denúncias que valeram a cassação do ex-DEM em 2010.
Ironicamente, agora é Demóstenes que pode ser defenestrado em nome da
ética democrata. Em seu Twitter, o presidente nacional do partido e,
agora, líder do DEM no Senado, Agripino Maia, resumiu o discurso que
pode encerrar a história entre Demóstenes e DEM: “Nas denúncias
envolvendo o senador Demóstenes Torres, o Democratas tem uma posição que
o diferencia dos demais partidos”. O link indicado na sequência da frase dá prosseguimento ao posicionamento do partido:
“Existe uma marca fundamental do Democratas em lidar com as denúncias
contra seus integrantes que o destaca da maioria absoluta dos demais
partidos do Brasil. Ao invés de invocar conspirações políticas,
perseguições da imprensa ou qualquer outro tipo de teoria conspiratória,
o partido aceita os fatos já revelados e exige explicações do suposto
envolvido”, destaca o senador em seu site.
Num sistema político como o que se estabeleceu no Brasil, carregar a
bandeira da ética parece ter se tornado um fardo muito grande. Seguindo
nessa toada, o DEM pode ficar sem parlamentares nos próximos anos – e
não apenas porque boa parte deles deixou o barco para se unir ao PSD do
prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, após o enfraquecimento
decorrente da perda de um governador.
Defesa
Segundo nota do DEM, “caso as justificativas comprovem sua inocência,
ele (Demóstenes) deverá ser absolvido e não deve arcar com nenhum
ônus”. O presidente da legenda aproveita para destacar “a torcida e
esperança do partido” para que Demóstenes “se explique e seja
convincente com relação às acusações contra ele nas últimas semanas”.
“Terá todo o apoio do Democratas nessa sua tarefa. As garantias
previstas na Constituição também devem ser rigorosamente respeitadas”,
dizem os democratas.
Em defesa dessa teoria, o partido lembra que “então uma das maiores
figuras do Democratas, o ex-governador José Roberto Arruda precisou
abandonar o partido quando as denúncias contra ele se tornaram
irrefutáveis”. Nas comparações entre o comportamento do DEM e o dos
outros partidos, sobrou para o PT:
“Quando acuado por suspeita de mal feitos, o Partido dos
Trabalhadores costuma utilizar-se de outras armas no nosso entender
menos aceitáveis. Por exemplo, a pretensão mal disfarçada em coibir a
imprensa por meio de conselhos ou leis regulatórias”, diz a nota. “(O
PT) Também joga uma cortina de fumaça sobre eventos deletérios que o
envolvem por meio da tentativa de deslegitimar os órgãos denunciantes”,
completa, para finalizar: “Como sempre, o Democratas pensa diferente.
Mesmo que possa prejudicar o partido, a liberdade irrestrita de imprensa
é uma bandeira irremovível do Democratas”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário