quinta-feira, 24 de maio de 2012

O jornalismo não está acima da lei nem pode pisotear ninguém


O Provocador

Quando se discute liberdade de imprensa no Brasil, os sinais costumam chegar truncados. Às vezes por ingenuidade, normalmente por má-fé, quem defende esse princípio universal de forma absoluta e radical costuma ser instrumento de uma manipulação que só convém ao pior tipo de interesse.

Os usurpadores da democracia são canalhas da pior natureza. Historicamente, se bandeiam para o lado da opressão ao menor sinal de fraqueza dos que verdadeiramente defende valores como justiça, igualdade e tolerância. São predadores da civilização.

Não estou falando apenas dos policarpos e comunicadores com algum lastro de cultura. Esses são os profissionais que, a peso de ouro, conspurcam a República e se aliam aos poderosos mais inescrupulosos. Também há o baixo clero, o esgoto, a excrescência, os que praticam os abusos mais indecorosos, a troco de nada, sem nenhum requinte , a não ser o de crueldade.

Se tiver estômago, assista a esse vídeo, de uma concessionária da Band na Bahia, em que uma suposta repórter chega ao mais baixo nível da comunicação. Parece que ela está fazendo teste para entrar no CQC. Caso não soubesse se expressar por meio de palavras, característica a princípio humana, seria o mais acabado exemplo de animal selvagem e ilógico. Desumano.

Antes de mais nada: não estamos aqui para defender bandido. O desgraçado da "reportagem" assume seus crimes e nem protesta quando, de passagem, narra ter sofrido prováveis agressões físicas. Só insiste com veemência que umas das acusações não procede, a de estupro. Tudo isso, a veracidade ou não do discurso do marginal, é irrelevante diante da postura da pretensa entrevistadora.


Nem vale a pena perder tempo com ponderações. Essa moça, Mirella Cunha, é o que, além de ridícula? Meu repertório de adjetivos infames é vasto, mas insuficiente para descrever o asco que ela me despertou. Que Constituição se prestaria a garantir o direito de alguém, sádica e bestialmente, humilhar, constranger e tripudiar? Para depois julgar de forma sumária? Nenhuma Carta Magna permite esse arbítrio, muito menos a nossa. Isso não é liberdade de imprensa. É abuso, sociopatia, desvio moral, a indecência que vocês imaginarem. Tudo, menos jornalismo.

Essa moça que aparece segurando um microfone merece ser processada. Ela é uma esculhambação, uma meliante indigna dessa e muitas outras profissões. A que ponto chegamos?  Mais do que a Justiça, a própria imprensa não pode dar cobertura à existência desse tipo de profissional.

Cabe uma precaução: a censura prévia é impensável, destruiria os pilares do jornalismo. Mas, a partir do momento que algo foi publicado, cada veículo deve se responsabilizar pelas consequências do que divulgou. Se houve erro, assuma. Se houve crime, que pague por ele.

Ninguém, nem nada, pode estar acima da lei. Nem mafiosos nem garotas de programa (jornalístico, no caso).

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