Por Josias de Souza, no seu Blog
Perto de fechar um acordo com o ex-inimigo Gilberto Kassab (PSD), o PT de São Paulo tem dificuldades para convencer ‘aliados’ tradicionais a aderirem à candidatura de Fernando Haddad à prefeitura paulistana. Deve-se uma parte dos entraves a um inimigo oculto: Geraldo Alckmin.
No esforço para reduzir as dimensões do palanque e da vitrine televisiva de Haddad, o governador tucano de São Paulo achega-se a legendas que, em Brasília, integram o condomínio governista. Manobra duas máquinas: as engrenagens do PSDB e a estrutura do governo do Estado.
Num primeiro lance, Alckmin já havia amarrado o apoio do PP ao entregar a um apadrinhado de Paulo Maluf a presidência da estatal CDHU (Cia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). Agora, move-se para segurar outras duas legendas que dão suporte congressual à gestão Dilma Rousseff: PSB e PDT.
Amigo de Lula e aliado de Kassab no plano federal, o governador de Pernambuco Eduardo Campos, presidente do PSB, fez um pedido a Alckmin. Rogou-lhe que retirasse o PSDB do páreo na disputa pelas prefeituras de dois estratégicos municípios do interior de São Paulo: Campinas e São José do Rio Preto.
A primeira demanda já foi atendida. Em Campinas, atropelando a vontade dos partidários locais, Alckmin operou para que o PSDB declarasse apoio à candidatura do deputado federal Jonas Donizette, do PSB de Eduardo. O tucanato terá de contentar-se com a indicação do candidato a vice.
Em Rio Preto, cidade do senador Aloysio Nunes, amigo de José Serra, Alckmin age para manter o PSDB ao lado de Valdomiro Lopes, também do PSB. Eleito em 2008 com o apoio do tucanato, Valdomiro vai tentar a reeleição em 2012. Aloysio defende o lançamento de um candidato tucano. Alckmin dá de ombros.
Está subentendido que os gestos de Alckmin no interior resultarão em contrapartida do PSB na capital. Em vez de associar-se à caravana petista de Haddad, a legenda de Eduardo Campos tende a embarcar no projeto do governador tucano. Reforça essa expectativa a presença do deputado federal Márcio França, presidente do PSB-SP, no comando da Secretaria de Turismo da gestão Alckmin.
Quanto ao PDT, Alckmin está na bica de entregar à legenda o controle da Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho. Uma pasta que, hoje, é chefiada por David Zaia, do PPS. Deve ganhar a poltrona o pedetê Sérgio Leite, primeiro-secretário da Força Sindical. Preside a entidade e o PDT-SP o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força.
O avanço de Alckmin sobre o quintal do petismo contrasta com a dificuldade do governador de dar uma cara ao seu próprio projeto. Na capital de São Paulo, a maior e mais rica cidade do país, Alckmin divide-se em duas frentes. Numa reza para que José Serra aceite virar candidato a prefeito.
Noutra, aguarda pela realização da eleição prévia marcada para 4 de março. Uma disputa em que medirão forças quatro pré-candidatos tucanos bem próximos do piso das pesquisas e muito distantes de virar alternativas eleitorais empolgantes: Andrea Matarazzo, José Aníbal, Bruno Covas e Ricardo Trípoli.
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