sábado, 2 de junho de 2012

Ex-diretor da Abril e Globo responde aos ataques de Reinaldo Azevedo


Dente lupus, cornu taurus petit

Por Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo

E lá vem Reinaldo Azevedo de novo.

Eis que me contam que ele me atacou. Dou um Google, e é verdade. Não deveria responder, mas, em respeito aos eventuais leitores do Diário que tenham lido o texto dele, esclareço algumas coisas:

1) Jamais pedi sua cabeça. Ele afirma que pedi, obliquamente, ao criticá-lo em dois textos. É uma interpretação absurdamente pessoal. Eu estaria pedindo a cabeça de toda pessoa de quem discordasse, e ele, aliás, também. Mas entendo, não obstante, que o debate progredirá quando não houver articulistas que sejam tão raivosos e tão levianos e tão inconsequentes como ele e seu coirmão Diogo Mainardi.

2) Ele diz que sou da turma de Nassif, Paulo Henrique Amorim e Leonardo Attuch. Dos três, conheço pessoalmente apenas Attuch, dos tempos em que trabalhamos juntos na Exame. Já deixei claro em alguns textos o quanto me incomoda, sobretudo em Paulo Henrique mas não só nele, o uso da expressão “PIG”, tão nociva quanto “petralha”.

Não pertenço a turma nenhuma: sou um blogueiro independente. Votei em Fernando Henrique várias vezes, em Lula uma. Optei por Dilma nas últimas eleições porque Serra é Serra, primeiro, e depois porque entendo que o Brasil precisa de um governo que dê foco ao combate à desigualdade social.

3) Reinaldo Azevedo diz que não li Horácio. Essa é uma afirmação que nem minha mulher poderia confirmar ou desmentir, e mostra o nível das afirmações de Reinaldo. Dente lupus, cornu taurus petit. O lobo ataca com dentes, o touro com os chifres, segundo Horácio. Reinaldo Azevedo ataca com o que tem: um ódio cego de alguém fanatizado. “Raiva é uma forma momentânea de loucura”, escreveu Horácio. E quando a raiva é presente em cada instante, como em Reinaldo Azevedo?

4) Afirma que quis ser diretor da Veja. Já escrevi sobre isso no livro “Minha Tribo”, e em resumo o que aconteceu foi o seguinte: fui cogitado, no final dos anos 1990, para dirigir a Veja. Quem me contou a história, com detalhes, foi meu chefe de então,  JR Guzzo. Acabei não sendo a escolha final. Na época, isso não me doeu – eu estava na melhor fase de minha carreira, como diretor da Exame. Bom salário, bons bônus, boa equipe. (Uma outra preterição, sim, mais tarde, esta administrativa e não editorial, me machucou. E acabou provocando, indiretamente, minha saída da Abril. Mas isso ficou muito para trás e tento olhar para a frente. Fiquei muito feliz ao reatar laços com a Abril na forma de colaborador de algumas revistas.)

5) Diz que vai me dar leitores ao falar de mim. Horácio se envergonharia se alguém que de fato o leu fosse tomado de um espasmo de tamanha presunção. Aproveito para esclarecer: não trouxe. Vi agora as estatísticas do Diário e a média de leitura é rigorosamente a mesma.

6) Reinaldo Azevedo diz que bajulei Roberto Civita ao dizer que ele não é Murdoch. Dei minhas razões lá, e não me pesou ao escrever interesse nenhum porque, aos 56 anos, como já disse várias vezes, JAMAIS voltaria a ser executivo de uma empresa. Não tenho mais vontade, não tenho mais motivação, não tenho mais idade. E graças a Deus não preciso de dinheiro: fiz um bom pé de meia. Fazer um site de notícias – independente como o Diário — ao retornar ao Brasil? Aí, sim, meus olhos podem brilhar. Se a Reinaldo Azevedo eu ter dito que Roberto Marinho está muito mais para Murdoch do que Roberto Civita soou realmente como bajulação, talvez seja porque ele próprio esteja em dúvida.

7)  Por fim: prometo não dar seguimento a este “debate”. Os leitores do Diário não merecem. E eu tenho coisas mais importantes a tratar.


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