sábado, 7 de janeiro de 2012

Dilma e Campos: encontro marcado em 2014?

Há tempos, o PT vinha buscando um pretexto para brigar com o PSB; para muita gente, o que há por trás da guerra da Integração Nacional é o desconforto com o ar cada vez mais presidenciável de Eduardo Campos, que poderia até enfrentar a presidente Dilma Rousseff nas próximas eleições

Foto: Divulgação e Andréa Rêgo Barros/247
Por 247 Eduardo Campos, governador de Pernambuco e líder natural do Partido Socialista Brasileiro, o PSB, foi apontado recentemente como o melhor governador do Brasil. Com obras gigantescas, como o Porto de Suape e a chegada de montadoras, como a Fiat e a Volks, seu estado vive hoje uma situação de quase pleno emprego. Campos também demonstrou força política, em episódios como a eleição da deputada Ana Arraes para o Tribunal de Contas da União. E, fora tudo isso, ele também se movimenta com desenvoltura entre todos os partidos, articulando possíveis alianças políticas com o PSD, de Gilberto Kassab, e até com o PSDB, de Aécio Neves. Movimentos que fazem com o líder do PSB se pareça, cada vez mais, com um autêntico presidenciável – e já para 2014.

Toda essa desenvoltura, naturalmente, gera desconfortos no PT. José Dirceu, que comanda a maior ala do partido, já escreveu notas em seu blog condenando a movimentação de Campos. E, do lado do PSB, os que defendem a candidatura presidencial já em 2014 – ou ao menos, a vice, no lugar do PMDB, de Michel Temer – apontam certa “fadiga de material” no PT. O fato é que Campos parece ser a figura mais habilitada a cumprir uma profecia já feita por José Sarney: a de que a oposição ao “lulismo” nasceria do ventre do próprio “lulismo”.
É nesse contexto que um novo ministro foi colocado na rota da “faxina”. Trata-se de Fernando Bezerra Coelho, da Integração Nacional, que é o principal aliado de Eduardo Campos na Esplanada dos Ministérios. Antes mesmo das chuvas, já circulavam rumores de que Coelho poderia vir a ser substituído por Ciro Gomes no ministério – o que seria um golpe maquiavélico do Planalto, pois os irmãos Gomes, que têm o governo do Ceará com Cid, disputam com Eduardo Campos a hegemonia do PSB.

Nota oficial

Em seguida, veio a acusação de que Fernando Bezerra Coelho estaria privilegiando Pernambuco e a intervenção branca no Ministério, comandada pela ministra Gleisi Hoffmann. É um caso curioso, em que vários governadores de estados afetados por chuvas, como Sergio Cabral, do Rio, Antonio Anastasia, de Minas, e Beto Richa, do Paraná, já declararam apoio ao ministro.

É uma situação tão delicada que o próprio presidente nacional do PT, Rui Falcão, divulgou nota oficial para negar os rumores de uma crise na base aliada, entre PT e PSB. “Com relação ao noticiário envolvendo o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, no que diz respeito à liberação de verbas do programa de prevenção a desastres, o PT esclarece que as relações com o Partido Socialista Brasileiro são as melhores possíveis”, dizia a nota emitida por Rui Falcão. O dirigente ainda esclareceu que o ministro Fernando Bezerra Coelho prestou os devidos esclarecimentos sobre as denúncias que estaria privilegiando recursos da pasta para seu Estado natal. “O assunto já foi devidamente esclarecido pelo ministro junto ao governo”, completa.

Já se viu esse filme em Brasília. Será que a onda de denúncias contra Fernando Bezerra vai mesmo parar? E será que a relação entre PT e PSB continuará mesmo tão sólida depois desse episódio?

Há quem aposte num encontro marcado entre Eduardo Campos e Dilma Rousseff em 2014.


Nenhum comentário: