quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O carnaval e a literatura Aeciana


Imagem Internet (Ilustração do blog)
Um aparte ao artigo "Carnaval", desta segunda (20/02, FSP)
O redator do “Aparte ao senador”, do Movimento Minas Sem Censura, jura que tentou achar no segundeiro artigo de Aécio Neves algo com que pudesse polemizar seriamente.
Se Leonel Brizola estivesse vivo, depois de ler o texto aeciano diria: impostura! Dupla impostura!
Primeiro, pelo estilo “Odorico Paraguassu” que marca o esforço literário do senador carioca, radicado eleitoralmente em Minas. Ou de seu Ghost Writer. Segundo, por usar o nome de Darcy Ribeiro, como mote de suas baboseiras, impregnadas de uma pretensão literária de duvidoso gosto estético.
Vamos nos divertir primeiro, separando algumas de suas expressões rococós-wikipedia: manto democrático da festa; asperezas do cotidiano; ritmo contagiante da irreverência; esses são dias que se descolam da realidade (piada pronta); Darcy tinha o senso agudo da brasilidade e perscrutou, no Carnaval, a ambiguidade dos desiguais provisoriamente iguais (nossa!); hiato ecumênico; clamorosa consciência; desassistida (SIC) solidão dos mais pobres; nesses dias e noites em que o exercício de racionalidade abre alas para os adereços da paixão e da euforia (aiai); os nobres fictícios de tantas passarelas (eca); sua diversidade e sua irreverência tantas vezes crítica não entorpecem, não iludem (piada pronta); e dá-lhe besteirol.
Acreditem: em pouco mais de uma lauda jornalística coube esse monte de tolices fantasiadas de refinamento literário. Metáforas pobres, excessiva adjetivação, pouca substantivação. Para uma Academia Brasileira de Letras pode até servir, depois que para lá foi Merval Pereira, o autor de trinta crônicas sobre Brasília.
“Darcy Ribeiro, antropólogo e educador, militante incondicional da vida e do humor”, segundo Aécio, tinha a consciência doída, em face das profundas desigualdades sociais do Brasil. Que dó. Militante incondicional da vida e do humor... .Que vacuidade!
Reduzir a esse "nada" a pujança intelectual, a rebeldia política e sua inequívoca admiração pela igualdade social estudada nas aldeias, por onde andou, é um acinte à sua memória. Ele não sofria apenas pela contemplação da desigualdade. Ele combatia a desigualdade. Darcy Ribeiro tinha lado. Sempre teve. Nunca foi o politico gelatinoso, em cima do muro, oportunista, argila, moldável aos discursos e circunstâncias que melhor lhe abririam caminhos para uma carreira sem sentido. Darcy, impossível separá-lo de Brizola, e com o citado Niemayer, tem em comum o discurso uníssono em reivindicar mais estado, mais poder público e menos neoliberalismo, como caminho concreto para diminuir e até mesmo erradicar a desigualdade social.
Na impossibilidade de citar autores neoliberais, para ilustrar seus textos, Aécio despe esses personagens de sua substância crítica e de esquerda. E os utiliza como quem dependura adereços carnavalescos, sem qualquer sentido, ainda que com a racionalidade própria de quem não quer apontar os motivos da desigualdade mencionada aleatoriamente no escrito.
Darcy está para Anísio Teixeira, assim como Aécio está para Anísio Santiago (o criador da famosa cachaça Havana). Nem tanto pela qualidade da “marvada” original. Mas pela grife em que esta se transformou.
O carnaval de Aécio nada tem a ver com o do povão. O dele é em camarotes, cercado de eruditas moças e regado a leite, frutas saudáveis, cerveja sem álcool, água mineral. Tudo isso elevado a menos um. Afinal, é carnaval.



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