Segunda várias pesquisas, a presidenta tem mais de 50% dos votos válidos, 40 pontos à frente do segundo colocado (Foto: ©Enrique Marcarian/Reuters) |
Ricardo Rouvier, analista de opinião pública, dá como certa a reeleição da presidenta. “Desde outubro do ano passado, após a morte de Néstor Kirchner, que se desenha um triunfo amplo”, afirma em conversa telefônica. Não que a morte do ex-presidente explique a possibilidade de chegar a 55% dos votos válidos, mas, para Rouvier, foi o momento em que se consolidou a virada de rumos do kirchnerismo, quando Cristina conseguiu uma aproximação emotiva com o povo argentino. “Obviamente se sente a ausência de Néstor Kirchner, mas isso também permite que a presidenta faça sua condução de forma mais ampla, sem compartilhar com ninguém.”
Segundo várias pesquisas, Cristina tem, com segurança, mais de 50% dos votos válidos, e pode passar dos 55%. O segundo colocado no momento é Hermes Binner, governador de Santa Fé, a longínquos 40 pontos de distância. Atrás estão Alberto Rodriguez Saá e Ricardo Alfonsín.O bom manejo da economia vem rendendo frutos ao atual governo. Tanto que Amado Boudou, o ministro de Economia, é o vice-presidente na chapa presidencial, e um fator de aproximação com os mais jovens. A visão de que a Argentina não se viu afetada por uma conjuntura internacional extremamente negativa, e, pelo contrário, segue criando empregos e garantindo reajuste salarial acima da inflação, dá confiança à população.
Cristina faz discursos, dentro e fora da Argentina, indicando quais os caminhos que devem ser seguidos por Estados Unidos e União Europeia para reverter o quadro de baixo crescimento econômico e alto desemprego.
Os avanços acumulados por oito anos no campo social também figuram entre os quesitos que estão fazendo a diferença a favor da continuidade. “Há a visão de uma grande gestão, há uma boa comunicação das realizações, há grande confiança na presidenta”, afirma Rouvier.
O aumento dos programas sociais, a redução da pobreza em meio a uma nação abalada pela herança da quebra de 2001-2002, o enfrentamento dos oligopólios do setor de comunicação e o julgamento dos militares e dos civis envolvidos em mortes e torturas durante a última ditadura militar (1976-83) deram ao kirchnerismo um saldo positivo.
A ponto de reverter um período que parecia fadado a encerrar-se ao fim deste ano. Uma crise iniciada durante uma votação no Congresso em março de 2008 arrastou-se até o fim do ano seguinte. Os desentendimentos entre o governo e o setor rural levaram a um forte desgaste e aos piores níveis de aprovação de Cristina, com direito a uma derrota nas eleições legislativas de junho de 2009.
“A saída foi passar a uma ofensiva, e uma ofensiva que surpreendeu a todos. Aos analistas, à oposição, a todos. Isso rendeu muitos resultados ao oficialismo. A oposição não pôde reagir, não pôde criar alternativas, e a população voltou a ver o oficialismo como única alternativa de governo”, aponta o analista.
A oposição se encontra sem projetos na atual corrida eleitoral, e incapaz de oferecer um projeto que se mostre melhor que o kirchnerismo. A União Cívica Radical (UCR), historicamente uma das principais forças partidárias do país, pode amargar apenas a terceira posição, e talvez até mesmo a quarta, em torno de 10% dos votos válidos. Ricardo Alfonsín, filho do ex-presidente Raúl Alfonsín, perdeu espaço para Binner, do Partido Socialista, que parece ter condições de ficar com o segundo ponto e sonhar com uma nova candidatura em 2015.
Por fim, o ex-presidente Eduardo Duhalde e Elisa Carrió, líder da Coalizão Cívica, de direita, devem ficar com os últimos lugares, o que lhes rende o indicativo do fim da carreira a nível nacional e a mensagem de que a geração associada às velhas políticas acabou.
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