terça-feira, 30 de novembro de 2010

TV - Decepssione

Segredo de Gerson: uma decepção


Qual era mesmo o segredo de Gerson? O espectador de “Passione” que esperou meses pela revelação desligou a televisão anteontem embatucado. Afinal, Carlos Zéfiro já é História há muito tempo. Qualquer adolescente hoje movido por seus hormônios e um pouco de curiosidade busca — e acha sem dificuldade — na internet de um prosaico papai-mamãe a qualquer bizarrice.

Pelas reações de Diana (Carolina Dieckmann) e Saulo (Werner Schunemann), que souberam antes do espectador o que tanto fazia o corredor de stock car na frente do computador, imaginava-se algo tonitruante. Nas redes sociais havia bolsas de apostas: necrofilia, escatologia, prazer em assistir a assassinatos na web, algo que, dizem, existe em sites mexicanos (tem ou não algo novelesco nisso?).

As frases ditas pelo personagem no consultório de Flávio Gikovate na sessão da revelação também foram banais: “Entrei em todos os sites de sexo”; “Fui colecionando cenas escabrosas. Quanto mais sujo, quanto mais pavoroso, mais me dá prazer”; “Não quero mais ser assim”. O tal segredo é,  resumindo, uma espécie de voyeurismo com um drive para “coisas sujas”. Um genérico de segredo, sem uma idiossincrasia ou até um pé na criminalidade que fizesse do personagem alguém realmente problemático. 

Apoiar uma das principais tramas em torno deste mistério na ausência de uma carta verdadeira na manga foi uma derrapada do autor, que vem mostrando muito mais habilidade ao construir uma história em que as conexões familiares são resultado de teias estranhas e improváveis. Os segredos de Gerson imaginados pelo público eram muito melhores. Como sentenciou Gikovate no fim da admissão: o que seu paciente
sente não tem nada de mais.

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