quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O chilique do historiador tucano


Por Altamiro Borges no seu Blog

Ilustração do Observatório
O historiador Marco Antonio Villa, que goza de generosos espaços na mídia (Globo, Cultura, Estadão e outros), nunca escondeu a sua rejeição ao chamado “lulopetismo” e as suas simpatias pelo tucanato. Nos últimos dias, porém, ele andou perdendo a compostura. O livro “A privataria tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro, parece que deixou o rapaz enfezadinho, irritadiço.



Segundo o sítio Comunique-se, na edição desta segunda-feira (26) do “Jornal da Cultura”, Villa chegou a bater boca com o outro comentarista do programa, o advogado Airton Soares, ao tratar do salário dos magistrados paulistas. “Os ânimos no noticiário se exaltaram... ‘Aqui não é debate eleitoral’, disparou Maria Cristina [âncora do programa] antes de chamar o intervalo comercial”.

A mordaça da direita

Um dia depois, Villa publicou artigo raivoso contra o livro no jornal O Globo. Com o título “Querem impor a mordaça”, ele afirma que “o panfleto de Amaury Ribeiro é apenas um produto da máquina petista de triturar reputações. Foi produzido nos esgotos do Palácio do Planalto”. As contradições no texto são grotescas. Apresento trechos do artigo e, com colchetes e negritos, faço algumas indagações ao intrépido historiador:

“Não é novidade a forma de agir dos donos do poder. Nas três últimas eleições presidenciais, o PT e seus comparsas produziram dossiês, violaram sigilos fiscais e bancários, espalharam boatos, caluniaram seus opositores, montaram farsas”.

[Mas no foi o “fogo amigo”, segundo o próprio José Serra, que gerou a confecção de dossiês e a contratação de arapongas no interior do PSDB? Não foi a Verônica Serra, filha do ex-governador, que quebrou o sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros? E a fama de Serra de espalhar boatos, caluniar opositores e montar farsas, como a da bolinha de papel? Villa conhece estes fatos?].

“A máquina petista virou uma Stasi tropical, tão truculenta como aquela que oprimiu os alemães-orientais durante 40 anos. A truculência é uma forma fascista de evitar o confronto de idéias. Para os fascistas, o debate é nocivo à sua forma de domínio, de controle absoluto da sociedade, pois pressupõe a existência do opositor”.

[Ao invés de vomitar conhecimento histórico, Villa não tem nada a dizer sobre os espiões, alguns egressos do SNI, contratados por José Serra, que têm seus nomes registrados no livro do Amaury? Sobre a truculência fascista, ele não fará nenhuma crítica ao seu amigo tucano, conhecido por pedir a cabeça de inúmeros jornalistas – inclusive de Heródoto Barbeiro, na TV Cultura?].

“Os petistas odeiam a política. Fizeram nos últimos anos um trabalho de despolitizar os confrontos ideológicos e infantilizaram as divergências (basta recordar a denominação "mãe do PAC")... Na verdade, os petistas odeiam ter de conviver com a democracia”.

[Mas não foi a mulher do José Serra, a Mônica, que disse na campanha eleitoral do ano passado que Dilma “matava criancinhas”? Isto não é infantilizar as divergências, não é pura baixaria? Não foi o presidenciável tucano que se aliou os generais de pijama do Clube Militar e aos fascistas do Opus Dei e da TFP? Quem é que odeia conviver com a democracia].

“Enxergam na Venezuela, no Equador e, mais recentemente, na Argentina exemplos para serem seguidos. Querem, como nestes três países, amordaçar os meios de comunicação e impor a ferro e fogo seu domínio sobre a sociedade. Mesmo com todo o poder de Estado, nunca conseguiram vencer, no primeiro turno, uma eleição presidencial”.

[Com sua mente colonizada, Villa prefere seguir os EUA e a Europa, com suas guerras expansionistas, seus campos de tortura e seus governos de banqueiros. Mesmo assim, vale lembrar ao nobre historiador que nos EUA e nos países europeus existem regras para os meios de comunicação. Quanto a vencer no primeiro turno, Villa ainda hoje não engoliu a terceira vitória de Lula].

“O panfleto de Amaury Ribeiro Junior é apenas um produto da máquina petista de triturar reputações. Foi produzido nos esgotos do Palácio do Planalto. E foi publicado, neste momento, justamente com a intenção de desviar a atenção nacional dos sucessivos escândalos de corrupção do governo federal... Sob o pretexto de criticar as privatizações, focou o seu panfleto em José Serra”.

[Sobre esgoto e máquinas de triturar reputações, Villa deve conhecer bem como funcionam as coisas no ninho tucano. Ninguém se entende. As bicadas são sangrentas e o jogo é sujo. Já no que se refere aos “escândalos” no governo Dilma, se vingar a CPI da privataria, o historiador terá volumoso material para escrever um livro sobre a maior roubalheira da história do Brasil?].

“O panfleto deveria ser ignorado. Porém, o Ministério da Verdade petista, digno de George Orwell, construiu um verdadeiro rolo compressor. Criou a farsa do livro invisível, isto quando recebeu ampla cobertura televisiva da rede onde o jornalista dá expediente. Junto às centenas de vozes de aluguel, Ribeiro quis transformar o texto difamatório em denúncia. Fracassou. O panfleto não para em pé e logo cairá no esquecimento”.

[Villa poderia aproveitar a sua boquinha na GloboNews para solicitar a famiglia Marinho que se fale algo sobre o livro. O silêncio da maior parte da mídia é vergonhoso e o historiador ainda tem a caradura de mencionar a “ampla cobertura”. Quanto ao fracasso do autor, não é o que afirmam as principais livrarias do país. Villa garante o livro “logo cairá no esquecimento. Certeza ou medo?].

“O PT não vai deixar o poder tão facilmente, como alguns ingênuos imaginam. Usará de todos os instrumentos de intimidação contra seus adversários, mesmo aqueles que hoje silenciam, acreditando que estão ‘pela covardia’ protegidos da fúria fascista... O panfleto é somente uma pequena peça da estrutura fascista do petismo”.

[O último parágrafo do artigo é quase uma bronca na oposição demotucana, uma orientação política. Villa exige que ela seja mais ativa e incisiva contra o “fascismo petista”. O historiador está preocupado, estressado. Precisa urgentemente de férias. Poderia pedir a Verônica Serra e ao seu marido Preciado para passar alguns dias na mansão em Trancoso, no belo litoral baiano].



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