sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Alô, Agripino, a Saúde pede socorro no RN


 O caos no sistema estadual de saúde tem chegado a níveis extremos. Falta de leitos agora atinge até Centro de Recuperação de Operados, interferindo no andamento das cirurgias do hospital

Pacientes se recuperam de cirurgia dentro do próprio centro cirúrgico do pronto-socorro.        
As denúncias chegam por todos os lados. Um técnico, que prefere não ser identificado, integrante da equipe de enfermagem do Pronto Socorro Clóvis Sarinho, no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, disse que está trabalhando em um completo caos. Apesar da palavra "caos" ser sempre usada para fazer referência ao hospital, dessa vez, a denúncia tem um agravante. Uma foto postada pelo médico Tiago Medeiros de Almeida na rede social Facebook, na última terça-feira, mostra dois pacientes se recuperando de uma cirurgia dentro do próprio Centro Cirúrgico do pronto-socorro. O Centro de Recuperação de Operados (CRO) estava lotado e não tinha onde colocar os pacientes.
Corredores lotados e 200 pacientes de ortopedia à espera de transferência.
 A reportagem do Diário de Natal escutou também alguns funcionários do setor. Foi dito que das cinco salas de cirurgia, três estão ocupadas com pós-operados. A informação foi confirmada pelo Sindicato dos Médicos (Sinmed) que ainda relatou a situação em detalhes,dizendo que existem 200 pacientes da ortopedia que precisam ser transferidos para rede privada.

Mais do que corredores e um CRO lotado, a falta de leitos na unidade chegou ao ponto de prejudicar o andamento das cirurgias do único hospital de urgência traumatológica do estado. O Centro Cirúrgico do Clóvis Sarinho tem cinco salas, segundo o enfermeiro, esta semana três delas ficaram com pacientes do pós-operatório. Alguns não saíram porque precisam de respiradores e mesmo que não necessitassem dos aparelhos, também não tinha nem marca para ficar no corredor.

Além da superlotação do único setor que não poderia ser lotado, o funcionário conta que muitos colegas estão adoecendo porque não conseguem tirar as horas de descanso durante os plantões. A equipe sempre desfalcada - muitas vezes em razão dos inúmeros atestados - faz com que os enfermeiros não consigam dar pausa no trabalho. "Faço um apelo, não por mim, mas pelos pacientes. Imagine você se recuperar de uma cirurgia em uma maca", declarou.

O presidente do Sinmed, Geraldo Ferreira, que trabalhou na unidade no último dia 28, não desmentiu em nada o funcionário. "Tem uma sala que funciona fixa como de recuperação. Além dela, no dia que eu estava tinham mais duas ocupadas com pacientes nos respiradores", lembra. Geraldo diz que a direção do hospital tem procurado com freqüência o sindicato para mostrar os problemas que estão acontecendo na unidade. E foi pela direção que o médico ficou sabendo dos 200 pacientes - fora os que foram transferidos esta semana - que aguardam (em casa e no hospital) para serem encaminhados aos hospitais privados e realizarem as cirurgias ortopédicas.


Fonte: Diário de Natal

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