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Claro que acho razoável toda iniciativa da prefeitura de São Paulo para garantir um pouco de ordem ao trânsito da cidade. É positivo, portanto, que se procure organizar horários para transporte de carga e circulação.
Mas está na cara que a greve de 260 000 caminhoneiros é sinal de um problema político, também.
Ninguem consegue deixar a maior cidade brasileira à beira da paralisia se não conta com um apoio firme e decidido de seus liderados. São Paulo e suas cidades vizinhas consomem entre 30 e 40 milhões de litros de combustível todos os dias. No último controle, foram entregues 2 milhões.
Já começo a ler observadores e articulistas que divulgam protestos sociológicos contra o uso exagerado de automóvel e nossa dependência em relação à gasolina. É uma queixa correta ontem e amanhã. Hoje, o problema é falta de democracia.
É preciso ser muito ingênuo para imaginar que seria possível prejudicar 260 000 caminhoneiros, que já se queixam de outras restrições a seu serviço, sem que eles tivessem disposição de reagir.
Numa democracia, é preciso definir prioridades e submeter a minoria à maioria. Os interesses da cidade são mais importantes do que benefícios de caminhoneiros. Mas não adianta querer enfiar uma decisão política goela abaixo dos prejudicados, como se eles não pudessem responder. Tanto podem que deixaram a cidade num ambiente de medo e incertezas como há muito não se via.
Não há dúvida de que Gilberto Kassab é um político habilidoso. Construiu um dos maiores partidos políticos em pouco mais de um ano de trabalho. Mas o prefeito deveria usar habilidade para negociar interesses, aproximar contrários, argumentar e convencer. Se tivesse feito isso na hora certa, a maior cidade brasileira não estaria diante de um espetáculo absurdo de enfrentar um boicote à gasolina
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