por Franco Ahmad
Transcrevo abaixo o texto de Elói Pietá no jornal de circulação na cidade de Guarulhos, Diário de Guarulhos.
Medalha de Ouro para Veja
“A revista “veja”, em sua última edição, dá de si a mesma medalha de ouro no pódio da luta contra a corrupção. Quem é esta pura e generosa revista? É a fase mais revista mais visível do grupo empresarial de comunicação Abril S/A, hoje dirigida por conhecido banqueiro, ex-presidente do Conselho do Santander e presidente do Conselho da Federação Brasileira de Bancos. Ao folhear suas páginas constata-se que nela comparecem como anunciantes a cúpula do alto capital empresarial, os grandes bancos, as grandes montadoras de veículos. Ela já teve mais publicidade governamental. Mas depois que o governo Lula resolveu dividir entre oito mil órgãos de comunicação por todo país a verba que ia apenas cinco grandes grupos, esta fonte de recursos diminui.”
V de Vingança
“O que pensa esta revista sobre o Brasil? Ela diz que somos um país de instituições frágeis. Ela prega a vingança contra os corruptos e cita como exemplo o filme “V de Vingança”, onde o personagem manda pelo ares o Parlamento Inglês. Embora não aconselhe isso, dá pra ver que ela não promove a simpatia pelos símbolos da democracia. Temos exemplos de instituições não frágeis na história brasileira: a ditadura de Vargas, que promulgou uma constituição sem constituintes nem parlamento em 1937 e pôs sua polícia política contra quem contrariasse o governo; a ditadura militar que fechou o congresso, promulgou o AI-5 em 1968, sufocou e cassou com mão de ferroas oposições.”
Interesse das Elites
“A revista quer menos presença estatal na economia, mais livre iniciativa. É uma aparente contradição com preconizado Estado de instituições fortes. Apenas aparente, pois o velho liberalismo nunca negou ao Estado sua tarefa militar, e a tarefa repressora dos movimentos sociais e políticos que lhe são adversos.
O alto empresariado e o sistema financeiro privado pregam a redução do papel do estado na economia, preferem o reino livre das grandes corporações privadas. Estas já predominam no mundo, mas querem sempre mais. Estas corporações são a principal razão da crise que se arrasta hoje nos países ricos e ameaça o mundo, são elas que praticam a corrupção sofisticadas que causa guerras como a do Iraque e do Afeganistão, elas que exigem dos estados nacionais injetar trilhões de dólares em proveito delas.
A revista quer também menos tributos e menos ação social do Estado. Publica o disparate de que 120 milhões de que brasileiros vivem exclusivamente dos benefícios pagos pela união, estados e municípios, o que não é verdade. Nem quanto ao número, muito menos quanto ao exclusivamente.
Não há inocência na campanha da grande mídia contra corrupção. Há o uso de problemas reais da democracia, para fortalecera defesa de gordos interesses da elites ricas.”
Elói Pietá, ex-prefeito de Guarulhos, secretário-geral Nacional do PT e vice-presidente da Fundação Perseu Abramo
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