A única boa notícia das últimas semanas para o ex-ministro Fernando Haddad foi dada pelos médicos de Lula neste domingo, quando o ex-presidente voltou para casa, depois de passar uma semana cuidando de uma pneumonia no Hospital Sírio-Libanês.
O quadro da eleição paulistana sofreu uma reviravolta no período em que Lula se submeteu ao tratamento de radioterapia para combater o câncer na laringe, sem poder se dedicar à campanha do seu candidato como gostaria.
Chegando a ser apontado como favorito no começo do ano, graças ao apoio de Lula e Dilma, e pela falta de candidatos viáveis nos principais partidos, especialmente no PSDB, de uma hora para outra Fernando Haddad se viu órfão, e sua campanha totalmente sem rumo, sem sair do lugar, encalhada em último lugar, com 3% nas pesquisas.
Para completar, o PT paulistano, dedicado a disputas internas pelos postos de comando, não consegue montar uma estrutura mínima para o candidato, ficando à espera da recuperação de Lula para resolver os impasses entre as diferentes correntes.
O fato é que o nome de Fernando Haddad até agora não conseguiu conquistar e empolgar adeptos nem mesmo dentro do seu próprio partido. Nas fotografias das suas andanças pela cidade, o candidato aparece quase sempre sozinho, meio perdido na multidão.
Enquanto isso, a entrada em cena de José Serra como pré-candidato do PSDB, com a imediata adesão da grande mídia e do PSD do prefeito Gilberto Kassab, virou o jogo de alianças a favor dos tucanos. Haddad não conseguiu até agora sequer o apoio dos tradicionais aliados PC do B, PDT e PSB, que ameaçam desembarcar do barco petista nestas eleições.
Com as máquinas administrativas nas mãos e o controle dos respectivos legislativos, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Gilberto Kassab jogam tudo agora para deixar o PT e seu candidato isolado na campanha paulistana.
Os problemas do governo federal com sua base aliada em Brasília acabam se refletindo também na campanha paulistana. Depois de perder o Ministério do Trabalho, em dezembro, o PDT ganhou na semana passada a Secretaria Estadual de Trabalho e Emprego, em São Paulo.
E tudo conspira a favor de Serra no momento, até mesmo as prévias do PSDB marcadas para o próximo dia 25, a princípio um estorvo no caminho do candidato que acabou se revelando um fator positivo para a mobilização do partido.
Por módicos R$ 250 mil, o preço da montagem das prévias, Serra ganhou espaço no noticiário e foi obrigado a retomar contatos com dirigentes e militantes do partido dos quais andava afastado desde a sua última derrota, em 2010.
Como a campanha na televisão só começa em agosto, o tempo agora corre contra Fernando Haddad, um candidato ainda desconhecido por mais de metade da população, que não pode contar com a presença física de seu principal cabo eleitoral.
Até aqui, o candidato petista se limita a dar algumas estocadas em José Serra, lembrando a sua falta de palavra e o hábito de não concluir mandatos, além de fazer críticas à administração de Gilberto Kassab, até outro dia um possível aliado do PT.
É muito pouco para quem terá de enfrentar, logo na sua primeira disputa eleitoral, um esquema de poder montado há mais de duas décadas pelos tucanos em São Paulo.
A exemplo dos seus adversários, o candidato petista não apresentou até o momento sequer o esboço dos seus planos para a cidade, alguma ideia nova que possa motivar o eleitorado.
Nos pouco mais de seis meses que faltam para a abertura das urnas, tudo poderá mudar novamente, é claro, mas a esta altura do campeonato o quadro da candidatura de Haddad é tão delicado que o principal desafio do PT é assegurar, pelo menos, a sua presença num possível segundo turno.
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