Por Ricardo Kotscho no Balaio do Kotscho
Os jornalões esconderam ou omitiram um dado importante da pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira, a primeira com o nome de todos os candidatos na corrida eleitoral em São Paulo: o tucano José Serra mantém a liderança, com 31%, mas a sua rejeição, com 35% dos eleitores declarando que não votariam nele de jeito nenhum, é maior do que o índice de intenção de votos.
Para quem já foi prefeito, governador e duas vezes candidato a presidente da República, é um índice muito alto, que deve preocupar os coordenadores da campanha do tucano.
Na pesquisa anterior do Ibope, feita no final do ano passado e só divulgada no começo de 2012, nem constava o nome do candidato Celso Russomanno, do PRB, que surge em segundo lugar, com 16%, e se as eleições fossem hoje iria com José Serra para o segundo turno.
Assim como Serra se mantém na liderança em todas as pesquisas desde que se lançou oficialmente para disputar a sucessão de Gilberto Kassab, Fernando Haddad, o candidato do PT indicado por Lula, não consegue deixar a lanterna nas pesquisas.
Com os mesmos 3% no Ibope, o petista aparece em último lugar entre os nomes dos principais partidos. Por isso mesmo, ainda não conseguiu fechar nenhuma aliança para as eleições.
A pesquisa revela, na verdade, que a campanha eleitoral em São Paulo continua congelada, ou melhor, ainda nem começou. Os números quase não variam nas pesquisas de diferentes institutos, mantendo numa linha intermediária os candidatos Netinho de Paula (PCdoB), com 8%; Soninha Francine (PPS), 7%; Gabriel Chalita (PMDB), 6%; Paulinho da Força (PDT), 5%. Há ainda mais dois ou três figurantes.
É nessa lista de candidatos embolados abaixo dos 10% que se trava neste momento a luta por alianças, se possível com a indicação de vices, que possam aumentar o tempo de televisão dos principais partidos.
Também neste campo, Serra leva vantagem: fechado com o PSD de Kassab desde o início da corrida, o tucano está se acertando com o DEM, seu antigo parceiro eleitoral, e deve receber neste final de semana o apoio do PV.
Mas o apoio do partido do prefeito, uma dissidência do DEM, que ainda não conseguiu garantir tempo de televisão e participação no fundo partidário (a decisão do TSE deve sair ainda hoje), pode na verdade representar um fardo: na mesma pesquisa, apenas 22% aprovam a sua administração, enquanto 39% a consideram ruim ou péssima.
Quem imagina que este quadro possa ser radicalmente mudado quando o ex-presidente Lula for liberado pelos médicos para participar da campanha, precisa se lembrar que este ano teremos uma eleição atípica, que disputa a atenção do eleitor com outros fatos políticos dominantes no noticiário.
Afinal, faltam menos de cinco meses para a abertura das urnas eletrônicas. Com a CPI do Cachoeira e o julgamento do mensalão, que ainda agitarão Brasília por um bom tempo, sem falar na Olimpíada, que só acaba em agosto, restará pouco tempo para mudanças dramáticas no atual cenário revelado pelas pesquisas.
O comando da campanha de Serra já anunciou ontem que o candidato só começará a fazer visitas à periferia em agosto, depois que começar o horário de propaganda gratuita no rádio e na televisão. No sentido inverso, Haddad começou semana passada uma investida na classe média da região mais central da cidade, normalmente avessa ao PT, com o apoio de alguns intelectuais ex-tucanos.
O fato é que este ano teremos uma campanha muito curta e as pesquisas também só devem se mexer a pertir de agosto, quando começarem os programas na televisão.
O mesmo quadro se repete no Rio. Nos três dias que passei na cidade para fazer uma série de entrevistas com os principais candidatos, cuja publicação foi encerrada ontem aqui no R7, também não encontrei sinais de campanha nem pessoas interessadas em falar da eleição municipal marcada para o dia 7 de outubro.
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