O Aparte desta segunda, 26/12, ao artigo semanal do senador Aécio Neves (cujo título é “Otimismo” – FSP) é escrito com profunda perplexidade.
Entrando no clima de Natal, Aécio prega a distensão política. É hora, segundo ele, de “desarmar o espírito da intolerância”. Reafirma sua autoavaliação: desde que ingressou na política, ele tomou a decisão de não cair na tentação fácil de “tratar adversário como inimigo, de confundir país com governo”.
Estamos diante de “Aécim Paz e Amor” ou “Von Clausewitz”?
A prática histórica de Aécio Neves, como ex-governador de Minas, como pré-candidato à presidência da República e agora como senador, desautoriza seu texto “paz e amor”.
A máquina de promoção pessoal do político carioca, radicado eleitoralmente em Minas Gerais, se notabiliza pelo controle da imprensa e dos demais poderes constituídos no estado. E este controle da imprensa pressupõe, por exemplo, exigir a cabeça de repórteres que não fazem o jogo de seu projeto pessoal de poder.
Para quem não se lembra do caso de Jorge Kajuru, demitido “no ar”, pela BAND, por criticar o ex-governador mineiro e seus “10 mil ingressos” para celebridades, em desfavor das pessoas deficientes (no jogo Brasil X Argentina, de 02 de junho de 2004, no Mineirão), oferecemos o link ao final.
Como senador, sua conduta nada muda. Elegeu seu sucessor e impõe a ele a penosa tarefa de praticar o estado de exceção.
Basta ver o tratamento que a oposição em Minas recebe de seu preposto e dele próprio. Os episódios mais recentes envolvem a tentativa de cassação dos mandatos dos deputados Sávio Souza Cruz (PMDB) e Rogério Correia (PT).
Além de ter o hábito de se negar a cumprimentar adversários, fingindo não vê-los, Aécio agora orienta a sua base parlamentar a protocolar pedidos de cassação, baseados em denúncias vazias, veiculados em mídias partidarizadas e sem credibilidade.
Ao contrário de suas melosas palavras no artigo semanal que aparteamos, o senador pratica o rancor, a perseguição e o preconceito com quem dele diverge. Adalclever Lopes, moderado deputado do PMDB mineiro reclama: “tento construir pontes de diálogo e os tucanos destroem tudo”. Pompílio Canavez (PT) registra que “nunca viu tanta intolerância concentrada num mesmo ninho”.
O “crime” cometido pelos deputados perseguidos pelos tucanos, a mando de Aécio Neves, foi o de fiscalizar seu governo e o de seu sucessor.
Eis porque o texto assinado por ele, nada condiz com sua postura. Para o tucano: adversário = inimigo. Serra experimentou sua fúria dissimulada. PT e PMDB em Minas a experimentam de forma aberta.
Assim, o melhor sobrenome para o senador carioca, radicado eleitoralmente em Minas Gerais, será “Von Clausewitz”. O general prussiano que se notabilizou pelo célebre dito: "A guerra é a continuação da política por outros meios". Só que Aécio parece inverter o termos da afirmação.
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